sábado, 17 de outubro de 2020

A Segunda Guerra por Nagorno-Karabakh, duas semanas adentro

Algumas considerações sobre a guerra no Cáucaso entre Armênia e Azerbaijão.

Azerbaijão e Armênia já estão em guerra faz mais de duas semanas, com fatalidades se acumulando de ambos os lados. Na manhã de 27/09/2020, o Azerbaijão lançou uma ofensiva através da linha de contato dominada pelos militares armênios e forças locais pertencentes à região autônoma de Nagorno-Karabakh (também referida como a auto-declarada "República de Artsakh). A luta é a mais acirrada desde a Guerra de Karabakh de 1992 a 1994, englobando toda a linha de contato, usando artilharia, mísseis e drones bem além da fronteira com a Armênia. Esta guerra se dá com armas modernas, representando um conflito convencional de larga escala entre dois Estados, e que certamente mudará o status quo estabelecido a um bom tempo. A Turquia apoia o Azerbaijão, buscando ganhos políticos através do conflito. A Rússia tenta equilibrar as relações com todas as partes enquanto apoia mais abertamente a Armênia, e por um tempo conseguiu paralisar o conflito, mas isso já é inviável.

Essa disputa que já se prolonga por 3 décadas ocorre devido a uma região, de população majoritariamente armênia, que tinha uma certa autonomia dentro da República do Azerbaijão, que era parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). No final dos anos 1980, esta região votou pela união com a Armênia ao invés de permanecer com o Azerbaijão. Com o colapso da URSS, a recém-independente República do Azerbaijão acabou por incorporar esta região. Uma sangrenta guerra entre Azerbaijão e Armênia acabou resultando no controle armênio sobre Karabakh e também sobre áreas circunvizinhas que ainda hoje são reconhecidas internacionalmente como sendo partes do Azerbaijão. Desde então, escaramuças e embates têm acontecido, mas numa guerra basicamente "fria", até 2016.

Em 2016, o Azerbaijão lançou uma ofensiva limitada, conquistando montes estratégicos e testando a habilidade de suas forças de enfrentar frontalmente as forças da Armênia. Em tempos mais recentes, em julho deste ano, os embates foram bastante sérios, resultando em um cessar-fogo mediado pela Rússia, que deveria ser seguido por negociações bilaterais. Embora a Armênia não reconhece oficialmente Artsakh como um país independente, tem se mostrado desinteressada em negociar com o Azerbaijão, e sua liderança politicamente inexperiente, principalmente seu  Primeiro-Ministro, fizeram declarações que aumentaram as tensões. Uma semana antes do começo da guerra, o Azerbaijão mobilizou suas reservas, sinalizando que se preparavam para uma operação.

Figura 1: Mapa do Cáucaso (Wikimedia) 

É improvável que esta guerra se torne com conflito regional mais abrangente, mas não é apenas uma guerra entre duas republiquetas. Pelo contrário  são forças consideráveis, empregando tanques (carros de combate), artilharia, TBM (mísseis balísticos táticos), MLRS (lançadores múltiplos de foguetes), IFV (veículos de combate de infantaria), APC (veículos blindados de transporte de tropas), etc. Ademais, a Turquia forneceu mercenários sírios, veteranos de guerra, para auxiliar o Azerbaijão. Também há F-16 turcos no Azerbaijão, o que sugere que Ancara está fornecendo ajuda direta para o Azerbaijão. Moscou até conseguiu um cessar-fogo humanitário, mas as hostilidades só pararam por tempo suficiente para ambos os lados se recuperarem e ressuprirem para retomar a luta.

Embora seja tão recente, a guerra já aumentou de intensidade a ponto de incluir ataques a cidades, ataques com MLRS de alto calibre, e o uso de TBM. Boa parte do terreno é montanhoso, altamente favorável a um defensor entrincheirado e apoiado por artilharia e mísseis, mas tais posições também são muito vulneráveis a ataques aéreos. Embora a pressão por um cessar-fogo mais duradouro tenha aumentado, inclusive pelo Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação Europeia, até o momento da escrita deste artigo não havia um fim à vista. A batalha provavelmente se tornará mais existencial para ambos os lados, devido ao aumento dos custos militares, econômicos e políticos.

