segunda-feira, 14 de julho de 2025

Rússia prepara nova ofensiva de grande escala na Ucrânia

O Kremlin pode estar prestes a abrir uma nova fase do conflito na Ucrânia. De acordo com informações divulgadas pelo jornal alemão Bild, com base em postagens de blogueiros militares russos com fontes dentro das Forças Armadas, generais teriam sugerido ao presidente Vladimir Putin o lançamento de uma grande ofensiva ainda neste verão europeu. O plano, segundo essas fontes, envolve uma série de ataques coordenados em várias frentes, com o objetivo de ampliar a zona de controle russo até as fronteiras administrativas das regiões reivindicadas e impedir que a Ucrânia mantenha qualquer saída para o Mar Negro.

A operação incluiria ações militares nas regiões de Sumy, Kharkiv e Dnipropetrovsk, que até então não estavam entre os territórios formalmente reclamados pela Rússia, e teria como principal alvo a cidade portuária de Odessa, cuja captura representaria um golpe logístico e simbólico para Kiev.

Plano de ofensiva envolve redesenho estratégico e reforço com tropas estrangeiras

Segundo o blogueiro Maxim Kalashnikov, o Estado-Maior russo teria elaborado uma proposta para avançar sobre essas áreas antes do início das chuvas de outono, que historicamente dificultam operações móveis no leste europeu. O plano contemplaria também a substituição de tropas regulares por guardas de fronteira, criando uma reserva estratégica que poderia ser utilizada na ofensiva e abrindo espaço para a inserção de tropas estrangeiras, entre elas militares norte-coreanos.

Eles propõem que guardas de fronteira sejam designados para a operação, o que substituiria os soldados norte-coreanos”, afirmou Kalashnikov.

De acordo com as fontes citadas, o próprio Putin teria sido informado diretamente sobre a proposta pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas.

Ainda segundo Kalashnikov, o plano prevê uma zona-tampão militar nas regiões que serviriam como corredor de penetração para o avanço russo, enquanto operações aéreas simultâneas seriam realizadas para tentar paralisar a retaguarda das forças ucranianas. No entanto, ele demonstra ceticismo quanto à eficácia da estratégia.

Nossa superioridade numérica não resolve o problema. Não colocamos nossas forças em ordem, portanto, não podemos garantir o isolamento das zonas de combate”, escreveu o analista.

Odessa: o principal objetivo estratégico

A tentativa de capturar Odessa, embora arriscada, representa uma oportunidade estratégica de longo alcance para o Kremlin. Trata-se de um dos principais portos ucranianos, essencial para o escoamento de grãos e produtos industriais. Sua perda não apenas prejudicaria severamente a economia ucraniana, como também transformaria a Ucrânia em um país sem acesso direto ao mar, enfraquecendo sua posição geopolítica no Mar Negro e nas futuras negociações de paz.

Além disso, o controle de Odessa permitiria à Rússia estabelecer uma ligação terrestre contínua entre a Crimeia, o Dombass e o sul da Ucrânia, consolidando sua presença na costa e abrindo possibilidades logísticas para o envio de suprimentos e tropas.

Aliança com a Coreia do Norte se consolida com envio de armas e combatentes

O plano de ofensiva ganha novo peso diante da aproximação entre Moscou e Pyongyang. O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, visitou recentemente a Coreia do Norte e foi recebido por Kim Jong-un, que declarou apoio incondicional à Rússia na guerra contra a Ucrânia.

Segundo Lavrov, o regime norte-coreano tem fornecido munições, mísseis, armamentos diversos e até milhares de soldados, que já teriam sido empregados em combates na região russa de Kursk, próximo à fronteira com a Ucrânia.

Essa colaboração, embora sem reconhecimento oficial por parte da Rússia ou da Coreia do Norte nos fóruns internacionais, acirra tensões globais e sinaliza o surgimento de um eixo militar entre potências revisionistas, incluindo ainda o Irã e, em parte, a China.

