quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Rússia alinha posição com França e EUA contra programa nuclear do Irã


A Rússia deu ontem o mais significativo sinal de que apoia a pressão por novas sanções contra o Irã, ao assinar com EUA e França uma carta que qualifica o avanço nuclear iraniano de totalmente injustificado. Endereçado à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o documento vazou à imprensa e foi prontamente rebatido pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad. Países que impuserem sanções ao Irã sofrerão retaliações e se arrependerão, prometeu o iraniano.

A revelação da carta ocorreu no mesmo dia em que Ahmadinejad anunciou que centrífugas mais eficientes serão instaladas em Natanz, a maior usina nuclear iraniana. O novo equipamento seria capaz de enriquecer urânio cinco vezes mais rapidamente.

Após revelar a informação sobre as novas centrífugas, Ahmadinejad mandou um recado aos que defendem ampliar, na ONU, o cerco ao Irã: Sanções não nos prejudicarão disse. O Irã retaliará, é claro. Se alguém agir contra os interesses iranianos, nossa resposta será forte o suficiente para fazer ele se arrepender", completou.

A pressão internacional contra Teerã aumentou no início do mês, depois que o Irã recusou uma oferta para trocar urânio por combustível nuclear. Em seguida, Ahmadinejad anunciou que enriqueceria urânio a 20% - o suficiente para uso médico - sem apoio externo e, na semana passada, chegou a afirmar que o Irã poderia alcançar 80% de enriquecimento. Para uma bomba nuclear, é preciso que o processamento do urânio fique entre 90% e 95%.

A carta dos EUA, França e Rússia à AIEA traz uma lista de pontos que dão garantias do compromisso comum para levar adiante o acordo de troca de urânio por combustível nuclear com Teerã. De acordo com o documento, a AIEA teria a custódia do material nuclear iraniano durante a troca.

Washington, Paris e Moscou ainda forneceriam apoio técnico a funcionários da agência da ONU para que auxiliem o Irã a produzir isótopos usados em tratamentos oncológicos.

Em visita oficial a Teerã, o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, tentou impedir que o acordo entre Irã e a AIEA fracasse de vez. Viemos trazer algumas ideias para destravar o impasse, disse Burak Ozugergin, porta-voz da diplomacia de Ancara.

TROCA DE FARPAS

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, defendeu ontem na Arábia Saudita novas sanções contra a Guarda Revolucionária do Irã, braço armado do regime dos aiatolás. Hillary teria viajado ao reino árabe para assegurar que sauditas pressionem a China a mudar de posição e apoiar sanções a Teerã. Riad é o principal fornecedor de petróleo a Pequim.

Na segunda-feira, Hillary havia afirmado que o aumento da influência política da Guarda Revolucionária está transformando o Irã numa ditadura militar. Ontem o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, rebateu a acusação e disse que os EUA é que são uma ditadura "desde a Guerra do Vietnã".

Diante de alunas de um colégio saudita, Hillary disse que um Irã nuclear pode desatar uma corrida armamentista na região. Você se pergunta, por que eles estão fazendo isso? As provas não mostram que o Irã tem intenções pacíficas, como eles afirmam", concluiu.

Fonte: Estadão
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