sábado, 29 de janeiro de 2011

Mubarak dissolve o gabinete e promete novas medidas pela democracia


O presidente egípcio Hosni Moubarak anunciou na madrugada deste sábado (hora local), em pronunciamento transmitido pela televisão estatal à nação, a dissolução do governo, prometendo ainda reformas e o fortalecimento da democracia.

Segundo Mubarak, um novo gabinete será formado neste sábado. O discurso foi proferido após diversos dias de protestos da população contra o regime em todo o país.

"Não haverá passo para atrás no caminho das reformas que elegemos, e avançaremos com novas medidas que confirmam nosso respeito pela independência da justiça e por uma maior liberdade dos cidadãos".

"Novas medidas para frear o desemprego, aumentar o nível de vida, desenvolver os serviços e ajudar os pobres", anunciou o presidente egípcio em um discurso de onze minutos, no quarto dia das manifestações antigovernamentais sem precedentes desde a chegada de Mubarak ao poder, há 30 anos.

"Pedi ao governo que renuncie e amanhã haverá um novo gabinete", declarou o presidente de 82 anos.

Durante a sexta-feira, o regime de Hosni Mubarak fez um apelo ao exército e decretou o toque de recolher em três grandes cidades do Egito, entre elas o Cairo, para enfrentar o movimento de contestação que se tornava cada vez mais amplo.

No quarto dia de protestos, os mais importantes, desde a chegada ao poder de Mubarak, em 1981, os sinais de preocupação se multiplicavam no exterior, com os Estados Unidos exigindo a seu aliado conter as forças de ordem e se comprometer com reformas políticas "imediatas".

Os manifestantes pedem a saída de Mubarak que, por sua vez, ordenou ao exército - espinha dorsal de seu regime - fazer respeitar a segurança nas ruas, junto com a polícia.

O toque de recolher foi decretado no Cairo, em Alexandria (norte) e em Suez (leste) entre 18H00 (16H00 GMT) e 07H00 (05H00 GMT), até nova ordem. A agência oficial Mena havia informado antes que a medida havia sido ampliada para todo o país, voltando atrás na informação, em seguida.

Segundo fontes médicas, pelo menos 20 pessoas morreram e centenas ficaram feridas nos confrontos desta sexta-feira, o que eleva o número de mortos a 27, em todo o país, desde o dia 25 de janeiro.

Dezenas de milhares de egípcios responderam ao apelo para participar do "Dia de Ira" à saída das mesquitas depois das orações de sexta-feira para pedir o fim do regime de Mubarak, no poder há 30 anos.

Na capital egípcia, duas delegacias foram incendiadas, assim como a sede do partido no poder, com a multidão enfrentando a pedradas as forças de segurança, que usaram granadas de gás lacrimogêneo, jatos d'água e balas de borracha para tentar dispersá-la.

Em Suez, manifestantes se apoderaram das armas de uma delegacia, pondo fogo no prédio, em seguida.

Cerca de mil pessoas haviam sido detidas até a manhã de sexta-feira.

O protesto está inspirado na "Revolução dos jasmins", um levantamento popular que derrubou neste mês o presidente tunisiano Ben Ali, no poder havia 23 anos, e gerou uma onda de contestação em todo o mundo árabe.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Assembleia, também membro do Partido Nacional Democrata no poder, pediu nesta sexta-feira ao presidente empreender "reformas sem precedentes" para evitar uma "revolução".

"Em nenhuma parte do mundo a segurança é capaz de pôr fim à revolução", disse Mustafá Al Fekki à televisão Al Jazeera.

O opositor e Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, que se disse disposto a liderar um governo de transição, também participou de manifestações no Cairo.

A jornada recebeu apoio da Irmandade Muçulmana, principal força da oposição, que até agora apoia sem grande entusiasmo as marchas convocadas por núcleos de jovens com aspirações democráticas.

O presidente americano, Barack Obama, frisou que "a violência não é uma uma solução para os problemas do Egito".

Nesta sexta-feira, a Casa Branca considerou a situação "profundamente preocupante" e pediu ao governo egípcio o "respeito aos direitos fundamentais, para evitar a violência e permitir as comunicações".

Neste mesmo sentido se expressou nesta sexta-feira o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e a chefe do governo alemão, Angela Merkel.

Fonte: AFP
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