quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Observador da Junta Interamericana de Defesa elogia profissionalismo da Marinha do Brasil na "Operação Furnas 2025"

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A "Operação Furnas 2025", o maior exercício realizado pela Marinha do Brasil no estado de Minas gerais, reuniu no país observadores estrangeiros e representantes de organismos internacionais para acompanhar, in loco, o adestramento das tropas em cenários de resposta a crises, apoio humanitário e operações ribeirinhas. O GBN Defense esteve presente com seu editor, Angelo Nicolaci, acompanhando as atividades, que contaram com delegações e observadores da França, México, Arábia Saudita, Equador, Portugal, Reino Unido e Namíbia, além da participação de tropas francesas e italianas em ações combinadas.

Entre os representantes internacionais, esteve o Coronel Chávez, do Equador, integrante da Junta Interamericana de Defesa (JID), que avaliou positivamente o nível de preparo, a integração interagências e a capacidade de pronta-resposta demonstrados pela Força Naval brasileira.

Segundo o oficial equatoriano, participar como observador permitiu ampliar a compreensão sobre a diplomacia naval e a cooperação internacional entre marinhas do continente. “Foi possível compreender que as Marinhas de diferentes países podem apoiar-se no compartilhamento de ensinamentos doutrinários. Além disso, podem cooperar em situações que ultrapassem as capacidades de qualquer Marinha para cumprir sua missão”, destacou.

O cronograma do exercício incluiu demonstração de operações de pronta resposta, com acompanhamento do emprego de uma QRF (Quick Reaction Force) no cenário de missão de paz no âmbito da ONU, além de operações ribeirinhas conduzidas em conjunto por militares brasileiros, franceses e italianos, cenário que evidenciou a interoperabilidade entre forças amigas. Outro ponto de destaque foi uma operação interagências simulando uma crise humanitária, reunindo Marinha do Brasil (Fuzileiros Navais), Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Guarda Municipal e equipes de saúde, em um cenário de desastre que exigiu coordenação integrada para proteção da população.

Ao comentar as lições observadas durante o treinamento da Força de Paz Brasileira, o Coronel Chávez afirmou que o Brasil demonstrou possuir elevado grau de preparo e capacidade de projeção, estando apto a atuar em distintos cenários. “Ficou evidente no nível de treinamento e nos meios disponíveis que a força pode cumprir com excelência e êxito as missões que lhe forem atribuídas, onde quer que seja necessário seu emprego”, afirmou.

Cooperação e fortalecimento de capacidades regionais

O representante da JID ressaltou que as lições colhidas durante o exercício serão de grande utilidade para fortalecer programas e capacidades militares no Equador, especialmente no que diz respeito ao apoio humanitário e às operações em ambiente ribeirinho, realidade compartilhada por diversos países da região.

“Levaremos essas lições aprendidas à nossa Marinha, para aprimorar nossa doutrina e orientar os meios necessários ao emprego eficiente dessas capacidades”, afirmou, reforçando a contribuição do Brasil para a modernização doutrinária das forças navais parceiras.

Integração interagências como diferencial brasileiro

Um dos pontos que mais chamou a atenção do observador foi a capacidade de coordenação entre as Forças Armadas e diferentes instituições do Estado brasileiro durante o exercício, um requisito fundamental para operações em desastres naturais e situações de crise.

Segundo o Coronel Chávez, “foi possível constatar o elevado profissionalismo da Marinha do Brasil, seu nível de treinamento e a disponibilidade de meios, além de destacar a integração alcançada com diferentes instituições estatais para atuar em casos de desastres naturais ou situações adversas que exijam intervenção para a segurança da população”.

Papel da Junta Interamericana de Defesa

Vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), a Junta Interamericana de Defesa (JID) atua como organismo consultivo que promove cooperação em defesa, segurança hemisférica, interoperabilidade e intercâmbio técnico entre as forças armadas das nações do continente. A participação da JID em exercícios como a "Operação Furnas 2025" reforça a integração regional e a capacidade de resposta conjunta diante de crises.

