domingo, 26 de agosto de 2018

Embarcamos no PHM "Atlântico"


Nossa jornada começou dia 23 de agosto, estava muito ansioso por conhecer o novo capitânia da Marinha do Brasil, eu estava em Cabo Frio e segui conforme o combinado com a equipe do CCSM para o hotel de trânsito em Arraial do Cabo, onde me encontraria com Cap.Ten Fabrício e os demais colegas da imprensa. 

Eram cerca de 15hrs quando cheguei ao local, fiz meu check-in e fui ao meu quarto deixar minha bagagem, iria pernoitar ali e nas primeiras horas da manhã seguinte embarcaria rumo ao tão esperado encontro com o PHM "Atlântico". Naquela noite eu dividiria o quarto e a ansiedade com outros três amigos, Anderson Gabino do Orbis Defense, Ricardo Padovese da Revista Asas e o fotografo Marcelo Régua da Agência Globo. No quarto ao lado estavam outros companheiros de longa data, Roberto Caiafa da Revista T&D, Wiltgen e Padilha do DAN. 

A noite resolvemos ir à uma pizzaria, onde pudemos conhecer melhor nossos colegas de trabalho e interagir, algo que com certeza foi de grande valia para o pessoal da grande mídia, os quais possuem pouco conhecimento sobre o campo de defesa, sendo uma oportunidade muito boa para que eles conhecessem um pouco mais do nosso "mundo" de defesa. 

Antes de voltar aos nossos quartos, encontramos no saguão do hotel com nosso amigo C.Alte Valicente, responsável pelo CCSM, o qual nos apresentou de forma resumida qual seria a programação, as orientações e sugeriu algumas pautas interessantes, depois desse breve encontro, era hora de organizar todo equipamento e descansar.

Logo nas primeiras horas da manhã já pulei da cama e cumpri os ritos diários, eram 4hrs, lá fora ainda estava escuro, e o clima era de expectativa para o nosso primeiro embarque no "Atlântico", conforme o combinado na noite anterior, estávamos pontualmente no saguão do hotel na hora combinado, lá encontramos nosso oficial de ligação, Cap.Ten Fabrício, e outros jornalistas, representantes do canal Bandeirantes e Rede Record. Após embarcar na viatura que nos conduziria  até o Porto do Forno em Arraial do Cabo, meu pensamento se voltava para aquela missão, em cumprir minha responsabilidade de noticiar a chegada deste importante meio e relatar da forma mais detalhada possível os ganhos que sua aquisição representa ao Brasil. O clima dentro daquela van era bastante descontraído, todos conversávamos e não podia faltar as típicas brincadeiras que ocorriam nos encontros entre nós profissionais da mídia especializada em defesa.

Chegamos ao cais, onde na sequência também desembarcaram noventa fuzileiros navais, os quais embarcariam no PHM "Atlântico". O clima entre os colegas da imprensa era muito bom, estávamos nitidamente ansiosos, porém, houve uma alteração na programação, o embarque fora atrasado em uma hora, o sol começava a dar o ar de sua graça, aproveitamos para fazer a primeira refeição matinal, ao retornar ao cais, eis que estava em nosso aguardo uma das quatro embarcações orgânicas LCVP MK5 do "Atlântico".

O embarque ocorreu tranquilamente, recebemos algumas orientações após colocar o equipamento de segurança e finalmente seguimos em direção ao tão aguardado encontro, as águas estavam um pouco agitadas, quando deixamos a área abrigada e ganhamos o mar sentimos um pouco da "emoção" que proporciona o mar em nível 3. Foram poucos minutos até que o PHM "Atlântico" entrasse em nosso visual e nos içasse à bordo.

Caminhamos pelos corredores e a primeira impressão que tínhamos, era de estar a bordo de um navio literalmente novo, o estado de conservação chamava atenção, e eu permaneceria ali até a tarde do dia seguinte, quando o navio atracaria no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, sua nova "casa".

A rotina era bastante intensa, a tripulação se mostrava bastante ativa, no convoo seguiam as operações de pouso e decolagem, como nos Navios Aeródromos, haviam equipes identificadas por coletes de cores diferentes, cada qual responsável por uma atividade específica no convoo e hangar de aeronaves. 

