segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Presidente do Irã volta a negar intenção de construir arma nuclear


O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a negar que seu país tenha a intenção de construir uma bomba atômica. O líder do Irã disse ainda que inspetores da ONU "nunca apresentaram provas" de que Teerã pretenda obter uma arma nuclear e que as sanções impostas pelos EUA e pela ONU devido ao programa iraniano são "ineficazes".

"Não temos medo de bombas atômicas. Se nós de fato quiséssemos construir uma arma nuclear, teríamos coragem suficiente para anunciar esse desejo. Mas nunca fizemos isso. Nós defendemos que o arsenal de bombas nucleares [pelo mundo] deveria ser destruído", afirmou ele durante entrevista à Associated Press, em sua sétima visita aos EUA.

Os EUA e outras potências ocidentais acusam o Irã de planejar a construção de uma bomba atômica. Teerã nega e diz que seu programa tem fins pacíficos.

Para Ahmadinejad, uma nova rodada de sanções contra seu país seria inútil. "Se elas fossem efetivas, não estaríamos sentados aqui neste momento", disse.

O Conselho de Segurança da ONU já impôs quatro rodadas de sanções contra Teerã para pressionar o governo de Ahmadinejad a suspender o enriquecimento de urânio e voltar às negociações com seis países --EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha-- sobre suas ambições nucleares.

Em julho, o presidente do Irã disse que as negociações começariam em setembro, mas não deixou claro se seu país irá participar. "Não colocamos restrições a negociações", disse ele. "Se ele nos disserem oficialmente que haverá uma reunião conjunta, nos prepararemos para isso".

Ao mesmo tempo, Ahmadinejad que o Irã "aguarda respostas" para perguntas feitas às seis potências nucleares. Segundo ele, o grupo deve deixar claro se "quer criar circunstâncias para aprofundar a amizade ou se deseja criar um clima de confrontação". Além disso, Teerã exige que os seis países "reiterem seu compromisso com o TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear) e deixe clara sua posição "sobre as [supostas] armas nucleares do regime sionista [Israel]".

"As respostas deles não impedem a retomada das negociações, mas certamente definirão o tom das conversas", disse Ahmadinejad.

O líder iraniano defendeu ainda que o governo dos EUA "deve reconhecer que o Irã é uma grande potência".

"Nos consideramos uma influência cultural e um amigo de outros países. Nunca tentamos dominar outros ou violar os direitos de outros países. No entanto, há aqueles que insistem em manter hostilidades contra nós, matando ou destruindo a possibilidade de amizade no futuro. Isso é uma infelicidade, porque está claro que o futuro pertence ao Irã, e que tais inimizades serão infrutíferas", acrescentou.

LIBERDADE E DEMOCRACIA

Na entrevista, Ahmadinejad disse ainda que o Irã é "mais livre que outros países". "Ao se discutir questões como liberdade e democracia, devemos ter em mente que a democracia é o governo da maioria, então uma minoria não pode governar", afirmou.

"No Irã, ninguém perde seu emprego por dar uma declaração que reflita sua opinião. (...) Nesse sentido, a situação no Irã são bem melhores que em outros lugares do mundo".

Ele não mencionou que vários jornais foram fechados e líderes da oposição foram presos depois que dezenas de milhares foram às ruas para protestar contra o governo depois de sua reeleição, em 2009, em um processo mercado por fraudes.

As aparições públicas dos rivais Mir Hossein Mousavi e Mahdi Karroubi foram restritas e seus escritórios foram vasculhados pela polícia em várias ocasiões.

REFÉNS

O presidente iraniano não assumiu responsabilidade direta pela libertação de um dos três americanos mantidos reféns durante um ano, acusados de espionagem.

"Ficamos muito satisfeitos que [a americana] tenha sido libertada", disse ele, referindo-se a Sarah Shourd.

Ela chegou a Nova York neste domingo e deu uma entrevista coletiva negando que tenha cometido qualquer crime no Irã.

"Devido à perspectiva humanitária que escolhemos adotar, ela foi solta após pagar fiança", disse ele. "E esperamos que os outros dois [americanos] possam provar à corte que não atravessarão a fronteira [entre Iraque e Irã] novamente, então eles também poderão ser soltos".

Ahmadinejad ligou o caso ao dos oito iranianos mantidos presos nos EUA.

"Certamente não ficamos felizes quando vemos pessoas nas prisões, onde quer que seja, e isso inclui os prisioneiros nos EUA".

Fonte: Folha
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