O Coronel Chávez afirmou que, sob a perspectiva da JID, a participação foi “muito proveitosa em todos os aspectos”. Ele acrescentou que a experiência reforça a segurança de que os países membros podem contar com o apoio da Marinha do Brasil caso uma situação de crise ultrapasse a capacidade militar de um Estado. “O Brasil já demonstrou experiência e participação relevantes em cenários desse tipo anteriormente”, complementou.

Laços bilaterais fortalecidos

Ao final, o oficial equatoriano destacou que o exercício contribuiu diretamente para o estreitamento das relações entre Brasil e Equador. “Levo impressões muito positivas e favoráveis no âmbito profissional e, especialmente, para nossos países. Convites como este a nações amigas fortalecem laços de irmandade, considerando que nossas Marinhas existem para servir à segurança de nossas populações.”

Com resultados reconhecidos internacionalmente, a "Operação Furnas 2025" reforça o papel do Brasil como referência em missões de paz, operações ribeirinhas, resposta humanitária, integração interagências, interoperabilidade e diplomacia naval, pilares estratégicos para a segurança regional e para a cooperação entre as Marinhas das Américas.



por Angelo Nicolaci


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Espanha assina contrato histórico com a Türkiye para aquisição de 45 aeronaves HÜRJET

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A Espanha firmou um dos maiores contratos de defesa já estabelecidos pela Türkiye com um Estado-membro da União Europeia. O governo espanhol aprovou a compra de 45 aeronaves de ataque leve e treinamento HÜRJET, desenvolvidas pela Turkish Aerospace Industries (TAI), em um acordo avaliado em 3,12 bilhões de euros.

O programa integra o Sistema Integrado de Treinamento (ITS-C) da Espanha, concebido para substituir a antiga frota de aeronaves F-5 e modernizar completamente a infraestrutura de formação de pilotos. De acordo com o Ministério da Defesa espanhol, o ITS-C não se limita à aquisição das aeronaves, incluindo também simuladores de voo avançados, suporte logístico essencial e um programa de treinamento integrado, visando preparar pilotos para os complexos cenários de combate contemporâneos.

Cooperação industrial e impacto econômico

O contrato, com vigência até 30 de novembro de 2035, prevê ampla cooperação industrial liderada pela Airbus Defence and Space, envolvendo pelo menos 15 empresas espanholas especializadas, como Indra, GMV e Centum, entre outras. O objetivo é integrar a tecnologia e a capacidade de produção do HÜRJET ao setor de defesa local, fomentando transferência de know-how e desenvolvimento industrial.

Além disso, o governo espanhol anunciou empréstimos de 1,04 bilhão de euros ao longo dos primeiros cinco anos do programa, que deverá gerar cerca de 2.600 empregos, sendo aproximadamente 800 empregos diretos. As entregas das aeronaves estão previstas para 2028, com entrada em serviço entre 2029 e 2030, e sua vida operacional deverá se estender por três décadas ou mais.

HÜRJET: a nova referência em treinamento avançado

O HÜRJET é o primeiro jato de treinamento totalmente produzido na Türkiye, projetado como aeronave supersônica, monomotora e biposto, adequado tanto para treinamento avançado quanto para missões de ataque leve. O desenvolvimento do projeto começou em 2017, e o protótipo realizou seu primeiro voo em 25 de abril de 2023.

A aeronave utiliza o motor GE Aerospace F404, já presente na frota espanhola de F/A-18 Hornet, o que garante sinergias logísticas. Seu cockpit digital, sistemas de controle avançados, capacidade de reabastecimento em voo e compatibilidade com visão noturna posicionam o HÜRJET entre os mais modernos jatos de treinamento do mundo.

Em termos de desempenho, o HÜRJET possui 13,7 metros de comprimento, 4,1 metros de altura e alcance de 1.060 milhas náuticas, suportando forças de até 6,3G a 4.500 metros de altitude, com taxa de subida de 14.700 metros por minuto. Sua flexibilidade operacional é ampliada pela capacidade de transportar até 3.400 kg de munição e equipamentos, tornando-o eficiente tanto em missões de ataque quanto em treinamento avançado de pilotos.

Um passo estratégico para a defesa europeia

O contrato entre Espanha e Türkiye reforça não apenas a modernização das forças aéreas espanholas, mas também fortalece laços industriais e estratégicos entre os dois países. Ao investir em tecnologia de ponta e integração logística, o programa ITS-C coloca a Espanha na vanguarda da formação de pilotos para operações modernas, ao mesmo tempo em que contribui para o desenvolvimento da indústria de defesa europeia.