No hangar recebemos algumas orientações de segurança e procedimentos, sendo recepcionados pelo imediato do navio, o CF Leonardo Vianna.

Deixamos nossas bagagens no camarote que nos foi indicado, na sequência um tour pelo navio, onde as impressões sobre o navio foram confirmadas, ele realmente é extremamente conservado, não aparenta ter vinte anos desde sua construção, os corredores muito bem sinalizados, o espaço para transito é muito bom, o ambiente é totalmente climatizado. 

O "Atlântico" se mostrou ser fonte de muitas pautas, eu teria muito trabalho para apresentar aos leitores do GBN News uma visão objetiva e profunda sobre o navio, onde eu decidi realizar uma série de matérias especiais sobre o navio, baseado em minha experiência neste período que estive embarcado no navio, o que é de suma importância para que se possa ter um pouco da dimensão que nos representa esse novo meio, e eu começa a entender o porque da paixão dos britânicos por aquele navio.

Esta é a primeira parte de uma série de matérias, onde vamos abordar cada experiência que tivemos em pouco mais de trinta e duas horas à bordo do novo capitânia da esquadra, onde irei relatar cada detalhe que conheci, as curiosidades, um pouco sobre a história do navio e o que o mesmo representa em termos de capacidade. Temos muito trabalho pela frente, vai ser uma grande desafio e responsabilidade compartilhar esse primeiro contato com o "Atlântico", produzimos um rico acervo fotográfico, vários vídeos e entrevistas.

Apesar de termos convivido pouco mais de trinta e duas horas com a tripulação, notamos que são profissionais extremamente capacitados, homens e mulheres dedicados e muito motivados. Foi inclusive a primeira vez que uma mulher integrou a equipe de recebimento de um navio da Marinha do Brasil, onde não apenas integra a tripulação, mas comanda o departamento de saúde do PHM "Atlântico",  a Capitão de Corveta Márcia Freitas, que poderá conhecer um pouco conosco. O comando do navio formado por um time muito capacitado, com CMG Giovane Corrêa comandando o navio e seu imediato CF Leonardo Vianna.

Falar da tripulação é algo muito difícil, pois seria muito injusto deixar um dos trezentos tripulantes de fora, então em vou resumir em poucos palavras, todos são profissionais muito dedicados as suas funções, apresentando um alto nível de conhecimento e domínio do navio.

O PHM "Atlântico" ainda vai receber alguns sistemas para complementar suas capacidades, tendo em vista a remoção de alguns destes pelos britânicos, sendo um dos pontos que serão atendidos nesta chegada ao Brasil. 

Quero parabenizar a equipe da Babcock International pelo excelente serviço realizado no navio, tendo sido a empresa responsável pela manutenção do navio desde sua entrada em operação com a Royal Navy, com um histórico de vinte anos de experiência no ex-HMS "Ocean", nosso atual PHM "Atlântico", onde realizou o último ciclo de manutenção do navio, o qual já era previsto antes da transferência do mesmo à Marinha do Brasil. Pelo que pude ver, fizeram um trabalho muito bom, com o navio apresentando estado de conservação que chama a atenção pela qualidade dos serviços realizados.

Quanto as operações aéreas, o navio representa um enorme ganho em poder de projeção, proporcionando a capacidade de operar sob quaisquer condições, a qualquer hora do dia ou da noite, onde em breve irá alcançar capacidade de operar Full IFR/IMC, condições que hoje não dispomos em nossa esquadra, que serão alcançadas após uma intensa campanha, conforme conferimos com pessoal do DAE do navio.

Durante nossa estadia realizamos um voo com o SH-16 "seahawk", onde cumprimos a "Missão Fotex", e apesar de não estar equipado adequadamente, consegui produzir algumas imagens e um vídeo aéreo do "Atlântico" os quais você irá conferir em breve.

