terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A Rússia e o dilema em torno do Mistral



A Rússia realizou a compra de 4 navios franceses da classe "Mistral" para modernizar sua marinha e obter uma maior capacidade de projeção de força. Com isso em fevereiro do ano passado iniciou a construção do primeiro Mistral russo, o "Vladivostok", embora houvesse oposição interna á aquisição de um navio no estrangeiro, o governo russo deu prosseguimento na aquisição dos novos vasos de guerra.

As principais críticas ao projeto original são relativos á configuração de defesa do Mistral, que em seu projeto original possui apenas dois lançadores de mísseis antiaéreos Simbad e algumas metralhadoras para defesa de ponto, contrariando a tradição russa que mantém em seus navios um pesado arsenal de defesa, envolvendo sistemas de mísseis, canhões e metralhadoras para autodefesa. Tal simplicidade no armamento do novo navio tem explicação em sua aplicação tática, onde o mesmo opera em uma força tática composta por outros navios destinados a prover a defesa efetiva deste.

O Mistral russo deverá ter um corpo aéreo dotado de aeronaves Ka-52 e Ka-29, somando um total de até 16 aeronaves embarcadas. O mesmo também será dotado de uma força de veículos blindados para fornecer apoio e proporcionar avanço de suas tropas diante de barreiras e posições de blindados de um hipotético inimigo, ainda passando por estudo para definição de qual veículo dotará o novo navio.

Mas a maior vantagem do Mistral reside no seu moderno sistema SENIT-9 que permite usar o Mistral como o "Navio Capitânia" de uma força tática, dando uma nova capacidade de combate a marinha russa.

Mas o mesmo ainda enfrenta forte oposição interna, como noticiado pela "Voz da Rússia", "Ivan Khartchenko, vice-presidente da Comissão Militar Industrial (CMI), classificou de “ridícula” a aquisição dos navios da classe Mistral para a Marinha de Guerra russa. Em seguida, também o presidente da CMI, Dmitri Rogozin, expressou a sua opinião negativa relativa à compra dos novos navios da classe Mistral."

Dentro da própria marinha russa tem havido desconfiança com relação ao novo navio, algo que ficou expresso em dezembro último, quando foi anunciado o adiamento da construção dos dois últimos exemplares da classe deste ano para 2016, fato que pode ser explicado devido a entrada em operação do primeiro navio da classe em 2015, com isso fornecendo mais informações sobre ajustes e modificações que venham a ser necessárias ao projeto original, com isso reduzindo também os custos.

A introdução deste novo navio visa mudar a doutrina naval russa com relação as suas capacidades expedicionárias, garantindo uma presença prolongada em qualquer ponto onde haja conflito, lançando uma força de fuzileiros com apoio aéreo aproximado no teatro de operações, possibilitando o desembarque de tropas em qualquer área costeira por meio de lanchas e ainda a introdução de tropas por meio aéreo com seus helicópteros, ampliando o leque de capacidades e fornecendo um meio eficaz de infiltração de comandos em território hostil.
 
Devido as características do projeto o Mistral vai além de um porta helicópteros ou navio de desembarque de tropas, podendo exercer funções ainda mais complexas, como centro de comando e controle de operações, pode ser equipado como navio hospital para atender á feridos mais graves na zona de conflito, oferecer apoio á forças de paz e efetuar missões de patrulhamento ostensivo, sendo um navio que exibe uma grande flexibilidade operacional, suprindo a marinha russa de um meio moderno e altamente eficiente no cenário de guerra moderno.
 
O Brasil também tem estudado a aquisição de um navio semelhante para equipar sua esquadra, sendo o projeto francês um forte candidato a equipar futuramente a Marinha do Brasil.
 
Fonte: GeoPolítica Brasil

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