quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Brasil não reconhecerá liderança rebelde neste momento, diz Patriota



O Brasil não adotará neste momento posição sobre a Líbia e irá aguardar manifestação da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre qual liderança será considerada legítima naquele país, disse nesta terça-feira o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

A decisão da organização deverá ocorrer durante o Comitê de Credenciais da ONU, em 21 de setembro, em Nova York, antes da reunião da Assembleia Geral. Patriota afirmou ainda que o Brasil reconhece "Estados, e não governos", e que, portanto, não deverá haver posicionamento brasileiro sobre a liderança rebelde.

"Não se trata de adotar alguma manifestação a respeito deste ou daquele governo neste momento", disse.

Segundo o chanceler brasileiro, há preocupação de que o novo governo seja legítimo e representativo.

"O governo deverá ser de coalizão, sobre todo o território e com legitimidade. Deve ser feita uma transição democrática. A Líbia deve percorrer um longo percurso em termos de avanços institucionais", disse Patriota.

O chanceler disse que as opiniões contrárias que o Brasil teve sobre as missões enviadas à Líbia foram em relação ao uso da força contra civis. "Existe um elo perigoso entre a manutenção da paz e o uso da força. O nosso apoio é ao povo. Houve derramamento de sangue condenável e além do aceitável", afirmou o chanceler.

RELAÇÕES COMERCIAIS

Sobre as empresas brasileiras com negócios na Líbia, Patriota disse que não há preocupação por parte do governo. De acordo com ele, o embaixador do Brasil no Egito, Cesário Melantonio, tem mantido contato frequente com os insurgentes em Benghazi, onde estão sediadas empresas brasileiras.

"Os rebeldes manifestaram agradecimento em relação à contribuição do Brasil para o desenvolvimento da Líbia e garantiram que os contratos serão honrados. Não temos com o que nos preocupar", disse.

O chanceler afirmou também que o governo brasileiro está acompanhando o desenrolar dos acontecimentos por meio do contato com os principais parceiros do país. Patriota confirmou ter conversado nesta segunda-feira com o secretário geral da Liga Árabe, Nabil Al Araby, e com o presidente sul-africano, Jacob Zuma. A União Africana se reunirá nesta quinta-feira (25), em Adis Abeba, na Etiópia, para debater o tema.

Patriota declarou que os países africanos deverão entrar em consenso sobre a necessidade de um governo de coalizão na Líbia e reafirmar a preocupação das nações africanas sobre a militarização das missões na região como debatido na manhã desta terça-feira com o chanceler do Benin, Nassirou Bako-Arifari, em visita ao Brasil.

Na tarde desta terça-feira, Antonio Patriota seguirá para Buenos Aires, na Argentina, onde haverá reunião entre membros do Mercosul e da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático).


Líbia Honrará contratos com Brasil


O governo brasileiro recebeu informações de que os contratos de companhias do país serão respeitados por um novo governo da Líbia, apesar de o Brasil não ter apoiado a rebelião, afirmou o chanceler Antonio Patriota nesta terça-feira.

Os rebeldes parecem estar perto de colocar fim ao regime de mais de 40 anos do ditador Muammar Gaddafi, e aumentaram as preocupações de que um novo governo líbio poderia punir empresas de países como China e Brasil, que não deram suporte ao movimento de oposição ao regime.

"Acho que isso [represálias econômicas] não vai acontecer", disse Patriota quando questionado se estava preocupado com a possibilidade de um governo formado por rebeldes na Líbia tentar punir o Brasil economicamente. "Temos recebido informações que serão respeitados os contratos mesmo que haja mudanças."

Uma autoridade da petrolífera líbia disse que um governo liderado pelos rebeldes poderia ter "problemas políticos" com Rússia, China e Brasil sobre a falta de apoio desses países. A China respondeu pedindo que a Líbia protegesse seus investimentos e afirmando que o comércio de petróleo beneficiava os dois países.

O Brasil não apoiou fortes sanções contra Gaddafi e defendia um fim negociado ao conflito. O país também está entre as nações que se abstiveram em março na votação que aprovou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU autorizando o uso de força para impor uma zona sem voos.

Fonte: Reuters
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