Esta breve análise operacional da atual rodada de combates e o equilíbrio militar dos dois lados. A ofensiva de armas combinadas inicial do Azerbaijão contra as forças da Armênia não se traduziu em ganhos territoriais, mas conseguiu empurrar as forças armênias no sul, próximo à fronteira com o Irã. Forças do Azerbaijão conquistaram ganhos menores ao orte, e em um terceiro setor da linha de fronteira, mas as alegações são difíceis de confirmar devido às várias alegações falsas de ambos os lados. Além do avanço ao sul, o Azerbaijão conseguiu avançar suas forças por alguns quilômetros entre Madaghiz e Merdinli.

A força de drones (VANT, RPV, UAV) do Azerbaijão vem atacando pesadamente as forças da Armênia, que só estavam protegidas por defesas aéreas antiquadas. Ambos os lados empregaram MLRS de grande calibre, munições cluster e TBM um contra infraestruturas críticas do outro. Embora a força de blindados e as defesas aéreas da Armênia estejam sendo corroídas, o Azerbaijão não conseguiu tornar estas vantagens táticas em ganhos estratégicos. Assaltos terrestres têm custado caro, e ao invés de uma blitzkrieg se tornou uma guerra de atrito. Este conflito nos permite chegar a algumas conclusões importantes sobre a guerra moderna, principalmente a nível tático, que devem ser analisadas criteriosamente.

 

O EQUILÍBRIO MILITAR

De modo geral, o Azerbaijão tem superioridade qualitativa e quantitativa sobre a Armênia, em termos de equipamentos. Embora a diferença relativa entre as forças armadas não seja enorme, com Azerbaijão tendo 80 mil tropas e a Armênia 65 mil, o Azerbaijão também conseguiu vários mercenários sírios, enviados através da Turquia, enquanto que a Armênia rapidamente conseguiu tropas de Nagorno-Karabakh. Ainda mais importante é o fato que o Azerbaijão teve um salto qualitativo desde 2010, principalmente devido a compras de equipamentos da Rússia, Turquia e Israel. Assim, os tanques, APC, IFV e outros veículos do Azerbaijão são superiores aos da Armênia.

O Azerbaijão também conseguiu superioridade quantitativa sobre a Armênia em termos de artilharia autopropulsada e MLRS. A Armênia também tem tais sistemas, mas em números muito inferiores. Sistemas de calibres maiores, como o BM-30 Smerch comprados da Rússia, conseguem atingir alvos bem além da linha de frente.

A Armênia pode ter uma ligeira vantagem em termos de TBM. O país tem uma brigada de Iskander-E (ao menos 8 lançadores, cada um com 2 mísseis), com alcance o bastante para atingir alvos em quaisquer partes do Azerbaijão (o alcance máximo do míssil é acima de 300 km). As Forças Armadas da Armênia também dispõem de 8 dos obsoletos SS-1C Scud-B, e pelo menos 4 Tochka-U, com alcance de 120 km. O Azerbaijão tem 3 Tochka, além de TBM israelenses LORA. Tais armas permitem que um lado ameace as infraestruturas críticas e centros populacionais do outro, e já usaram tais armas um contra o outro.

O Azerbaijão tem uma vantagem inquestionável em termos de quantidades de aeronaves e helicópteros de ataque, mas ambos os lados dispões de sistemas de defesas aéreas que desencorajam o uso em larga escala de aviação tripulada.

Consequentemente, drones têm cumprido um papel de destaque nesta guerra. O Azerbaijão adquiriu os mais diversos drones israelenses. Baku dispõe de drones MALE (média altitude, longa autonomia) como o Hermes-900 e o Heron; munições persistentes ('drones kamikaze') como o Orbiter 1K, SkyStriker e Harop; e UCAV (drones armados) como o Bayraktar TB2 turcos. Além disso, o Azerbaijão também converteu seus obsoletos Antonov An-2, um avião a hélice biplano, em drones descartáveis. A Armênia dispõe de alguns drones de produção local, mas de modo geral são de performances muito inferiores aos israelenses. 

