sexta-feira, 21 de maio de 2021

Rafale e S-400 - A espinha dorsal da defesa indiana no complexo cenário geoestratégico regional?


A Índia tem investido pesado na modernização de suas capacidades de defesa, não apenas adquirindo novos meios de defesa, mas incorporando novas capacidades tecnológicas a sua indústria de defesa. Diante deste processo de reaparelhamento e introdução de novas capacidades de doutrinas de defesa, a Índia tem investido em sistemas de diversas origens, diversificando seus fornecedores. Mas determinadas compras em especial, foram feitas com objetivo de garantir de forma imediata poder de resposta e a sua integridade territorial.

Dentre estas destacamos dois contratos em especial, não apenas pela capacidade dos sistemas envolvidos, mas pela urgência com a qual a Índia tomou a decisão e vem tentando acelerar o recebimento destes, como é o caso dos sistemas de defesa aérea russa S-400 e os caças multifuncionais Dassault Rafale franceses.

A Índia deve receber a primeira bateria do sistemas de defesa aérea S-400 "Triumph" (SA-21 "Growler" no código da OTAN) ainda este ano. Embora a Índia tenha solicitado a entrega antecipada do S-400 devido às tensões crescentes com a China no leste de Ladakh, a Rússia não foi capaz de antecipar a entrega do S-400, principalmente devido as restrições de produção impostas pela pandemia do Covid-19, a qual impactou no ritmo de produção.

O sistema de defesa aérea S-400, tem sido considerado um dos mais avançados de seu tipo, sendo adquiridos também pela Turquia, o que levou a expulsão dos turcos do programa JSF e a negativa da entrega dos caças F-35A a Turquia. Os indianos após avaliar as opções no mercado, decidiram pela aquisição do S-40, firmando um acordo avaliado em 5,43 bilhões de dólares com a Rússia durante a 19ª Cúpula Bilateral Índia-Rússia em 2018.

A Índia também está criando dois esquadrões equipados com caças Dassault Rafale de fabricação francesa, frutos de um acordo estimado em 7,8 bilhões de Euros com a Dassault. A compra dos Rafale, no entanto ficaram muito aquém do que se previa no escopo do programa MMRCA, o qual visava inicialmente a aquisição de 126 aeronaves, foi definido em apenas 36 aeronaves, onde o custo unitário superou a casa dos 240 milhões de dólares! O dobro do valor inicialmente previsto pelo programa, abrindo uma grande polêmica interna.

O Rafale, assim como o S-400, tem sido considerados a ponta de lança na capacidade de defesa indiana, representando para alguns como um ponto de virada nas capacidades da Índia frente aos seus dois principais adversários, China e Paquistão.

O Binômio S-400 / Rafale 

Com um alcance de detecção que se estende por até 600 km, o S-400 oferece a Índia uma capacidade ímpar de controle do espaço aéreo, tornando capaz monitorar o momento em que uma aeronave ou um míssil decolar do Paquistão. O sistema de defesa aérea apresenta grande capacidade de mobilidade, capaz de ser rapidamente deslocado para um ponto determinado e em poucos minutos ser colocado em operação full, seja para criar uma zona de defesa, ou mesmo para ofensivamente.

Todos os radares, sistemas auxiliares e lançadores do S-400 são montados em caminhões com plataformas todo terreno 8×8, tornando-os difíceis de serem rastreados e destruídos.

O sistema radar 92N6E eletronicamente dirigido integrado ao sistema S-400, pode detectar e acompanhar até 300 objetivos cobrindo uma área de 600 quilômetros, lançando quatro tipos diferentes de mísseis de acordo com tipo de ameaça e alcance.

Uma bateria S-400 consiste em um radar de longo alcance, um posto de comando, radar de aquisição de alvos e duas baterias de lançadores com cada lançador tendo quatro tubos.

O acordo com a Índia estimado em cerca de 5,4 bilhões de dólares envolve a entrega de cinco baterias de S-400, com cada bateria contando com 9 veículos lançadores e 120 mísseis.

O sistema de mísseis S-400 contém uma variedade de mísseis, como o 48N6DM (48N6E3), que é uma versão atualizada do 48N6M com um novo sistema de propulsão com capacidade de atingir alvos dentro do alcance de 250 km. Ele também emprega os mísseis do sistema predecessor S-300PMU.

O míssil de maior alcance no S-400 é o 40N6, com capacidade de atingir 400 km. O míssil usando seu radar ativo pode interceptar alvos aéreos a grandes distâncias e alvos com grande capacidade de interferência eletrônica, como é o caso das aeronaves J-STARS, AWACS, "Growler" que possuem sistemas jammers poderosos, além de outros alvos sofisticados.

Com seus mísseis superfície-ar de médio alcance, 9M96E e 9M96E2, o S-400 pode atirar em alvos aéreos com um acerto de alta precisão a um alcance máximo de 120 km. Com esse poder de fogo, o S-400 é capaz de destruir qualquer aeronave hostil que se aproxime, mísseis (incluindo mísseis nucleares), aeronaves furtivas e drones dentro de um alcance de 400 km.

A adição de caças Rafale é uma resposta as necessidades  da Força Aérea Indiana (IAF), claramente identificadas durante a escaramuça de Balakot, quando a Índia perdeu um caça durante o embate contra os paquistaneses.

Os papéis do S-400 e do Rafale são completamente diferentes, enquanto o S-400 tem o papel principal de defesa aérea, algo similar ao papel desempenhado pelo Iron Dome em Israel (embora com alcance muito menor), os Rafales são caças multifuncionais normalmente destinados a funções ofensivas.

Com seus recursos, como aviônicos avançados, radares e sistemas de armas de longo alcance, o Rafale será um recurso formidável para a IAF. Os S-400, por outro lado, complementariam os Rafales neutralizando qualquer alvo no ar, como caças, reabastecedores ou sistemas AWACS.

A suíte de guerra eletrônica e a manobrabilidade incomparável do Rafale permite que a aeronave "use o terreno montanhoso do Tibete em seu benefício e cegue o inimigo antes que a aeronave de ataque da Índia penetre o espaço aéreo hostil para realizar suas missões.

O número cada vez menor de aeronaves disponíveis nas linhas de voo da IAF, podem ser contra balançadas pelo S-400, que compensaria as deficiências em aeronaves de caça em serviço com a IAF e diminuirá a carga defensiva imposta aos esquadrões.

O S-400 atuará como guarda-chuva da defesa aérea da Índia e o principal constituinte da grade de defesa da IAF, dando proteção contra potenciais  ameaças adversárias, incluindo as oriundas da China ou Paquistão. O sistema representa um salto tecnológico significativo até mesmo para seu antecessor, o S-300, e tem uma taxa de disparo 2,5 vezes mais rápida.

O Binômio S-400 / Rafale, confere à Índia uma capacidade ímpar de controle do espaço aéreo e resposta as potenciais ameaças representadas por seus vizinhos.


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com informações de agências de notícias

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