sábado, 22 de janeiro de 2011

Na guerra dos caças, suecos ganham fôlego.


O novo adiamento sobre a decisão do caça que futuramente equipará a Força Aérea Brasileira poderia indicar o desgaste e o enfraquecimento do ministro Nelson Jobim (Defesa), mas acabou tornando-se benéfico para o País. Não somente porque se reacende o debate sobre o melhor avião, como abre a possibilidade de a decisão ser diferente daquela que vinha sendo dada como certa – a escolha dos Rafale, franceses.

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Ramalho, “não resta dúvida” de que a melhor opção é pelo sueco Gripen.

“É mais ágil, mais econômico, o que significa que vamos poder treinar os pilotos por mais horas de vôo, ter mais número de missões”, justifica o professor, especialista em defesa nacional. Não por coincidência, a preferência da FAB também é pelo caça desenvolvido pela sueca Saab.

Ramalho considera o Rafale “obsoleto”, com um “pacote fechado” de tecnologia e manutenção cara. Já o F-18, na avaliação do especialista, apesar de mais barato, possui “limitações técnicas”.
“O que está sobre a mesa é a compra de um pacote tecnológico. Não haveria melhor forma de se transferir tecnologia do que participando da própria concepção da máquina. Existe uma plataforma muito boa de compra de equipamentos de primeira linha e uma possibilidade de um grande aprendizado da indústria nacional”, acrescenta Ramalho sobre a necessidade de transferência total de tecnologia após a aquisição.
“O Brasil participaria da produção dessa nova geração do caça. Isso é diferente de você aprender a fazer algo com quem já faz. Há uma diferença do ponto de vista de capacitação tecnológica. No caso você precisa não só aprender, mas mostrar que é capaz de levar adiante”, completa.

O especialista critica ainda a “dependência excessiva” do Brasil com os franceses na área tecnológica. “Nesse campo é sempre bom dificir a sua dependência, nunca colocar os mesmos ovos na mesma cesta”, finaliza.

No relatório técnico entregue à presidente para a renovação dos caças da FAB consta exposição de motivos para a escolha do Ministério da Defesa. A posição será analisada pelo Conselho de Defesa Nacional que, embora não tenha poder decisório, apresentará uma avaliação à presidente, a quem caberá a decisão final.

Integram o Conselho de Defesa Nacional o presidente e vice-presidente da República, os presidentes do Senado e da Câmara, titulares das Forças Armadas, além dos ministros de Relações Exteriores, da Justiça, Fazenda e do Planejamento.

Cautela

Como ainda não se inteirou sobre o processo, batizado de FX-2, e os impactos na economia brasileira serão grandes, a presidente optou por avaliar com mais cautela o rito de compra, na contramão das declarações do ministro Jobim, que assegurou a conclusão do processo ainda no primeiro semestre deste ano.

Os valores do acordo podem atingir a casa dos r$ 10 bilhões e a quantidade de caças adquiridos pode se estender a 100. Apesar do adiamento, não há confirmação de que o processo recomece do zero, o que permitiria a entrada de outros fabricantes no processo.

Na disputa estão a francesa Dassault, com o Rafale; a norte-americana Boeing, com o F/A-18 Super Hornet; e a sueca Saab, com o Gripen NG.

Política fica de fora

Dentro do governo Dilma Rousseff, a suspensão do processo de compra é visto com normalidade, dado o caráter estratégico e bilionário da decisão. Um dos ministros mais próximos à presidente defende que não há “consideração política” na negociação. Para ele, Dilma quer apenas ter mais segurança da decisão”, por meio de “mais dados” referentes à compra.

A questão crucial para a escolha do modelo está centrada na transferência de tecnologia. Em visita à pfesidente, semana passada, o senador republicano John Mc Cain se comprometeu a tentar convencer o presidente Barack Obama e o Congresso norte-americano da importância de garantir a transferência irrestrita de tecnologia. O repasse tecnológico tltal também foi prometido pelo presidente Nicolas Sarkozy, o que fortalece as chances dos jatos franceses.

Essa condição pesa contra a escolha do Gripen NG, pois o caça não seria fabricado totalmente na Suécia, já que alguns componentes são norte-americanos. A limitação com a importação de peças, porém, pode ser considerada positiva, pois o Brasil, caso opte pelo Gripen, poderia participar do processo de conclusão do caça.

O ex-presidente Lula manifestou em diversos momentos a preferência pelo Rafale. A predileção foi sustentada também pelo ministro Nelson Jobim, apesar dos custos mais elevados do caça francês, se comparados às cifras dos demais modelos.

Anuncio antecipado

Em 2009, durante visita ao Brasil, Sarkozy, sob o pretexto das comemorações do Dia da Independência, Lula antecipou-se ao fechamento da disputa entre os fabricantes. E anunciou que o Brasil firmaria o acordo com a França.

À época da elaboração do parecer da FAB entregue a Lula, especulou-se que Jobim estaria que Jobim estaria pressionando a Força Aérea pela escolha dos franceses, apesar de questões técnicas apontarem para os suecos como melhor opção para o reaparelhamento da Defesa Nacional.

O processo de escolha dos aviões de combate da Força Aérea Brasileira (FAB) teve início ainda no governo Fernando Henrique Cardoso e vem sendo protelado desde então. A última justificativa para o adiamento ocorreu em razão do período eleitoral, ano passado, quando Lula considerou salutar desvincular a questão dos caças da campanha eleitoral.