Figure 2: forças militares (elaborada pelo autor)

 

AS LUTAS ATÉ O MOMENTO

A ofensiva do Azerbaijão pode ser dividida em várias etapas. Nos primeiros três dias, suas tropas tentaram um assalto terrestre com formações blindadas, com fogo de apoio de artilharia, drones armados e drones kamikaze. As tropas armênias recuaram das linhas de defesa no sudeste e norte das áreas sob seu controle, mas seus mísseis antitanque causaram baixas entre as formações azeris. O Azerbaijão passou a atacar as defesas aéreas armênias, destruindo 13 sistemas de curto alcance (Osa-AKM e Strela-10), mas ainda evitaram usar sua aviação de combate. De modo geral, a ofensiva inicial custou muitos blindados, mas os ganhos foram limitados.

Entre o final do terceiro dia e o começo do sexto dia, as partes se envolveram numa guerra posicional, com o lado armênio conseguindo algum progresso no norte, marcando a segunda etapa das hostilidades. A maior contra-ofensiva armênia aconteceu no quarto dia. Assim que os blindados e peças de artilharia armênios começaram a manobrar em regiões abertas, ficaram vulneráveis aos drones armados, drones kamikaze e os drones que designavam alvos para a artilharia. Os antiquados sistemas de defesa aérea armênios não conseguiram proteger suas formações, o que resultou em perdas consideráveis. Até o momento, a Armênia perdeu 84 tanques, além de vários MLRS e peças de artilharia, em contraste com 13 a 15 sistemas de defesa aérea, o que sugere que havia poucos de tais sistemas em relação ao tamanho da força blindada. 

Figura 3: Mapa do conflito (Wikimedia)

O sexto dia começou mostrando uma certa exaustão de ambas as partes, mas neste ponto o Azerbaijão começou a bombardear Stepanakert, capital de Artsakh, com MLRS de 300 mm. Ademais, o Azerbaijão usou o TBM israelense LORA para destruir uma ponte entre a Armênia e Artsakh. Forças azeris começaram a atacar as linhas de comunicação armênias n intuito de evitar o trânsito das reservas e parar as contra-ofensivas. Forças armênias começaram a atacar infraestruturas azeris, usando os MLRS BM-30 Smerch de 300 mm para atacar o aeroporto de Ganja, a uns 60 km de distância da fronteira armênia, e também usou seus TBM. Desde então os dois lados tem trocado tiros de foguete e artilharia, atacando infraestruturas críticas, e atacando alvos civis, com armas que podem alcançar quaisquer partes um do outro.

Na manhã do sétimo dia, o Primeiro, Segundo e Terceiro Corpos do Exército do Azerbaijão (a maioria de suas unidades se encontram ao longo da fronteira com a Armênia) foram reforçados com as reservas do Quarto Corpo, que protege a Península de Absheron e a capital Baku. O ataque azeri desestabilizou as forças armênias nas suas posições avançadas ao norte e podem ter conquistado temporariamente o assentamento de Mataghis. Não há certeza sobre quem controla Mataghis no momento em que este artigo foi escrito, já que a liderança do Azerbaijão alegou várias vezes, falsamente, ter conquistado certas áreas. No oitavo dia, Stepanakert foi novamente bombardeada, e a Armênia também atacou áreas civis do Azerbaijão.

O grosso da luta se deslocou para o sul, já que a guerra na região norte se mostrou custosa mas com poucas vitórias claras para ambos os lados. As ofensivas azeris avançaram na direção de Jabrayil e Fuzuli, junto à fronteira com o Irã. As lutas subsequentes se concentraram nesta região, e forças azeris capturaram Jabrayil, mas foram parcialmente cercadas. Parece que o Azerbaijão controla a cidade no momento da escrita deste texto, mas as forçar armênias controlam as montanhas além deste ponto. A região é relativamente plana e pouco povoada, torando-se o local onde o avanço azeri é mais provável. O Exército do Azerbaijão recapturou um pedaço de terreno ao sul, que a Armênia controlou por basante tempo como uma zona tampão. Mas este avanço também foi interrompido, e há sinais de que vários milhares de tropas azeris estão parcialmente cercadas em Jabrayil, devido ao terreno circundante.

