domingo, 23 de janeiro de 2011

"Toda indústria é bem-vinda"


Investimento atrai investimento. É assim que Dorothea Werneck, a recém-empossada secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico acredita que Minas Gerais pode bater novos recordes de investimento e emprego nos próximos anos, com trabalho forte na logística, em produtos de maior valor agregado para áreas como o minério e commodities agrícolas, instalação do aeroporto indústria e ampliação do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Mineira de Ponte Nova, Dorothea foi ministra do Trabalho e da Indústria, Comércio e Turismo. Ela foi uma das principais surpresas da equipe do secretariado do governador Antonio Anastasia. O convite para assumir a secretaria chegou quando já havia decidido deixar a vida de aposentada para trás. “Falam que você tem que arrumar um hobbie quando está aposentada. Eu arrumei um para mim, que era cuidar de jardim. O jardim ficou lindo! Aí eu pensei: e agora, o que eu faço?”, brinca, com muito humor e a tranquilidade de quem está feliz da volta à ativa. Dorothea traz na bagagem experiências em áreas da indústria, emprego, comércio exterior e exportação. À frente da secretaria, ela quer focar no aumento da produção local, com a expansão das empresas aqui instaladas, atração de novos investimentos e ampliação do espaço de venda das mercadorias, seja no mercado doméstico ou com a exportação.

A senhora assume o secretariado com um desafio grande pela frente. Minas Gerais bateu recorde de investimentos e volume de empregos no ano passado. Como bater novos recordes?

Os investimentos acabam atraindo outros negócios. Temos um exemplo da China, que era um país 80% rural em 1984. Agora, passou a ser 40% rural e cresce a uma taxa média de 9,5% a 10% ao ano. E por que as empresas investem na China? Porque o país está crescendo. O fato de Minas estar crescendo é, em si mesmo, um fator de atração de investimento. E o investimento significa a criação de postos de trabalho, aumento de emprego. Os investimentos em novas indústrias aqui em Minas, em novas atividades comerciais e de serviços, como hotéis, e expansão do que já temos aqui, tudo isso gera emprego.

Quais são os segmentos que vão alavancar a economia mineira nos próximos anos?

Eu não gosto de falar de setores. Qualquer coisa é bem-vinda. Em linhas genéricas, todas as indústrias que vão agregar valor à nossa produção básica de minérios ou commodities agrícolas são muito bem-vindas. Mas não é só isso. Se vier para aqui uma indústria de alimentos, calçados ou eletrodomésticos será ótimo.

O governo encomendou um estudo para definir o rumo de Confins nos próximos anos. O aeroporto vai estar pronto para atender à demanda até a Copa do Mundo?

A primeira parte do estudo é a definição conceitual do aeroporto, que já está pronta. E, agora, a parte conceitual vai ser detalhada para o projeto executivo, que deve ser licitado este mês ou em fevereiro. Os recursos são da Infraero. Estamos fazendo o trabalho a quatro mãos em uma experiência única da Infraero em parceria com o estado. O terminal 1 vai ser remodelado e vai passar de 5 milhões para 8 milhões de passageiros ao ano. Agora está sendo detalhada a expansão do terminal 2. A previsão é que seja feita em duas fases. Na fase I seriam 5 milhões de passageiros e na fase II mais cinco milhões. No final, Confins vai ter capacidade para 18 milhões de passageiros ao ano. Para a Copa do Mundo estamos prevendo que vai estar pronto o terminal 1 e a fase I do segundo terminal. Ou seja, a capacidade do aeroporto vai ser de 13 milhões de passageiros ao ano, suficiente para atender à demanda da Copa do Mundo. A segunda etapa do terminal 2 deve ficar pronta por volta de 2020.

A escolha da empresa que vai operar o terminal do aeroporto indústria foi adiada de janeiro para fevereiro. Por que?

Alongamos o prazo porque tinha apenas um concorrente. Esticamos um mês para ver se aparece mais gente. Queremos ver se temos mais oferta.

Qual vai ser o reflexo do aeroporto indústria para a economia da Grande BH?

A grande vantagem é o fato de importar peças, partes, componentes e montar na área industrial do aeroporto. Depois que o produto está montado é que incidem os impostos. Do ponto de vista das empresas, é extremamente vantajoso ter esse tipo de facilidade, pois os custos só acontecem na saída para a venda no mercado doméstico. O aeroporto indústria pode trazer outros desdobramentos para a região, como na área hoteleira, um núcleo de desenvolvimento de conhecimento na área do treinamento e tecnologia para o suporte aeroviário. A área do aeroporto indústria tem 45 mil metros quadrados, com espaço para 150 mil metros quadrados e projeção para crescer mais do que isso. As empresas que fazem importação de peças, partes e componentes para avião são candidatas óbvias para essa região, mas estamos em parceria com a Fiemg para tentar identificar essas atividades.

O que faz uma empresa decidir pelo investimento em Minas?

Não é só a redução tributária que faz o investimento vir para Minas. A localização, por exemplo, é chave. Outro ponto é a proximidade de matéria-prima, além do crescimento e a estabilidade do estado. Minas tem a desvantagem de não ter porto, o que atrapalha na exportação. Mas temos a vantagem de estar no centro do Brasil. A localização, do ponto de vista de venda para o mercado doméstico brasileiro, é uma vantagem excepcional. Por isso, essa questão de logística é muito importante para nós. Temos que ter a possibilidade de fazer isso, seja via rodovia, ferrovia ou transporte aéreo.

Investimentos grandes não foram realizados aqui em Minas, como o pólo de acrílico, na grande Belo Horizonte. Como resgatar esses negócios?

Ainda não há a definição de quem seja o parceiro tecnológico para o pólo de acrílico. Estão em negociação com os coreanos. São quatro empresas no mundo que detêm essa tecnologia e as quatro exportam para o Brasil. Não é fácil convencê-los a vir para cá, pois o que eles produzem no mundo já exportam para aqui. A negociação que mais avançou foi com os coreanos, mas não está definida. Há ainda uma pequena possibilidade de o pólo vir para Minas Gerais. Mas a tendência da petroquímica é de colocar esse produto nos pólos petroquímicos, que já temos em outros estados. Minas tem uma refinaria, mas não tem o pólo petroquímico.

Como estão os planos para o Norte de Minas? Por que há poucos investimentos para lá?

A pergunta que eu fiz e que todo mundo faz é por que não há investimentos no Norte de Minas. A resposta mais frequente é a logística. Como instalar uma indústria lá se não há como escoar a produção? Isso pode ser feito de duas formas: através de rodovias ou ferrovias. Estamos trabalhando cada vez mais na questão da ferrovia. Vou marcar reuniões com o secretário de desenvolvimento do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia para pensarmos juntos essa questão do escoamento. Ou seja, a logística é chave para viabilizar investimentos.

A senhora anunciou há pouco tempo que o estado não tem que entrar na guerra fiscal. Mas há segmentos que pedem alívio na tributação. O setor de joias, por exemplo, quer produzir as peças aqui.

Eu andei falando isso, mas vou melhorar essa frase com outra que eu ouvi há pouco tempo. Não entramos na guerra fiscal, mas a gente se defende. O sindicato de joias está com um projeto de 29 empresas, o Arranjo Produtivo Local (APL) de joias. Eles já têm viabilizado o investimento na infraestrutura, com galpões, 500 metros para o centro de treinamento do Senai. Há uma questão de ICMS mínima, que precisa só dar uma homogeneizada com os nossos concorrentes próximos. Mas Minas fez uma opção corretíssima que é de joia fina, com design e qualidade.

Fonte: Estado de Minas
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