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Capitão do Exército Brasileiro se destaca no Curso de Operações Ribeirinhas no México

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O Exército Brasileiro teve representação de destaque no Curso de Operações Ribeirinhas realizado no México. O Capitão de Infantaria Rafael Leonardo Ribeiro Bernal participou do treinamento, que contou com a presença de militares de unidades de elite de diversas nações, reforçando a cooperação internacional em operações especializadas.

O curso foi ministrado no Subcentro de Adestramento de Operações na Selva e teve como foco o desenvolvimento de habilidades essenciais para operações ribeirinhas, incluindo resistência física e mental, autocontrole, tomada de decisão, patrulha, observação, camuflagem, navegação, reconhecimento, além de manutenção e condução de embarcações.

O Cap Bernal obteve o 2º lugar na classificação geral, evidenciando o alto nível de preparo e profissionalismo dos militares brasileiros. Sua participação não apenas destacou a excelência técnica do Exército, mas também reforçou os laços de cooperação entre as Forças Armadas do Brasil e do México, promovendo o intercâmbio de conhecimentos e experiências em operações de selva e rios.

Durante a cerimônia de encerramento, o Capitão recebeu o Diploma de conclusão do curso, reconhecimento pela dedicação e empenho demonstrados ao longo das atividades. O diretor da escola e os instrutores do curso parabenizaram o militar, ressaltando sua disciplina, competência e comprometimento com os padrões exigidos em treinamentos internacionais de alto nível.


A participação do Brasil em cursos como este fortalece não apenas a capacitação de seus militares, mas também a presença e a influência do país em programas de cooperação internacional, contribuindo para o aprimoramento técnico e estratégico das Forças Armadas.


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com Exército Brasileiro


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Exército realiza primeira instalação do Sistema Gerenciador de Plataforma PROTEUS na Viatura Guarani

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Entre os dias 27 e 30 de outubro, o 1º Batalhão de Infantaria Mecanizado (1º BIMec) recebeu um marco tecnológico para o Exército Brasileiro: a primeira instalação do Sistema Gerenciador de Plataforma (SGP), integrado ao kit de vídeo do projeto PROTEUS, na Viatura Blindada de Transporte de Pessoal – Média de Rodas (VBTP-MSR) 6x6 Guarani.

A atividade, conduzida por especialistas da Diretoria de Fabricação (DF), incluiu não apenas a instalação dos equipamentos, mas também uma semana de instrução voltada ao uso operacional do sistema. A receptividade da tropa foi destacada como extremamente positiva, reforçando a importância de integrar a experiência do usuário final no desenvolvimento e implementação de novas tecnologias militares.

O projeto PROTEUS representa um avanço estratégico na modernização da Força Terrestre. Ao centralizar e integrar os sistemas eletrônicos da viatura, o SGP permite ao comandante a visualização das câmeras da plataforma e do sistema de armas, além de disponibilizar informações críticas sobre o estado do veículo, alertas de operação, controle do sistema de comunicações (rádio) e acesso ao Gerenciador de Campo de Batalha.

Segundo especialistas, essa integração não apenas aumenta a consciência situacional, mas também aprimora o apoio à decisão e a inteligência logística, fatores essenciais em operações modernas. A cooperação do 1º BIMec foi considerada fundamental, pois contribuiu para que as necessidades práticas do operador final fossem contempladas desde o início do projeto.

A instalação do PROTEUS na viatura Guarani evidencia o compromisso contínuo do Exército com inovação tecnológica, excelência operacional e modernização de seus meios. Trata-se de mais um passo na evolução das capacidades da Força Terrestre, preparando o Exército Brasileiro para enfrentar desafios cada vez mais complexos em cenários contemporâneos.


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Furtividade - Por que submarinos e UUVs serão o núcleo do poder naval?