Fonte: Jornal de Brasilia
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2 comentários:

  1. Vejo certa tendência ao produto do EUA, infelizmente.


    Para o Brasil ser uma nação do jeito que queremos, temos que saber se posicionar, sabemos a muito tempo da postura do congresso americano referente à transferência de tecnologia e já sofremos com isso, somos seu consumidores de tudo que vem dos EUA nos agrada, podemos cita algumas coisa como; Filmes, ideologia, e uma certa paixão cega dos seus produtos, mais nem tudo que compramos realmente precisamos e queremos, ai esta o ponto, no futuro quando começamos a obsorve a suposta tecnologia, poderá acontecer o previsto o VETO do congresso Americano, ai vem a pergunta.


    E AGORA JOSÉ?

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  2. (((((Os estadunidenses cumprem o que se comprometem em seus contratos)))))

    &ric o governo do Brasil tem duvidas sobre o compromisso dos contras firmado com os EUA, isso sim pode gera VETO no futuro
    Bem, a única nação que o congresso VETA a suposta tecnologia de ponta mesmo com o contrato lavrado e a dos Estados Unidos, e sabemos muito bem disso, e de quebra a Suécia, e com os estados unidos que o Governo Brasileiro esta Preocupado, não o contrario.

    Embargos dos EUA contra o desenvolvimento do Brasil nas
    áreas de tecnologia aeronáutica, espacial e defesa.

    Transferência de tecnologia militar do caça F-18 Super Hornet para o Brasil no F-X2

    Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial
    CTA - Ciência e Tecnologia para a Defesa Nacional
    Brigadeiro Engenheiro Venâncio Alvarenga Gomes (Subdiretor de Empreendimentos)
    62º FPB - Fórum de Debates Projeto Brasil - Tecnologia Militar
    Evento realizado em 17/12/2008 em São José dos Campos - SP

    ► P&D: PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (Investimento & Retorno)
    "É consagrado, no mundo inteiro, que, cada valor, cada dólar investido em
    desenvolvimento aeroespaciais, retorna aumentado de 7 a 15 vezes em
    benefícios para toda a economia nacional."
    "O faturamento já contratado pela EMBRAER equivale a 900 anos (nove séculos) de
    funcionamento do ITA."
    * 150 mil dólares por quilo foi pago aos EUA pelo Brasil para colocarem em órbita dois satélites, enquanto 1 Kg da
    aeronave brasileira ERJ-145 custa mil dólares.

    ► EMBARGOS IMPLÍCITOS E DIFICULDADES NO SETOR DE DEFESA
    - MAR-1 anti-radar (Embargo);
    - MAA-1 míssel, sensor infravermelho (EUA engana o Brasil, altera sensor solicitado e fornece com características bem
    inferiores);
    - MAA-1B míssel, detector (Embargo)
    - F-5 caça supersônico, modelamento aeroelástico (Americanos não forneceram dados
    de ensaio/modelo). [Cadê a transferência de tecnologia? Não forneceram
    para o velho F-5, imagine para o F-18]

    ► BLOQUEIOS NO SETOR ESPACIAL
    - Política de não-proliferação norte americana PROÍBE apoio ao programa de foguetes de sondagem brasileiro;
    - Tubos-Motores do VLS, tratamento térmico em aço especial 300M (Embargo);
    - Sistemas inerciais para aplicações espaciais (Embargo. Não fornecem sistema de
    navegação para lançadores de satélites e bloco girométrico para controle
    de altitude para satélites em órbita)
    - Circuito integrado do girômetro da plataforma inercial (Embargo no fornecimento de componente
    essencial);
    - Metalização do veículo lançador de satélite (EUA cancelou contrato na fase final de contratação).

    ► EMBARGOS E DIFICULDADES NO SETOR AERONÁUTICO
    - EGIR ( Embedded GPS, Inertial and radar altimeter ), Boicote, restrição para importação do sistema
    inercial usado nos programas ALX, F5BR e A-1 modernizado.
    - LN100 G, sistema inercial/GPS. DoS impôs novas ressalvas de exportação.

    ● RESUMO: Os EUA costumam dificultar, proibir/vetar, cancelar contratos e
    mudar repentinamente a política de exportação de produtos de alta
    tecnologia, gerando incertezas no desenvolvimento de tecnologia no
    Brasil.

    ● Adendo deste canal: O governo americano de George Bush proibiu a empresa brasileira Embraer de vender 36 aeronaves de caça
    Super Tucano para a Venezuela em 2006, num negócio de US$ 470 milhões.

    "EUA NÃO TRANSFERE TECNOLOGIA" é a frase mostrada no final deste vídeo, com
    um caça americano Boeing F/A-18E/F Super Hornet ao fundo, que
    surpreendentemente conseguiu ser um dos três finalistas do programa FX-2
    da FAB prometendo transferência de tecnologia, mesmo com os diversos
    casos concretos de embargo norte americano contra o desenvolvimento
    tecnológico do Brasil.

    O governo condiciona a compra à transferência de tecnologia em todas as áreas. É aí que as negociações ficam diferentes. Os franceses oferecem acesso irrestrito ao conhecimento pretendido. Os suecos convidam os especialistas militares e a indústria aeronáutica a uma parceria ampla. Os americanos esbarram na complexa legislação do setor e no poder do Congresso para vetar o atendimento às exigências.

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