domingo, 20 de fevereiro de 2011

Defesa aérea frágil é principal problema


O poderio militar brasileiro está obsoleto, mas também não tem ameaças imediatas ou competidores avançados na região. Sofre gravemente em setores como defesa aérea, mas tem algumas ilhas de excelência.

Há dois focos usados para justificar o reequipamento: a defesa do pré-sal e a Venezuela. Nos últimos anos, muito se falou do alinhamento de Hugo Chávez com a Rússia, que passou a lhe fornecer equipamento militar.

Os mais vistosos negócios são a aquisição de 24 caças Sukhoi-30, os mais poderosos do continente, e sistemas antiaéreos de ponta.

Nesse quesito, defesa aérea, o Brasil tem sua maior fragilidade. Dispõe de 66 lançadores portáteis de mísseis russos Igla, de curto alcance, e canhões antiaéreos antiquados. O Exército, responsável pelo setor, analisa a compra de sistemas russos similares aos da Venezuela, mas lentamente.

Os mais de 200 tanques de segunda mão que o Brasil comprou da Alemanha serviriam muito pouco no caso de um agressor com poder aéreo razoável atacar. Aliás, como a Argentina levaria décadas para voltar a ser uma preocupação estratégica, a aquisição não combina com as prioridades da Força terrestre, como a Amazônia.

Os Mirage-2000 baseados em Anápolis resolvem problemas pontuais no caso de alguém atacar Brasília, mas não passam muito disso. Há buracos no reabastecimento aéreo e transporte.

Melhor se saem os antigos caças F-5 modernizados no Brasil. Tendo derrotado aviões modernos em exercícios simulados, inclusive o Rafale oferecido à FAB, eles deverão "segurar as pontas" quando os Mirage forem aposentados a partir de 2015-16.

É nesse contexto que existe pressa para a escolha dos novos aparelhos, porque sua adoção é gradual e os F-5 não devem voar depois de 2020.

Concebida no espaço de atuação do Sivam na Amazônia, a vigilância feita pelos aviões-radar R-99 em conjunto com SuperTucano e F-5, ambos da Embraer, não tem rivais locais.

A Marinha opera submarinos convencionais eficazes e conseguiu manter seus navios atualizados. E já toca a renovação de sua frota submarina, dentro do acordo militar de 8,5 bilhões de euros (R$ 20 bilhões) assinado com a França em 2009.

"A intenção de ter um submarino nuclear (em 2025) colocará o Brasil como a nação mais poderosa em termos navais na região", disse Russell Jones, analista de América Latina da consultoria Jane"s.

SEM AMEAÇAS

Comunicações são um problema, com Exército e Marinha visando ampliar capacidades com planos bilionários. Há ainda bases aéreas grandes no Sul-Sudeste, refletindo uma ideia antiga de guerra com a Argentina.

Não existe, porém, ameaça direta ou mesmo capacidade de algum de nossos vizinhos de nos causar problemas mesmo em simulações delirantes de conflitos.

Diferentemente da maioria dos analistas, o chefe de Jones afirma que há uma corrida armamentista em curso na América Latina. "Mas acho que ela não diz respeito a perigos no futuro, mas a movimento do Brasil para assumir a posição de primazia diplomática nos assuntos da região", disse Guy Anderson.

Seja como for, nada disso se compara ao colosso militar ao norte, os EUA. A última superpotência, que pode destruir o mundo com suas 5.000 ogivas nucleares, gasta 25 vezes mais com suas forças do que o Brasil -e sete vezes mais que a segunda colocada, a badalada China.

Fonte: Folha
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