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A evolução das forças navais está passando por uma transformação sem precedentes. A tecnologia moderna tornou as frotas de superfície cada vez mais vulneráveis. Sistemas de detecção avançados, armas de precisão e capacidades de guerra eletrônica reduzem a margem de manobra e aumentam a exposição de navios e plataformas visíveis. Tudo que é detectável está sob risco. Nesse cenário, submarinos tripulados e submersíveis não tripulados emergem como ativos centrais, insubstituíveis em praticamente todos os aspectos estratégicos, operacionais e tecnológicos. Eles se tornaram pilares da guerra marítima contemporânea e do futuro, oferecendo uma combinação de furtividade, persistência, flexibilidade operacional e capacidade de dissuasão que nenhuma outra plataforma pode igualar.

Submarinos nucleares e convencionais oferecem uma capacidade incomparável de operar em ambientes hostis, coletar inteligência, conduzir vigilância, realizar reconhecimento e executar ataques de forma quase invisível. Eles permitem aproximação, ataque e retirada com segurança, mesmo em regiões saturadas de sensores ou ameaçadas por forças superiores. Um submarino moderno, mesmo convencional, equipado com tecnologias de supressão de assinatura acústica, permanece extremamente difícil de localizar e neutralizar, seja em águas profundas ou litorâneas, onde o ambiente complexo oferece camuflagem natural e tecnológica. Os SSBNs, em particular, são elementos estratégicos cruciais da dissuasão nuclear, oferecendo credibilidade a qualquer segundo ataque e consolidando a estabilidade geopolítica ao obrigar adversários a considerar consequências devastadoras em caso de agressão inicial.

Além do poder estratégico, os submarinos tripulados transportam uma ampla gama de armamentos e sistemas: torpedos, minas, mísseis de cruzeiro e balísticos, veículos subaquáticos não tripulados, sistemas de inteligência e até forças especiais. Eles podem operar como centros de comando e controle subaquáticos, projetando poder, coletando informações e coordenando ações de múltiplas plataformas simultaneamente. A combinação de furtividade, capacidade de dissuasão, potência de fogo e autonomia torna esses submarinos insubstituíveis para missões críticas.

Paralelamente, os submersíveis não tripulados (UUVs/AUVs/ROVs) estão transformando a guerra submarina. Lançados de submarinos, navios de superfície ou bases costeiras, eles realizam patrulhamento persistente, monitoramento acústico e magnético, detecção de minas e reconhecimento de áreas hostis sem colocar vidas humanas em risco. Veículos como o australiano Ghost Shark XLAUV e o israelense BlueWhale demonstram que essas plataformas podem atuar em missões de longo alcance, inteligência, vigilância e ataque, aumentando exponencialmente a presença operacional e a saturação do espaço inimigo. Países como Estados Unidos, Rússia, China e Israel utilizam UUVs para reduzir riscos, ampliar a consciência situacional e criar dilemas complexos para o adversário.

A incorporação de inteligência artificial permite que UUVs operem de forma autônoma ou semi-autônoma, desviando obstáculos, detectando ameaças e realizando operações coordenadas em enxames. Essa capacidade transforma submarinos tripulados em navios-mãe de plataformas não tripuladas, permitindo presença simultânea em múltiplos teatros e garantindo persistência e cobertura em regiões de alto risco. A força combinada de submarinos e UUVs oferece furtividade, persistência, alcance, dissuasão, capacidade de segundo ataque e flexibilidade operacional, criando um ecossistema subaquático que nenhuma plataforma isolada pode reproduzir.

Nenhuma dessas classes isoladamente é suficiente para os desafios do século XXI. Submarinos tripulados exigem alto investimento financeiro, treinamento especializado e logística complexa, além de expor tripulação a riscos. UUVs, por sua vez, enfrentam limitações de autonomia, carga útil, potência e vulnerabilidade a interferências, sequestros ou destruição. Quando combinados, entretanto, eles se complementam: submarinos executam missões estratégicas de alto valor e risco, enquanto UUVs ampliam presença, realizam reconhecimento, saturam o espaço adversário e reduzem riscos para o pessoal.

Em cenários de negação de acesso e área (A2/AD), a importância dessa integração torna-se ainda mais evidente. Plataformas inimigas podem usar sensores, minas e baterias de mísseis para bloquear o acesso a regiões estratégicas. UUVs, operando de forma furtiva, mapeiam o fundo do mar, detectam ameaças e implantam sensores, preparando o terreno para ações dos submarinos tripulados. Ao mesmo tempo, fornecem dados persistentes para ISR, topologia subaquática, assinaturas acústicas e informações críticas que permitem ataques surpresa, emboscadas e tomadas de decisão estratégicas, ampliando a eficácia operacional e a dissuasão.