Acompanhamos a chegada do almirantado ao navio, o qual passou a ostentar a bandeira de capitânia da esquadra assim que desembarcou de um dos helicópteros que conduziu o Estado-Maior, o Alte Esq Leal Ferreira, Comandante da Marinha do Brasil

O pernoite foi tranquilo, as acomodações no camarote são muito boas, o sistema de climatização do navio é muito eficiente, a estabilidade do navio, o acesso as áreas de banho, tudo muito bem projetado. No amanhecer acompanhamos logo cedo o inicio das atividades no convoo.

Ainda naquela manhã o ministro da defesa Silva e Luna veio à bordo acompanhar o desfile naval, o qual concedeu uma coletiva de imprensa, ocasião na qual pude tirar uma foto com general.

Porém, o momento mais emocionante foi a atracação, não pela operação, mas pela carga emocional de presenciar o reencontro dos tripulantes e seus familiares. Cerca de mil pessoas aguardavam ansiosos pelo reencontro. Alguns tripulantes estavam há muitos meses longe de casa. Acho muito importante ressaltar esse lado do sacrifício que estes homens e mulheres fazem, deixando esposas, filhos e suas famílias para cumprir sua missão. 

Muitos desconhecem os desafios que envolve fazer parte de uma comissão como essa. Ali eu estava em contato com homens que estavam a milhas de casa quando seus filhos nasceram, homens que abriram mão de comemorar datas especiais com seus familiares, que sacrificaram sua vida pessoal em prol da profissional. É muito difícil apontar qual foi a imagem mais emocionante que me presenciei naquela tarde de sábado (25), eram mães e pais reencontrando seus filhos, homens reencontrando suas esposas e filhos, muitas crianças pequenas, dava para sentir a emoção de cada sorriso, casa lágrima no reencontro. E me acho no dever de agradecer a cada um desses homens e mulheres pelo seu empenho, cada um dos tripulantes que fizeram parte dessa jornada, mas não me limitando, estendo o agradecimento a cada um de nossos homens e mulheres que dedicam suas vidas a defender nossa pátria.

Quero agradecer a toda equipe do CCSM, como sempre nos recebendo muito bem, nos possibilitando trazer uma visão real e transparente sobre nossa Marinha, e desejo sucesso a toda tripulação do PHM "Atlântico".

Logo iremos publicar nossa cobertura da chegada do PHM "Atlântico" ao Brasil, fiquem conosco e nos acompanhe no Facebook, basta clicar no barra lateral e clicar sobre o banner.

Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN News, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança

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12 comentários:

  1. Tive uma oportunidade, ainda muito jobem semelhante quando o NAe Minas Gerais entrou na baia de Guanabara com os T-6 pilotados por pilotados por oficiais de Marinha,o Comench era o entao VAlte Adalberto de Barros Nunes mais tarde Ministro da Marimha (1969/1974).

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  2. Boa noite Angelo
    Por acaso foi falado como é feito a preparação para o desembarque de viaturas pela grande porta traseira ?
    Existe algum video a respeito ou como é feito isso ?
    Pelo que notei, existe um grande guindaste na popa da embarcação e uma estrutura que penso ser a plataforma que recebe a rampa e faz a transição para as lanchas, seria isso mesmo ?

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    1. Amigo, não houve demonstração, mas basicamente o guindaste arreia o pontão que fica sobre a rampa de acesso ao hangar de viaturas, que fica flutuando e a rampa é baixada sobre o pontão, a rampa tem limitações quando a peso e o estado do mar. Vai ser abordado essa questão em nossas matérias futuras, sempre que tiver dúvidas esteja a vontade de nos procurar, se eu não souber vou pesquisar e o Comte Farinazzo tem um conhecimento muito grande.

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  5. Boa noite Ângelo, gostaria de parabenizar e agradecer o senhores, pelo ótimo trabalho que vem sendo realizado, em conjunto com o canal ARTE DA GUERRA!

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    1. Muito obrigado meu amigo, não sabe o quanto é importante para nós esse reconhecimento de nossos leitores, é sinal de que estamos fazendo um bom trabalho

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  6. Assisti aos vídeos no Canal Arte da Guerra e agora li o artigo no GBN News. Estão de parabéns pela cobertura. E que orgulho nos dá o majestoso A 140! F/A

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