A guerra não resultou em trocas dramáticas de território, e se mostrou custosa para os dois lados, em termos de pessoal, munições e materiais. Ainda não está claro se as conquistas do Azerbaijão até o momento — uma porção de terreno ao sul, ao longo da fronteira com o Irã — vão ser o bastante para uma vitória para seu lider, Ilham Aliyev. De modo geral, o Azerbaijão pode ter capturado cerca de 2,8% do território de Artsakh. Neste ponto, o conflito pode resultar numa guerra de atrito, mas um cessar-fogo genuíno ainda não está no horizonte. Embora o Azerbaijão aparente ser capaz de destruir as forças da Armênia a partir do ar, somente as forças em terra conseguem capturar e manter o terreno. Baku ainda não conseguiu traduzir sucessos táticos em uma vitória estratégica ou ao menos operacional, e também ainda não está claro como se tornarão em ganhos políticos.

Embora a luta já tenha atingido cidades armênias como Hadut, as observações das performances não fornecem evidências de que as forças azeris conseguirão progressos drásticos nas próximas semanas. As forças armênias sofreram perdas consideráveis, tanto nas posições fixas (mal preparadas contra ataques aéreos), quanto nas manobras das contra ofensivas. Mas a campanha de drones azeris parece mais uma adaptação à falta de progresso no início do conflito do que uma supressão sistemática das defesas aéreas armênias.

No final das contas, é a realidade do campo de batalha que vai conduzir as negociações de cessar-fogo. Elas também vão depender das expectativas de apoio diplomático, militar ou político de outros players como Turquia e Rússia, além de pressão política externa. De modo geral, o Azerbaijão está bem melhor posicionado para uma prolongada guerra de atrito, e mesmo no evento de um cessar-fogo, Baku pode se rearmar e lançar outra ofensiva em breve, na expectativa de exaurir as forças armênias. Moscou já deixou claro que sua aliança com a Armênia exclui territórios disputados, ou seja, Artsakh e outras regiões conquistadas. Consequentemente, não é de se esperar uma intervenção russa, a menos que a guerra se torne existencial para a Armênia.

 

IMPLICAÇÕES PARA A GUERRA MODERNA

A guerra de informação tem sido tão intensa como a guerra no terreno, com ambos os lados postando gravações dos combates para proclamar suas vitórias. Desinformação e propaganda, disseminadas através de contas oficiais e não-oficiais, fez com que seja difícil de se avaliar objetivamente as realidades no combate. Ademais, a facilidade com que se obtém tais gravações — seja a partir de drones, celulares ou câmeras — pintam uma figura estilizada para qualquer analista. São propaganda oficial, e deve-se notar que nem todos os sistemas no campo de batalha moderno têm câmeras e transmissão de vídeo ao vivo, o que pode distorcer as percepções quanto à eficiência de combate. Embora as mídias sociais recebam muito feed de vídeos de drones, dando a falsa impressão de que a maioria das vitórias foram obtidas por tais sistemas, na verdade o domínio dos blindados, artilharia e MLRS permanece inalterado. Essas gravações levaram aos tradicionais debates sobre a (in)utilidade dos tanques, as proezas dos drones, e sobre a proliferação dos sensores.

Embora haja uma sede para se apreender lições sobre as armas modernas, o resultado acaba sendo uma série de generalizações e lições que não são verdadeiras a partir de um punhado de exemplos. Na verdade, o que se pode discernir destes conflitos é "mais do mesmo". Drones oferecem muitas capacidades da aviação tática, apoio aéreo e ataques de precisão para países menores, e até para alguns relativamente pobres, a um custo reduzido. Eles acabam por saturar o campo de batalha com sensores, atacantes e conjuntos sensor-ataque descartáveis na forma de drones kamikazes. Ainda mais importante, os drones permitem apontar com precisão ataques de artilharia e ataques com as mini-PGM [N.T.: mini "bombas inteligentes, exatamente como apontado no nosso artigo], conforme visto anteriormente em conflitos da Ucrânia à Síria. Outra conclusão, que também não é nova, é a de que tanques são vulneráveis a ataques aéreos, mas ainda não está claro quais outros veículos podem oferecer uma combinação melhor de poder de fogo, blindagem e manobrabilidade no campo de batalha.

