domingo, 20 de dezembro de 2009

A polêmica da energia nuclear


A opinião pública mundial tomou conhecimento do poder da energia nuclear de modo chocante e num contexto catastrófico, quando, em 6 de agosto de 1945, já encerrada a guerra na Europa com a vitória dos aliados contra as tropas nazistas alemãs, os Estados Unidos jogaram a primeira bomba atômica do mundo sobre a cidade japonesa de Hiroshima, destruindo-a e matando mais de 100 mil pessoas. Desde então, apesar da longa Guerra Fria, o homem não fez mais uso dessa energia para fins bélicos, com exceção da segunda dose estadunidense aplicada na cidade de Nagasaki seis dias após aquele primeiro ataque .Não obstante, a energia nuclear tem sido largamente aproveitada em todo o mundo com objetivos pacíficos, para a geração de eletricidade.

Desde os anos 50 do século passado, o Brasil buscou acesso à tecnologia da nova fonte de energia, sendo, no entanto, barrado pelos EUA, tendo porém conseguido acesso a ela por esforço próprio, sendo hoje um enriquecedor de urânio, combustível para essa fonte de energia. Durante o regime ditatorial implantado pelos militares em 1964, houve uma fugaz intenção de fabricar um artefato nuclear bélico. Desde os anos 70, o Brasil iniciou a construção de usinas geradoras de energia de fonte nuclear, em Angra dos Reis (RJ). Na busca de autonomia e para evitar a obrigação de inspeção internacional, recusou-se por décadas a assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas nucleares, mesmo durante o regime militar, muito ligado aos EUA. Até o governo de Fernando Henrique Cardoso, que cedeu à exigência americana.

Após um período de menor atenção, a atual política energética brasileira está voltando a prestigiar a fonte de energia nuclear. A Eletronuclear, empresa pública que controla as usinas de Angra, está pré-selecionando 20 localidades para receber centrais nucleares com capacidade para a produção de mil megawatts cada, e em cada qual seriam investidos em torno de US$ 4 bilhões. Prevê-se que a decisão será política e estão na disputa pela central nordestina os Estados de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Entusiastas da energia nuclear, ambientalistas e técnicos estão envolvidos em polêmica sobre o recurso brasileiro a essa fonte de produção de eletricidade.

É fato que países mais desenvolvidos, como França e EUA entre outros, cessaram investimentos nessa área após os desastres com radiação ocorridos em Three Mile Island (EUA) e Chernobyl (Ucrânia). Países como a Dinamarca, onde acaba de realizar-se a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-15), estão investindo pesadamente em fontes alternativas, sobretudo a eólica. Diante do perigo de acontecer radiação nuclear, que não pode ser descartado, o Brasil deveria aprofundar seus investimentos energéticos na tradicional fonte hidrelétrica e em fontes consideradas limpas, cujo potencial é imenso no país, tipo energias provenientes dos ventos, do sol, das marés, da biomassa.

Ambos os lados envolvidos nessa polêmica têm suas razões. Daí acharmos que o governo deveria discutir mais com a sociedade o assunto e tirar suas conclusões. Infelizmente, nossos governantes mudam facilmente de rumo, abandonando projetos que dão certo e correndo atrás de novidades. O Proálcool foi praticamente abandonado nos anos 80, apesar de estar dando muito certo, para ser retomado depois com novos custos, desnecessários se tivesse havido continuidade. O biodiesel e o etanol parecem estar esquecidos pelas autoridades depois que se delineou o imenso potencial das descobertas de petróleo no pré-sal.

O maior problema de uma usina nuclear continua sendo o destino do lixo. O resíduo nuclear pode ser reprocessado e isso já é feito em países como França, Grã-Bretanha e Japão. As usinas de Angra ainda fazem o armazenamento em piscinas e tonéis. Não se pode deixar de considerar o impacto econômico de um investimento de US$ 4 bilhões num Estado. A receita anual de um empreendimento como o programado é de cerca de R$ 1 bilhão, o que significa aumento na arrecadação de impostos, geração de empregos diretos e indiretos.

Fonte: NOTIMP
Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger