quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Forças de Gaddafi lançam mísseis scud contra cidade de Misrata



As forças leais ao ditador Muammar Gaddafi dispararam vários mísseis scuds nesta terça-feira da região de Sirte contra a cidade de Misrata, sob o controle dos rebeldes, informou o conselho local da rebelião.

"Mísseis scuds foram disparados contra Misrata e fortes explosões abalaram a cidade", revela um comunicado do Centro de Imprensa do Conselho Militar de Misrata, 250 km a noroeste de Sirte, cidade natal de Gaddafi.

Na segunda-feira, as forças pró-Gaddafi dispararam um scud da região de Sirte em direção a Misrata, mas o míssil caiu em local ermo, sem deixar vítimas ou danos, segundo a Otan.

Os rebeldes apertavam hoje o cerco sobre Sirte, com elementos avançados procedentes de Misrata seguindo em direção sudeste ao longo da estrada costeira que leva à cidade natal de Kadhafi.

Segundo o Centro de Imprensa, os rebeldes "já chegaram à localidade de Al Washka, 137 km ao sul de Misrata", e estão a menos de 100 km a oeste de Sirte.

Na frente oriental, os rebeldes também avançam em direção a Sirte, e já assumiram o controle do porto petroleiro de Ras Lanuf, ficando a menos de 130 km do bastião de Kadhafi.

Uma delegação do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político da rebelião) seguiu nesta terça-feira para a região de Sirte visando negociar uma rendição pacífica da cidade com os chefes tribais, revelou uma fonte do CNT que pediu para não ser identificada.

GADDAFI

As notícias do contra-ataque dos gaddafistas chegam horas após o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, 69, dizer a uma rádio local de Trípoli que abandonou sua fortaleza em Trípoli como parte de uma retirada tática e jurar "morte ou vitória" contra os rebeldes, informa a Reuters. Segundo a agência de notícias, as declarações estão sendo retransmitidas por uma emissora de TV da Síria, a Al Orouba TV. Ainda de acordo com os relatos, ele pretende fazer um pronunciamento ao povo líbio na mesma rádio.

A emissora de TV Al Jazeera e o jornal britânico "Guardian" apontam ainda que o ditador confirmou 64 ataques aéreos da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) contra o complexo residencial de Bab al Aziziya e que jurou "morte ou vitória" aos "agressores".

Gaddafi disse ainda que é um "mártir", acrescenta a Reuters.

Segundo a CNN, na mensagem divulgada o ditador classifica os rebeldes como "gangues" e diz que suas forças deverão reconquistar a fortaleza de Bab al Aziziya.

REBELDES SINALIZAM VITÓRIA

A suposta mensagem de Gaddafi chega após a tomada do complexo nesta terça-feira, quando os rebeldes líbios anunciaram também que devem transferir o quartel-general da revolução da cidade de Benghazi, no leste do país, para a capital, Trípoli, em até dois dias, segundo informou Ahmed Bani, um dos porta-vozes militares dos insurgentes, à rede de TV Al Jazeera.

O anúncio chega horas após Mahmoud Jibril, um dos líderes do CNT (Conselho Nacional de Transição), o órgão político dos rebeldes, comentar os últimos desdobramentos da revolução no país durante uma entrevista coletiva em Doha, no Qatar, classificando a tomada do complexo residencial do ditador Muammar Gaddafi como uma "importante vitória" após seis meses de intensos combates.

"A transição começa imediatamente" para a construção de uma "nova Líbia", anunciou. "Construímos agora uma nova Líbia, com todos os líbios como irmãos por uma nação unida, civil e democrática", acrescentou Jibril.

O líder agradeceu o apoio do Qatar e dos EUA, que auxiliaram as lutas dos rebeldes com apoio logístico para exportação de petróleo e com ajuda financeira, respectivamente.

Mais cedo, o coronel Ahmed Omar Bani, porta-voz militar dos rebeldes em Benghazi, a capital rebelde no leste do país, confirmou à agência de notícias France Presse que os oposicionistas já controlam todo o complexo de Bab al Aziziya, considerado um dos últimos bastiões do regime. No aeroporto internacional de Trípoli, e ao sul da capital, no entanto, ainda há intensos combates entre os rebeldes e forças gaddafistas, informa a CNN.

Para a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Gaddafi já é "parte da história" e esta terça-feira representa uma importante vitória rebelde, embora a comunidade internacional ainda hesite em dar como totalmente vencida a guerra, já que o paradeiro do ditador permanece indeterminado.

No Qatar, sinalizando o início de um futuro político pós-Gaddafi, Jibril disse que a Alemanha foi um dos primeiros países a adiantar uma linha de financiamento para ajudar o governo rebelde.

O líder comentou ainda os controversos relatos de prisão de um dos filhos de Gaddafi, Saif al Islam, que ontem (22) reapareceu em Trípoli e desmentiu ter sido detido pelos insurgentes.

Para Jibril a polêmica foi uma tentativa desesperada de Gaddafi para obscurecer os êxitos da revolução dos rebeldes.

"Foi um ato cinematográfico, ele apareceu diante da mídia internacional", disse Jibril ao falar sobre o assunto, criticando a aparição do herdeiro do ditador no hotel onde os jornalistas internacionais estão sendo mantidos, no centro de Trípoli, ainda na noite de ontem (22).

Segundo o líder, os relatos obtidos inicialmente eram de que ele havia, de fato, sido detido. Jibril citou ainda as fontes do TPI (Tribunal Penal Internacional), que também divulgou, durante o fim de semana, que Saif havia sido preso.

TOMADA DO QUARTEL-GENERAL

Os rebeldes oposicionistas da Líbia entraram na casa de Muammar Gaddafi, depois de avançarem sobre um dos portões do complexo militar de Bab al Aziziya, um conjunto de edifícios fortificados que é considerado o quartel-general do ditador.

Ahmed Omar Bani disse que os rebeldes não encontraram nenhum sinal de Gaddafi ou de seus filhos.

"Bab al Aziziya está completamente sob nosso controle, o coronel Gaddafi e seus filhos não estavam no lugar", disse. "Ninguém sabe onde estão", completou.

O paradeiro de Gaddafi é desconhecido dos rebeldes e da comunidade internacional. Apesar de rumores de que teria viajado à vizinha Tunísia ou até mesmo à Venezuela, o Pentágono diz acreditar que ele ainda está na Líbia.

A conquista do complexo é vista por muitos como o golpe final contra o regime, mas a prisão de Gaddafi seria um fim simbólico ao regime de 42 anos.

Fonte: Folha

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