Esta guerra mostra claramente que em uma ofensiva, ou contra-ofensiva, a única coisa pior do que estar num veículo blindado é estar em outro lugar. No mínimo, o tanque se mostrou o veículo com melhor capacidade de sobrevivência frente às mini-PGM lançadas por drones. Embora tais munições consigam parar os tanques, os tripulantes conseguem sobreviver a praticamente todos os acertos. Muito das críticas entre os intelectuais ocidentais em relação a tais vídeos vêm da epifania de que não há como evitar as mortes no campo de batalha, especialmente entre as forças caras e com equipamentos difíceis de repor. Outro ponto importante é a razão entre as forças de manobra e as forças de apoio. Ao contrário de países como a Rússia, os países ocidentais dispõe de fraco apoio de defesas aéreas e de guerra eletrônica, e a expectativa de que seus sistemas atuais podem ser facilmente adaptados para conter drones provavelmente é infundada. A performance da Armênia ilustra claramente este problema - os drones são relativamente baratos, e estão se difundindo muito mais rapidamente do que sistemas custo-efetivos capazes de os combater.

Dito isso, a força de drones do Azerbaijão operou contra um oponente com sistemas de defesa aérea bastante antigos, que não são nem adequados nem foram usados efetivamente contra eles. A Armênia não tem um sistema defensivo em camadas, nem um sistema efetivo de guerra eletrônica, ou uma aviação tática numerosa. Ela posicionou suas defesas em posições fixas relativamente expostas, em uma região bastante montanhosa, em que a defesa aérea se complica ainda mais em função do terreno. Na verdade, ambos os lados mostraram deficiências nas suas táticas ofensivas e defensivas. Embora tenha modernizado alguns dos seus sistemas de defesa aérea (basicamente sistemas soviéticos do início dos anos 1970 ou mais antigos), eles não foram concebidos para engajar drones, drones kamikaze ou artilharia. Sistemas mais capazes como o Tor-M2 são poucos, e intencionalmente deixados como reservas, embora o Azerbaijão seja reticente em relação ao uso de sua aviação tripulada de asas fixas ou rotativas. Os velhos S-300PS armênios não fizeram praticamente nada, e alguns foram destruídos sem sequer terem sido usados.

As lições deste conflitos são as mesmas dos conflitos do final do século 20: uma força terrestre pequena mas bem protegida de ataques aéreos é muito melhor que uma força grande mas exposta a sensores e ataques aéreos. Defesas bem preparadas, se mal protegidas ou camufladas em relação a ataques pelo ar — o que é cada vez mais comum — são muito vulneráveis. A difusão dos drones é mais rápida do que a de sistemas destinados a combatê-los, e rapidamente faz com que sistemas antigos de defesa aérea se tornem obsoletos. Por algum tempo ainda, drones e drones kamikazes serão mais baratos de adquirir e operar do que os sistemas necessários para se defender deles. E embora seja possível dispersar as forças, elas devem ser concentradas para os grandes assaltos. Ainda não há como contornar terreno difícil, pelo menos até que se invente tanques flutuantes. Também não é surpresa que tanques são vulneráveis a armas antitanque, mas também não há outros veículos melhores para sobreviver a tais armas. Vulneráveis ou não, os tanques ainda são insubstituíveis no campo de batalha.

Por fim, o fetiche ocidental pelos vídeos de combates não muda o fato de que o Azerbaijão não conseguiu conquistar nenhum sucesso significativo no campo de batalha. E essa é talvez a lição mais importante deste conflito: sucessos táticos, embora aparentemente impressionantes, podem não ser o suficiente para uma vantagem operacional. Nestes casos, a estratégia militar se volta para uma velha conhecida, a guerra de atrito.


Fonte: https://warontherocks.com/2020/10/the-second-nagorno-karabakh-war-two-weeks-in/

Adaptação e tradução: Renato Henrique Marçal de Oliveira


 Renato Henrique Marçal de Oliveira é químico e trabalha na Embrapa com pesquisas sobre gases de efeito estufa. Entusiasta e estudioso de assuntos militares desde os 10 anos de idade, escreve principalmente sobre armas leves, aviação militar e as IDF (Forças de Defesa de Israel).

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