Putin teria confirmado ofensiva a Trump

As informações divulgadas pelos blogueiros russos são reforçadas por uma reportagem do site norte-americano Axios, segundo o qual Putin teria informado ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que lançaria uma grande ofensiva nos próximos 60 dias. A conversa teria ocorrido recentemente e, conforme apurado, levou Trump a endurecer seu discurso contra Moscou, inclusive durante reuniões com líderes europeus.

Putin mencionou que nos próximos 60 dias retomará os esforços para ocupar territórios até as fronteiras administrativas das regiões ucranianas onde a Rússia tem uma posição estratégica”, afirma a matéria.

O próprio Trump teria dito ao presidente francês Emmanuel Macron: Ele quer tomar tudo”.

Análise do GBN: o conflito na Ucrânia em 2025 e as perspectivas para o segundo semestre

Cenário militar: estagnação tática e tentativa de mudança russa

Desde o segundo semestre de 2023, o conflito entrou em uma fase de estagnação militar, com ofensivas localizadas, desgaste contínuo de equipamentos e recursos, e altas taxas de baixas para ambos os lados. A Ucrânia enfrenta dificuldades para manter seu ritmo de defesa sem os volumes de ajuda militar que recebia anteriormente, enquanto a Rússia busca formas de recuperar a iniciativa operacional sem comprometer a estabilidade política interna.

A nova ofensiva seria uma tentativa do Kremlin de quebrar esse impasse, especialmente antes das eleições presidenciais russas de 2026.

Capacidade russa: superioridade em números, não em qualidade

Apesar de contar com maior volume de tropas, indústria bélica ativa e apoio externo, a Rússia ainda sofre com problemas logísticos, comando fragmentado e ausência de supremacia aérea. O fracasso em suprimir a defesa aérea ucraniana nas ofensivas anteriores limitou os ganhos territoriais.

Sem avanços aéreos consistentes, uma nova ofensiva terrestre corre o risco de repetir o padrão dos anos anteriores: ganhos iniciais, seguidos de contra-ataques e elevado custo humano.

A Ucrânia: dependência do Ocidente e risco de isolamento no sul

A Ucrânia permanece resiliente, mas cada vez mais dependente de ajuda militar e financeira dos EUA, União Europeia e aliados da OTAN. O envio de sistemas como Patriot, NASAMS, HIMARS, Leopard 2 e F-16 ajudou a equilibrar o campo de batalha, mas a escassez de munições e a dificuldade de reposição de tropas treinadas comprometem sua capacidade de manter linhas de frente extensas.

Se perder Odessa, a Ucrânia pode ver seu acesso ao comércio internacional drasticamente reduzido, obrigando-se a depender de rotas terrestres via Polônia e Romênia.

A aliança Rússia-Coreia do Norte e riscos de escalada

A entrada da Coreia do Norte como parceira militar ativa da Rússia representa um marco perigoso. O envio de tropas e armamentos para um teatro de guerra europeu pode ser interpretado por países como Japão, Coreia do Sul e EUA como um desafio direto à estabilidade da Ásia e da ordem internacional.

Além disso, essa aliança fortalece o chamado “eixo antiocidental”, ao lado de Irã e, em menor grau, China, consolidando um bloco de resistência às sanções e ao modelo liberal de segurança internacional promovido pelo Ocidente.

A possível nova ofensiva russa representa mais do que uma operação militar: é uma tentativa estratégica de reverter a maré da guerra, consolidar ganhos territoriais e aumentar o poder de barganha do Kremlin em um futuro processo de paz. O envolvimento da Coreia do Norte adiciona uma dimensão internacional alarmante ao conflito, que pode afetar não apenas a Europa, mas também o equilíbrio de poder na Ásia.

Com a janela de ação se fechando antes do outono, as próximas semanas serão decisivas para o rumo da guerra, e para o futuro da ordem Global.


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com agências de notícias




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