segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Blair voltaria a apoiar invasão do Iraque: 'Saddam tinha que ser afastado'


Semanas antes de ser ouvido num inquérito sobre a posição do governo na invasão do Iraque, Tony Blair resolveu apresentar uma nova versão para justificar a guerra. Afinal, disse o antigo primeiro ministro, mesmo que soubesse que não existiam armas de destruição masiva no Iraque, "mesmo assim teria considerado correto derrubar (Saddam). Obviamente, (se a situação tivesse sido diferente) teríamos que buscar outros argumentos sobre a natureza da ameaça", declarou.", acrescentou Blair.

"Realmente não consigo acreditar que poderíamos estar melhor com ele (Saddam) e seus dois filhos no comando", disse Blair. "Compreendo o povo que estava contra, por razões perfeitamente boas, e que ainda estão contra, mas, para mim, no final, tive que tomar a decisão", afirma.

O ex-chefe do Governo do Reino Unido, substituído em 2007 por Gordon Brown, disse ser consciente de que muitas famílias de militares o culpam pela morte de entes queridos, em um conflito que consideram ilegítimo. "Essa é a responsabilidade que tenho. Não faz sentido ir a uma situação de conflito sem entender que será pago um preço", ressaltou.

É sabido que Tony Blair sempre defendeu a mudança do regime iraquiano pela força e não escondeu essa vontade junto dos Estados Unidos. O inquérito em curso recolheu informações de que onze meses antes da invasão, Blair garantira a Bush - num encontro no seu rancho do Texas - a participação das tropas britânicas na operação militar, caso as medidas aprovadas na ONU não fossem aplicadas.

Este apoio incondicional manteve-se, mesmo depois do Procurador Geral Lord Goldsmith ter avisado o primeiro-ministro que "o desejo de uma mudança de regime não constitui uma base legal para uma intervenção armada".

As supostas provas de fabrico de armas de destruição massiva foram divulgadas pelo governo a partir de relatórios dos serviços secretos ingleses, e completamente desacreditadas após terem servido de argumento central para a invasão e destruição do Iraque.

Blair chegou a pedir desculpas pelo "engano" no ano seguinte, mas agora vem dizer que o argumento das armas nem era necessário para envolver as tropas do seu país e que poderia ter encontrado outras razões para justificar a guerra.

Numa primeira reação à entrevista na BBC, Menzies Campbell, que liderava a bancada liberal-democrata na altura, disse que Blair nunca teria obtido apoio do parlamento para a guerra se tivesse explicado a situação como o fez agora. "Não tenho a mínima dúvida de que se Blair tivesse dito ao seu executivo o que disse agora, ele teria dificuldades em mantê-los. Perderia de certeza Robin Cook e provavelmente Clare Short".

Já a activista Carol Turner, do Stop the War Coalition, achou as declarações de Blair "extraordinárias". "Não se trata de aplaudir a sua honestidade de agora, mas sim de condenar a sua falta de honestidade e integridade naquela altura", disse a ativista que considera uma "arrogância" o ex-primeiro ministro achar que a opinião pública "que foi esmagadoramente contra a guerra quando ela começou, venha agora aceitar que está tudo bem por ele ter adaptado os argumentos conforme lhe dava jeito naquela circunstância".

Fonte: Portal Vermelho
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