segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Alemanha enfrenta crescimento de extremismo entre militares

As Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) demitiram 97 militares em 2024 por condutas relacionadas a extremismo, incluindo a repetição da saudação nazista, comentários racistas e vínculos com grupos inconstitucionais. O número representa um aumento de 56,4% em relação a 2023, quando 62 soldados foram expulsos por motivos semelhantes. O crescimento acompanha um aumento nos incidentes suspeitos, que chegaram a 280 no último ano, 30% a mais do que no anterior, refletindo um cenário de alerta crescente dentro da instituição.

Os dados foram obtidos pela emissora WDR a partir de uma resposta preliminar do governo a um ofício protocolado pela parlamentar Zada Salihovic, do partido A Esquerda. Um relatório detalhado do Escritório de Coordenação para Casos Suspeitos de Extremismo será divulgado nas próximas semanas, oferecendo uma análise mais completa sobre os padrões de comportamento problemáticos entre militares. Entre os relatos registrados, destacam-se soldados que cantaram músicas extremistas e repetiram diversas vezes a saudação nazista. Segundo os dados, 17 militares realizaram o gesto com o braço direito estendido, e outros 50 são suspeitos de tê-lo feito.

Zada Salihovic alertou para o risco que indivíduos com treinamento militar e ideologias extremistas representam, afirmando que “quem rejeita a democracia não deve ter permissão para usar uniformes ou armas”. Ela acrescentou que pelo menos 60 militares suspeitos continuam a ter acesso a armamento e 20 atuam como instrutores, o que aumenta a preocupação sobre a disseminação de ideias extremistas dentro da Bundeswehr.

O comissário parlamentar das Forças Armadas, Henning Otte, explicou que parte do aumento nas demissões se deve a avanços legais recentes, como a alteração da Lei dos Soldados em 2023, que facilitou a penalização de casos de extremismo. Ainda assim, Otte cobrou maior agilidade nas investigações e implementação das medidas, destacando que “é inaceitável que casos suspeitos, especialmente novos, aguardem tempo demais pela revisão”. O Serviço de Contrainteligência Militar (Bamad) realizou 305 operações em 2024, sendo 200 delas relacionadas a extremismo, demonstrando um esforço constante de monitoramento.

Apesar do crescimento nos registros, o Ministério da Defesa afirma que os incidentes representam uma proporção pequena frente ao efetivo de 180 mil militares e 80 mil funcionários civis. Um porta-voz da pasta reforçou que “nenhum caso de extremismo pode ser tolerado. O combate a ideologias extremistas é uma das maiores ameaças à democracia e permanecerá nossa prioridade máxima”. Estudos do Centro de História Militar e Ciências Sociais (ZMSBw) da Bundeswehr indicam que menos de 1% dos soldados apresenta atitudes consistentemente extremistas, mas destacam problemas adicionais: 6,4% dos militares têm atitudes misóginas consistentes e 3,5% demonstram xenofobia.

O caso alemão insere-se em um contexto europeu mais amplo. Forças armadas de países como França, Reino Unido e Suécia também enfrentam desafios relacionados a extremismo entre militares, e têm adotado políticas rigorosas de monitoramento, programas de treinamento em valores democráticos e mecanismos de denúncia interna. Comparações internacionais mostram que, embora o percentual de militares com comportamentos extremistas seja baixo, a atenção institucional é crucial devido ao potencial de risco envolvendo armamento e treinamento militar.

O aumento dos casos na Alemanha evidencia a necessidade de uma política contínua e eficaz de prevenção, fiscalização e educação dentro das Forças Armadas, assegurando que princípios democráticos sejam respeitados e que ideologias extremistas não encontrem espaço em instituições que lidam diretamente com segurança nacional.


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com Deutsche Welle



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