A tensão no Oriente Médio atingiu novos patamares nesta quarta-feira (18), com o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rejeitando de forma veemente a exigência de rendição incondicional feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração de Khamenei veio em meio a uma escalada militar sem precedentes entre Israel e Irã, que já deixou centenas de mortos e milhares de civis deslocados.
Em seu primeiro pronunciamento público desde sexta-feira (13), transmitido pela televisão estatal iraniana, Khamenei, de 86 anos, afirmou que "qualquer intervenção militar dos EUA será, sem dúvida, acompanhada de danos irreparáveis". O líder também criticou o tom ameaçador adotado por Washington: "Pessoas inteligentes que conhecem a história do Irã nunca falarão com esta nação em linguagem de ameaça, porque a nação iraniana não se renderá", declarou.
Confronto direto e crise humanitária
Enquanto o discurso acontecia, milhares de iranianos enfrentavam congestionamentos nas rodovias que saem de Teerã, fugindo dos ataques aéreos israelenses mais intensos desde a guerra Irã-Iraque na década de 1980. Segundo o Exército israelense, cerca de 50 caças realizaram bombardeios em 20 alvos estratégicos na capital iraniana durante a noite, incluindo instalações de produção de mísseis.
Do outro lado, o Irã intensificou os ataques de retaliação. Desde a última sexta-feira, cerca de 400 mísseis foram disparados em direção a Israel, com pelo menos 40 deles perfurando as defesas aéreas. As autoridades israelenses confirmaram a morte de 24 civis, vítimas de ataques que atingiram áreas densamente povoadas como Tel Aviv e Ramat Gan. Sirenes de alerta e abrigos improvisados tornaram-se parte do cotidiano da população israelense nos últimos dias.
Risco de guerra regional
A situação ganhou contornos ainda mais preocupantes com a possibilidade de uma intervenção militar direta dos Estados Unidos. Trump, que inicialmente falava em buscar uma solução diplomática, passou a adotar um discurso mais agressivo nas redes sociais. Em uma publicação na terça-feira, o presidente norte-americano chegou a sugerir um ataque direto contra Khamenei, escrevendo: "Sabemos exatamente onde o chamado 'Líder Supremo' está escondido. Não vamos matá-lo... por enquanto."
Fontes próximas ao governo americano revelaram que Trump e seus assessores avaliam opções militares que incluem ataques conjuntos com Israel a instalações nucleares iranianas. Especialistas alertam que os EUA possuem capacidades bélicas que Israel não detém, como a utilização de bombas de penetração profunda capazes de destruir instalações fortificadas como a usina de enriquecimento de Fordow, construída sob uma montanha.
Preocupação internacional
A comunidade internacional acompanha com preocupação a rápida deterioração do cenário. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou que o mundo está "a milímetros de uma catástrofe" e pediu moderação de todas as partes envolvidas. Já o governo alemão apelou a Teerã por garantias claras de que não está buscando uma arma nuclear e por um retorno às negociações.
Enquanto isso, o Irã ameaça utilizar sua posição estratégica no Golfo Pérsico para restringir o trânsito de petroleiros pelo Estreito de Ormuz, o que pode impactar seriamente o mercado global de petróleo. O ex-ministro da Economia iraniano, Ehsan Khandouzi, chegou a sugerir, em publicação na rede social X, a imposição de autorizações obrigatórias para os navios que transitam pela região.
Censura e controle interno no Irã
Diante do agravamento da crise, o governo iraniano vem reforçando o controle interno. Foi imposta uma proibição à filmagem de áreas atingidas pelos ataques israelenses, numa tentativa de evitar o pânico e controlar a narrativa da guerra. Limitações à venda de combustível também foram adotadas para evitar escassez.
Oficialmente, o Irã contabiliza ao menos 224 mortos em território nacional, a maioria civis. Contudo, o número real pode ser bem maior, já que os dados oficiais não são atualizados há dias.
Um conflito sem precedentes
O conflito atual representa uma mudança histórica no padrão das hostilidades entre Irã e Israel. Pela primeira vez, os ataques deixaram de ser conduzidos exclusivamente por forças intermediárias ou em guerras por procuração, evoluindo para confrontos militares diretos entre os dois países.
Com o aumento das hostilidades e o tom cada vez mais agressivo de Washington, cresce o temor de que o mundo esteja à beira de um novo conflito de grandes proporções no Oriente Médio.
GBN Defense - A informação começa aqui
com Reuters e AFP
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