segunda-feira, 31 de maio de 2010

Brasil cansou de ser "segunda classe", diz Lula sobre Irã


Um dia antes de o chanceler Celso Amorim falar ao Senado sobre o acordo Brasil, Irã e Turquia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar o tema e disse que o "o Brasil cansou de ser tratado como segunda classe" e que "para fazer política internacional, é necessário respeito mútuo nas relações".

Falando no 10º Challenge Bibendum, evento que discute temas relacionados a mobilidade sustentável, no Rio de Janeiro, Lula mostrou-se crítico ao posicionamento das potências ocidentais, sobretudo os Estados Unidos, que têm criticado o acordo assinado em Teerã.

"Pega essa coisa do Irã. A divergência do Irã com os EUA perdurava por 31 anos. Qual foi o mal que o Brasil e a Turquia fizeram? Foi o de convencer o presidente do Irã a se sentar para negociar. Que era o que eles queriam que acontecesse. Quando o Irã topa sentar, eles falam que não vale mais. Não é possível fazer política internacional se não for com respeito mútuo nas relações", comentou.

Lula disse ainda que o famoso slogan usado pelo presidente americano Barack Obama nas eleições, "yes we can" [nós podemos, em inglês], cabe bem aos brasileiros. "O discurso de Obama, nós podemos, não é para eles, é para nós. O Brasil cansou de ser tratado como segunda classe". ]

Mais cedo, a imprensa iraniana noticiou que Lula teria telefonado ao presidente do Irã, indicando que pretende buscar apoio de líderes mundiais para dar força ao acordo.

Lula vai conversar com os colegas francês, russo e chinês para obter o apoio deles ao acordo tripartite Irã-Turquia-Brasil sobre a troca de urânio, anunciou a Presidência iraniana.

"Para obter o apoio de outros países à declaração (de Teerã), vou prosseguir meus contatos com os líderes", declarou Lula durante uma conversa telefônica com o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, de acordo com um comunicado do governo de Teerã.

"Esta semana terei contato com (o presidente francês Nicolas) Sarkozy, (o presidente russo Dmitri) Medvedev e o presidente chinês (Hu Jintao)", completou Lula.

O acordo de 17 de maio, assinado por Irã, Turquia e Brasil, prevê a troca na Turquia de 1.200 quilos de urânio iraniano levemente enriquecido (a 3,5%) por 120 quilos de combustível enriquecido a 20%, fornecidos pelas grandes potências, para o reator de pesquisa científica de Teerã.

Discussões

Turquia e Brasil, atualmente membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), estão em um confronto cada vez mais aberto com o governo dos Estados Unidos, que criticou o acordo tripartite.

Um dia após a assinatura do acordo de Teerã, os Estados Unidos apresentaram um projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU para reforçar as sanções contra o Irã.

Washington considera que o acordo de Teerã não é suficiente para acabar com os temores de que a República Islâmica possa fabricar a bomba atômica.

O governo americano anunciou que os membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido) apoiam o projeto de resolução.

Ahmadinejad elogiou Lula pela "posição corajosa" sobre o acordo de Teerã.

O presidente iraniano completou que uma "situação favorável" foi criada com o acordo de Teerã. Além disso, afirmou que Irã e Brasil seguirão "até o fim por este caminho".

Fonte: Folha
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