quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Governo avisa ministra francesa que Rafale está no páreo


O adiamento da decisão sobre o projeto FX-2, a compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), não significa mudança na "relação estratégica" entre Brasil e França, e os aviões franceses Rafale ainda são os que parecem apresentar melhor oferta de transferência de tecnologia, asseguraram interlocutores do governo brasileiro à ministra de Relações Exteriores da França, Michèle Alliot-Marie. Ela foi recebida pelo ministro da Defesa, Nélson Jobim, pelo ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, e, em deferência especial, pela presidente Dilma Rousseff.

A "relação estratégica" da França pode ser medida pelo apoio francês a um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas, fez questão de dizer Alliot-Marie, na curta entrevista que se seguiu ao encontro com Patriota, no qual os dois ministros falaram, principalmente, de questões globais, como a crise nos países árabes. O apoio ao assento no conselho marca uma diferença entre a França e os Estados Unidos, outro forte concorrente ao fornecimento de caças para a FAB.

A conversa com a ministra francesa ocorre a menos de um mês da visita ao Brasil do presidente dos EUA, Barack Obama, que tem na oferta de venda dos caças fabricados pela americana Boeing um dos principais temas da visita.

Oficialmente, ontem, a única manifestação do governo brasileiro sobre os caças foi uma nota oficial de Jobim, em que o ministro diz que a decisão será tomada "em momento oportuno" e que as restrições orçamentárias não deixam espaço para uma decisão "de curto prazo" sobre o projeto FX-2. Na conversa com Jobim, porém, a ministra ouviu críticas à oferta de transferência tecnológica dos EUA, que, segundo o ministro, foi feita pelo Executivo, mas pode ser alterada por pretextos políticos pelo Congresso americano.

Jobim também criticou, na conversa com a ministra francesa, o outro projeto concorrente, o sueco Gripen, por ter componentes de muitos países, que, na opinião dele, dificultaria a negociação da transferência de tecnologia. Ele insistiu que, "além do preço", a capacitação tecnológica no Brasil é fundamental para a escolha dos novos caças. "No caso francês, a transferência não é promessa, é realidade", disse Alliot-Marie, lembrando que esse tipo de troca já está em curso no projeto franco-brasileiro de uma frota de submarinos.

A ministra voltou ao assunto na entrevista com o chanceler Patriota, em que garantiu autorização ao Brasil para alterar o projeto do Rafale e até vender o caça a terceiros países, sem restrições.

Fonte: Valor Econômico
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