quinta-feira, 24 de março de 2011

EUA e europeus divididos sobre comando de ataques a Líbia


A proposta de que a OTAN encabece as ações militares, defendida por Estados Unidos e Inglaterra, é rechaçada por França, Turquia e Alemanha. O governo de Nicolas Sarkozy deseja que o comando fique nas mãos de um grupo político no qual estão envolvidos os ministros de Relações Exteriores da coalizão e da Liga Árabe. Além disso, o primeiro ministro francês, François Fillon, afirmou que uma força de ocupação terrestre foi explicitamente excluída.

A coalizão ocidental que participa da operação “Alvorada da Odisseia” contra o regime líbio de Muammar Kadafi continua dividida a respeito da estratégia no país norteafricano e de quem deve ficar no comando das operações militares. Estados Unidos e Inglaterra defendem que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) desempenhe um papel chave, mas França, Turquia e Alemanha se opõem a essa proposta.

Bem Rhodes, porta-voz da Casa Branca, informou que o presidente Barack Obama conversou com o primeiro ministro britânico David Cameron, que se mostrou favorável a que a aliança atlântica exerça um papel chave no comando da operação militar na Líbia. Obama, que se encontra em El Salvador em um giro pela América latina, sustentou que os vôos sobre a Líbia foram reduzidos significativamente e que a coalizão internacional está perto de implantar a zona de exclusão aérea para proteger os civis líbios.

No entanto, a proposta de que a OTAN encabece as ações militares é rechaçada por França, Turquia e Alemanha. O governo de Nicolas Sarkozy deseja que o comando fique nas mãos de um grupo político no qual estão envolvidos os ministros de Relações Exteriores da coalizão e da Liga Árabe. Além disso, o primeiro ministro francês, François Fillon, afirmou que uma força de ocupação terrestre foi explicitamente excluída.

Alguns analistas assinalaram que a posição de Sarkozy contrária a que a OTAN tenha um papel importante na Líbia, tem o duplo objetivo de ganhar imagem política e prolongar a liderança de Paris dentro da coalizão.
Por enquanto, Espanha, Ucrânia, Noruega, Bélgica e Emirados Árabes Unidos, notificaram o secretário geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, seu apoio à intervenção militar com base na resolução 1973.

Enquanto isso, os embaixadores dos 28 países membros da OTAN concordaram em realizar um esforço coordenado de unidades navais diante da costa da Líbia para assegurar o cumprimento do embargo internacional de armas. Não obstante, a OTAN segue sem chegar a um acordo sobre o que fazer para participar da operação internacional para estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre esse país com o objetivo de proteger a população civil.

Recep Tayvip Erdogan, primeiro ministro da Turquia, reiterou ontem seu rechaço a que a OTAN assuma a liderança dos ataques aéreos contra a Líbia. A Argélia, por sua vez, pediu a interrupção imediata das hostilidades e da intervenção estrangeira. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Jiang Yu, exigiu uma trégua ao declarar-se profundamente preocupada com os ataques militares da coalizão e as vítimas entre a população civil.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que a ofensiva lançada pelos Estados Unidos e seus aliados europeus contra a Líbia tem como objetivo apoderar-se não só do petróleo, mas também da água doce desse país. Já o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, chamou de truculentos os Estados Unidos, a França e a Inglaterra pelo ataque contra a Líbia e pediu o fim dos bombardeios para iniciar um diálogo que leve à paz.

Fonte: Carta Maior
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