A integração tecnológica é igualmente crucial. Submarinos e UUVs dependem de sistemas avançados de sensores, propulsão silenciosa, materiais de casco, energia nuclear ou híbrida, comunicações resilientes e segurança cibernética. Modelos operacionais inovadores, como o conceito “navio-mãe + enxame”, aumentam alcance, consciência situacional e capacidade de resposta. A operação coordenada entre plataformas tripuladas e não tripuladas transforma o oceano em um domínio onde o controle e a inteligência subaquática se tornam determinantes para o sucesso de qualquer campanha.

Para o Brasil, a lição é clara e estratégica. Com um litoral extenso, rotas marítimas críticas, plataformas de exploração e áreas de interesse econômico no Atlântico Sul, investir em submarinos nucleares convencionalmente armados e UUVs é essencial. Submarinos nucleares proporcionam dissuasão credível e capacidade de segundo ataque; submarinos convencionais permitem presença avançada e flexibilidade em missões estratégicas; UUVs aumentam cobertura, reduzem riscos e multiplicam o efeito operacional. Essa combinação garante soberania, defesa dos recursos naturais, controle do mar e capacidade de projeção de poder, especialmente em um contexto geopolítico e tecnológico em rápida evolução.

Além da defesa, essa estratégia fortalece a indústria nacional, promove inovação tecnológica e garante autonomia estratégica. Desenvolver submarinos tripulados e submersíveis não tripulados integrados significa não apenas acompanhar as tendências globais, mas liderar a transformação da guerra marítima no Atlântico Sul. Para o Brasil, investir nessa sinergia é indispensável: representa a construção de uma força naval capaz de operar em múltiplos domínios, de garantir dissuasão, de proteger interesses nacionais e de responder com eficácia às ameaças emergentes, assegurando relevância estratégica e autonomia na defesa do território e dos recursos marítimos.


por Angelo Nicolaci


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Conflito Índia-Paquistão: ataques profundos revelam nova era de guerra convencional e aprendizado global

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A sequência de ataques entre Índia e Paquistão após o atentado em Pahalgam, em 22 de abril de 2025, marcou um ponto de inflexão na dinâmica de segurança do subcontinente. Nova Déli respondeu rapidamente com ofensivas contra a infraestrutura de grupos jihadistas, escalando posteriormente para instalações militares paquistanesas críticas, enquanto Islamabad reagiu, em 10 de maio, com a Operação Bunyan Marsoos, visando restaurar sua dissuasão convencional e impor custos simétricos sem ultrapassar o limiar nuclear.

Do lado indiano, a Operação Sindoor mostrou uma evolução significativa da doutrina militar. Diferente de ataques anteriores, como Balakot em 2019, os ataques indianos combinaram uma abordagem multivetorial e multiperfil, usando mísseis de cruzeiro SCALP-EG lançados por Rafale, mísseis supersônicos BrahMos, bombas guiadas HAMMER, VANT's (drones) Harop e Banshee, e munições de ataque de precisão. A estratégia tinha como objetivo criar dilemas para a defesa aérea paquistanesa, forçando-a a lidar simultaneamente com múltiplos vetores e penetrando profundamente em território inimigo, atingindo bases aéreas como Nur Khan, Sargodha, Skardu e Malir, bem como depósitos logísticos e centros de comando.

O uso coordenado de drones para saturação e desvio de sistemas de defesa, aliado a ataques de precisão, demonstrou uma aplicação refinada de guerra tecnológica. Apesar do sucesso, a Índia registrou perdas, com pelo menos um Rafale e um Mirage 2000 abatidos, ressaltando os riscos de operar em ambientes altamente contestados.

Do lado paquistanês, a Operação Bunyan Marsoos buscou equilibrar a resposta, empregando mísseis de longo alcance Fatah-1 e Fatah-2, drones de fabricação turca, mísseis de cruzeiro Babur e RA’AD-II, e sistemas de guerra eletrônica para criar zonas de superioridade aérea temporária. Islamabad alega ter atingido dezenas de alvos, incluindo bases aéreas na Caxemira, embora muitos efeitos permaneçam pouco documentados. A criação do Comando da Força de Foguetes do Exército paquistanês reflete a busca por maior capacidade de ataque convencional de longo alcance, apoiada em tecnologia chinesa.

