quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tejas já não é uma miragem


O dia 10 de janeiro de 2011 foi um dia especial para pelo menos três gerações de cientistas indianos, tecnocratas e os produtores industriais se reuniram por todo o país para comemorar o initial operational clearence (IOC) com a cerimônia de construção da primeira seção traseira de série do novo caça mono-reator TEJAS, produto do programa LCA indiano (avião de combate ligeiro - LCA) em Bangalore, com a presença do ministro indiano da Defesa e o Chefe do Estado-Maior da força aérea. Este é o primeiro passo para a certificação e produção do novo caça, com a variante naval em desenvolvimento. O Tejas deverá receber final operational clearance (FOC) nos próximos 18 meses dando inicio a produção em série.

Concebido no final dos anos 1960 como uma nova tentativa após o insucesso do primeiro projeto Marut IC-24, o LCA foi aprovado como um dos cinco programas emblemáticos na defesa indiana em 1983 (os outros programas são os carros de combate Arjun, mísseis guiados, navios de guerra e submarinos, os quais foram aprovados entre 1978 e 1989) com um capital inicial de aproximadamente 123 milhões dólares. O custo de desenvolvimento subiu para cerca de 1,3 bilhões dólares. Com o IOC, o LCA provavelmente será o segundo programa bem sucedido para as forças armadas após três séries de mísseis guiados. Se a aquisição da Indian Air Force (IAF) de longo prazo para aviões de caça é qualquer indicação, cerca de 10 esquadrões, responsável por quase 20% do arsenal de combate inteiro, seria necessário até 2030. No ciclo de desenvolvimento, o Tejas é susceptível a se tornar um caça competitivo globalmente em meados da década de 2020, com possíveis ordens de exportação no futuro. Com melhorias em seus componentes stealth e a redução RCS, este caça pode passar a ser considerado um novo caça 4,5 ª geração.


Enquanto secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates acredita que o F-35 seria a última geração de caças, sugerindo que os sistemas não-tripulados, como os UAV (veículo aéreo não tripulado), UCAVs (veículo de combate aéreo não tripulado), são prováveis substitutos dos meios tripulados no ar, solo e sistemas navais, no futuro, transformando os campos de batalha, é hora de fazer uma pergunta fundamental: São ambiciosos atuais projetos indianos? Os projetos futuros, como o MCA (aviões de combate médio) ou até mesmo o HCA (aviões de combate Alto desempenho), justificam seus custos no futuro? A resposta a esta pergunta não é fácil, mas é feita uma tentativa para justificar o valor da LCA aqui.

A Índia precisa de um LCA por uma série de razões. Primeiro, é um requisito, e não um “símbolo da soberania" ou status para a indústria indiana, como David Kinsella e Cheema Jugdeep, afirmam. O princípio básico da auto-suficiência em defesa exige tais projetos. A previsão de Robert Gates esta certa, mas ao mesmo tempo, as avaliações razoáveis sobre o uso do poder aéreo em batalhas futuras, sobretudo em países como a Índia, ou até lugares distantes, não são insignificantes.

Em segundo lugar, o motor importado (neste caso, inicialmente, o GE-404 e depois o GE-414) torna o LCA aparentemente um projeto nacional dependente, mais uma montagem sob licença. No entanto, os componentes nacionais, como aviônicos e fuselagens juntamente com um futuro motor nacional que se encontra em desenvolvimento para o Tejas, mostra que um caça nacional não é um sonho tão distante.


Terceiro, é defendido por muitos que o Tejas tem um custo elevado e pode não acompanhar o ciclo de desenvolvimento da tecnologia de ponta. Vamos realmente não se deixar levar pela moderna política tecnológica, onde muitos programas já são vistos como obsoletos no momento em que vê a luz do dia. Se fosse esse o caso, então, projetos como o F-16 ou o Mig sequer teriam sido mantidos até agora. É apenas seguir a lógica de que os projetos básicos se aperfeiçoam com o tempo, e o Tejas tem esse escopo. O custo de desenvolvimento de 1,5 bilhões de dólares para o Tejas não é nada em comparação com a série de caças americanos, o Mirage, ou mesmo projetos da Embraer.

Em quarto lugar, os atrasos, aumento dos custos, a negação da tecnologia e a fuga de cérebros científicos estão todos interligados e são comuns de ocorrer. Como o Tejas tem demonstrado o seu valor, já é tempo de que os decisores não apenas tratar com críticas os projetos científicos de prioridade nacionais, mas, mais importante que eles se certifiquem que as dotações orçamentárias não sejam interrompidas durante o processo de desenvolvimento.

E por último, mas não menos importante, deve ser percebido que as conquistas do Tejas nos domínios aeroespacial civil e militar serão imensas. O futuro da Índia não muito distante mostra que a importância do setor aeroespacial civil e militar serão gigantescos, que até o LCA e Saras (o programa da aeronave civil nacional) manterá a capacidade de utilização de uma planta de produção em níveis elevados durante várias décadas. Tudo que requer é um pouco mais de prioridade nacional e apoio político.

Fonte: Defense & Professional
Tradução e Adaptação: Angelo D. Nicolaci - GeoPolítica Brasil
Share this article :

0 comentários:

Postar um comentário

 

GBN Defense - A informação começa aqui Copyright © 2012 Template Designed by BTDesigner · Powered by Blogger