O EDGE Group encerrou o Dubai Airshow 2025 consolidado como o principal vetor de transformação da indústria de defesa no Oriente Médio e um dos grupos que mais crescem no cenário global. No ano em que completa seis anos de operação, o conglomerado anunciou compromissos que superam US$ 7 bilhões e apresentou 42 novos produtos que ampliam seu portfólio para mais de 250 soluções, uma expansão de 733% desde 2019.
A mensagem desta edição foi clara: a EDGE não apenas acelera, mas redefine o ritmo da inovação militar na região.
42 novos sistemas: uma expansão calculada da EDGE
Os 42 lançamentos apresentados no Dubai Airshow formam um pacote coerente, pensado para ampliar a autonomia tecnológica dos Emirados e consolidar a EDGE como fornecedora global de soluções completas. Nada é isolado: cada categoria conversa com a outra dentro de um ecossistema industrial intencional.
Autonomia como eixo central
A nova família de sistemas aéreos mostra que a EDGE pretende controlar toda a cadeia operacional: vigilância, ataque de precisão, interceptação e vetores de alcance tático-médio. O JERNAS-M, o VORTEX-E e o STRIKE materializam essa estratégia, mas o recado mais contundente vem do Omen VTOL. Projetado no âmbito da EDGE–Anduril Production Alliance, o Omen inaugura a era do “hover-to-cruise” em escala industrial: mobilidade operacional, integração com a plataforma Lattice orientada por IA e potencial de massificação para redes autônomas embarcadas.
Armas inteligentes com foco em custo, ciclo e tempo de entrega
Ao apresentar WSM-1, DARKWING e THUNDER-ER, a EDGE mira mercados que demandam alcance e precisão sem aceitar cadeias logísticas longas ou custos operacionais elevados. WSM-1 oferece alcance e navegação resiliente; DARKWING é uma solução modular para ataques rápidos e reconfiguráveis; THUNDER-ER converte estoques legados em efeitos de longo alcance. No conjunto, a estratégia é prática: entregar poder de efeito imediato ao cliente, mantendo custo e sustentação sob controle.
Propulsão própria para reduzir vulnerabilidades críticas
A incorporação de motores a pistão, turbinas, microjatos e motores foguete (sólidos, líquidos e híbridos) não é mera diversificação técnica. É uma decisão industrial que dá à EDGE autonomia sobre componentes fundamentais, desde munições vagantes até futuros lançadores suborbitais, e que reduz pontos de vulnerabilidade em cadeias de suprimento sensíveis.
Espaço como camada decisiva da soberania operacional
ZENITH e o progresso do satélite Sirb apontam para uma ambição clara: soberania total na coleta e orquestração de dados espaciais. A plataforma ZENITH foi apresentada como um hub que integra constelações nacionais e comerciais, padroniza ingestão multisensor e entrega quadros operacionais em tempo real. Na prática, os Emirados procuram controlar a cadeia de valor da consciência situacional, evitando dependência externa em momentos críticos.
Sensores e guerra eletrônica com IA nativa
Os lançamentos em radar e EW, exemplificados pelo AL HARRIS X e pelo pod AMES P, mostram a adoção de sensores com processamento embarcado e inteligência aplicada à classificação e predição de trajetórias. A ênfase é reduzir o tempo entre detecção, classificação e efeito, que hoje determina superioridade tática em ambientes contestados.
Comunicações seguras centradas na mobilidade
O KATIM GATEWAY X9000M sintetiza a lógica operacional moderna: criptografia de nível governamental em formato portátil, pensada para forças distribuídas, drones e nós de batalha móveis. É um elemento que assegura que o fluxo de dados da plataforma ao efeito, permaneça protegido e utilizável em cenários de intensidade variável.
21 acordos e presença em novos mercados
O Dubai Airshow confirmou a aposta da EDGE em parcerias para ampliar mercado, tecnologia e capacidade produtiva. Entre os movimentos de maior impacto:
• contrato de US$ 7 bilhões com a Republikorp da Indonésia, o maior acordo internacional da história do grupo;
• MoU e acordos com Indra para ampliar radar, guerra eletrônica e munições inteligentes;
• avanço na criação de uma joint venture com a Leonardo, com intenção de lançamento em 2026 e participação de 51% da EDGE;
• acordos com L3Harris, Lockheed Martin, Korea Aerospace Industries, Hanwha Aerospace, ASELSAN e Magnaghi;
• MoU com a Viettel e outros instrumentos de cooperação no Sudeste Asiático.
No campo sul-americano, a EDGE avançou com contratos e projetos estratégicos: a Marinha do Brasil entrou na fase seguinte do sistema antidrones com a EDGE e o Corpo de Fuzileiros Navais firmou o contrato para solução integrada antitanque, com veículo blindado leve de alta mobilidade, míssil guiado MAX 1.2AC e plataforma de drones ISR com capacidade de ataque.
A EDGE opera em mais de 100 países, emprega 17.900 profissionais de 95 nacionalidades e registrou receitas de US$ 4,9 bilhões em 2025. Sua carteira internacional de pedidos alcança US$ 21,1 bilhões e 76% das vendas do ano foram destinadas à exportação, evidenciando a transformação do grupo em fornecedor global, não apenas regional.
Implicações práticas e estratégicas
A leitura industrial que emerge do Dubai Airshow é simples e objetiva. Primeiro: a EDGE deixou de ser um integrador regional para competir por fatias estratégicas de tecnologia, sensores, propulsão, armas inteligentes e orquestração de dados espaciais. Segundo: a estratégia combinada de produtos e parcerias reduz tempo de entrada no mercado e aumenta pressão sobre fornecedores estabelecidos que dependem de ciclos de desenvolvimento mais longos. Terceiro: o impulso por soberania tecnológica e capacidade de exportação transforma os Emirados de cliente a concorrente e, agora, a fornecedor para países que anteriormente dependiam de fabricantes ocidentais ou de longas cadeias de abastecimento.
Hamad Al Marar, Diretor-Geral e CEO da EDGE, sintetizou a ambição: “Investimos em pessoas, tecnologia e parcerias para transformar os setores aeroespacial e espacial. Em 2027, avançaremos ainda mais.”
O Dubai Airshow 2025 mostrou que a EDGE está em fase de consolidação industrial: não se trata apenas de lançar produtos, mas de costurar uma base tecnológica e logística que permita escalar soluções críticas com rapidez. Para competidores e clientes, a leitura é direta — há um novo fornecedor global que opera com prazos curtos, foco em autossuficiência e amplo apetite por exportação.
GBN Defense - A informação começa aqui








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