O episódio evidencia um aprendizado estratégico para ambas as partes. A Índia mostrou capacidade de atingir alvos críticos em profundidade com armas sofisticadas, mas enfrenta limitações de quantidade de aeronaves e munições. O Paquistão demonstrou capacidade de resposta simétrica, embora com eficiência operacional ainda em avaliação. Para ambos os lados, o uso coordenado de múltiplos vetores e a exploração de fraquezas na defesa aérea se tornaram centrais na guerra moderna.

Além da região, o conflito oferece lições valiosas para os conceitos e doutrinas de ataque profundo no Ocidente. A experiência reforça a importância de combinar massa e qualidade, como exemplificado pelo aumento da produção europeia de mísseis SCALP/Storm Shadow e pelo desenvolvimento de soluções integradas como o STRATUS, projetado para ataques coordenados contra alvos fortificados e sistemas de defesa aérea complexos. A guerra de drones também se consolida como desafio estratégico, exigindo soluções combinadas de guerra eletrônica, lasers e microondas para enfrentar enxames de VANT's.

O precedente de 2025 destaca que campanhas de ataque eficazes dependem de planejamento modular, seleção de alvos com base em importância e dificuldade, e capacidade de combinar múltiplas plataformas em todos os domínios. Para os exércitos modernos, o aprendizado é claro: o sucesso futuro exige complementaridade multidomínio, precisão de sistemas, volume suficiente de munições e integração tecnológica para superar camadas de defesa cada vez mais sofisticadas.


por Angelo Nicolaci


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"Operação FURNAS 2025": Carana em Ação – A Simulação Viva e a Excelência da Quick Reaction Force

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No coração de Minas Gerais, entre 21 e 25 de outubro de 2025, o município de São José da Barra foi transformado em um país fictício: Carana. Com paisagens que iam de colinas e planícies a rios e áreas urbanas, o local virou palco de um dos exercícios mais desafiadores realizados pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. O objetivo? Preparar a Quick Reaction Force (QRF) e a Companhia de Desativação de Artefatos Explosivos (EOD Coy) para as complexas missões de paz da ONU.

Não se tratava apenas de um treinamento convencional. Cada detalhe do ambiente, desde as tensões étnicas e religiosas à insurgência armada, passando por diversos desafios, foi meticulosamente projetado pelos profissionais da Seção de Apoio a Operações de Paz (F-70)  do Comando da Força de Fuzileiros da Esquadra, para criar uma realidade quase palpável. Os 462 militares, incluindo 44 mulheres, se viram diante de decisões difíceis, crises simuladas e situações de emergência que poderiam muito bem acontecer em qualquer missão real de paz.


Carana: um país que ensina

Carana não é real, mas seus desafios são. Criado inicialmente pelo Departamento de Operações de Manutenção da Paz da ONU, o cenário é constantemente atualizado para refletir conflitos contemporâneos, com regiões como Leppko e servindo de palco para interações complexas entre civis, insurgentes e forças de paz.

Durante FURNAS 2025, a QRF precisou navegar por este ambiente dinâmico, equilibrando a atuação militar com a construção de confiança junto à população civil. Cada patrulha, cada escolta de comboios e cada negociação com atores fictícios exigia sensibilidade cultural, análise crítica e coordenação eficiente com ONGs e a própria ONU.

A simulação viva permitiu que os fuzileiros experimentassem, em tempo real, os desafios de tomada de decisão em cenários de alta pressão, onde informações incompletas ou contraditórias testavam sua capacidade de adaptação e resiliência.

Do treinamento à ação

O ciclo de preparação começou em 5 de agosto, nos Complexos Navais do Rio de Janeiro, com treinamentos progressivos conduzidos pelo 1º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais e pelo Batalhão de Engenharia, em parceria com o Centro de Operações de Paz e Humanitário de Caráter Naval  (COpPazNav).

A cada semana, os militares eram desafiados com tarefas mais complexas: estabelecimento de bases temporárias, patrulhas e comboios, reconhecimento e vigilância, escoltas de civis, desativação de artefatos explosivos e evacuações médicas. Combinando exercícios reais e simulações virtuais (o chamado LVC – Live, Virtual, Constructive), o treinamento ofereceu uma imersão completa, permitindo avaliar decisões estratégicas e a capacidade de coordenação interagências.

O calor do exercício

Chegando a Carana, os fuzileiros se depararam com um cenário em que cada ação tinha consequências. Grupos insurgentes simulados espalhavam desinformação, atacavam comboios e ameaçavam civis, enquanto a população local observava desconfiada. Em meio a essa tensão, as mulheres fuzileiras navais assumiam funções críticas: negociação com civis, coleta de informações e mediação de conflitos, mostrando que a diversidade não era apenas ética, mas também estratégica.

A manhã começa com o ronco dos motores dos veículos blindados Piranha-IIIC, cortando uma estrada de Carana. De repente, uma explosão: uma mina anticarro abandonada detonou sob um dos blindados. A fumaça sobe, o silêncio é cortado pelos alertas de rádio e pela pronta resposta.

A tropa reage imediatamente. As equipes de socorro avançam para retirar os peacekeepers feridos, enquanto o EOD Coy se aproxima cautelosamente, identificando e neutralizando possíveis artefatos remanescentes. Cada movimento é calculado, cada passo, vital. O cenário é um teste de coordenação, precisão e resiliência, habilidades essenciais para qualquer missão de paz.

O alarme toca novamente. Um civil simulado, com um engenhoso artefato explosivo preso ao corpo, se aproxima da força de paz, pedindo ajuda. Um silêncio tenso se instala. O QRF e o EOD Coy precisam agir com rapidez e cautela

O dispositivo é complexo, semelhante aos armamentos improvisados usados por grupos extremistas. Cada passo da equipe é crítico. O tempo é inimigo. Comunicações rápidas, gestos claros, decisões precisas: neutralizar a ameaça sem colocar vidas em risco é a prioridade máxima. A tensão é palpável, e cada segundo conta.

Mais adiante, outra missão começa. Autoridades e representantes da UNESCO devem ser escoltados durante a repatriação de artefatos históricos de Carana. O QRF organiza cordões de segurança, avalia rotas e mantém vigilância constante.

A operação exige atenção total, equilíbrio entre proteção física e protocolos diplomáticos. Cada passo é monitorado, cada decisão, ponderada. A habilidade da tropa em combinar estratégia, vigilância e respeito às normas internacionais é posta à prova, mostrando que uma missão de paz exige mais do que força; exige inteligência e sensibilidade.

O último desafio do dia acontece na instalação de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR). Relatórios indicam uma ameaça de bomba. A tensão aumenta, e a operação se torna uma coreografia de comunicação, coordenação e tomada de decisão sob pressão.

O QRF e o EOD Coy se mobilizam rapidamente. Patrulhas, perímetros de segurança, inspeções detalhadas: cada movimento é medido. A situação é complexa, refletindo o realismo de uma missão internacional, onde tática, diplomacia e proteção de vidas civis precisam caminhar lado a lado.

Jogos de guerra e aprendizagem estratégica

Além da simulação viva, o exercício incorporou jogos de guerra, onde líderes tomavam decisões estratégicas em cenários hipotéticos, analisando impactos políticos, humanitários e militares. Essa abordagem não só fortaleceu a capacidade de planejamento e adaptação mas também permitiu que os participantes experimentassem consequências de suas escolhas sem risco real, aprendendo a equilibrar segurança, respeito à cultura local e objetivos humanitários.

Lições de Carana

Ao final do exercício, ficou evidente que missões de paz não se resumem à presença militar. A experiência demonstrou que:

  • Confiança e respeito cultural são tão importantes quanto habilidades táticas;

  • Integração entre forças e atores humanitários maximiza a eficácia da missão;

  • Resiliência e capacidade de adaptação são essenciais diante de crises imprevisíveis;

  • Inclusão de gênero e diversidade enriquece a operação, trazendo perspectivas fundamentais para mediação e interação com a comunidade.

O exercício também reforçou a importância da projeção estratégica brasileira. Manter a QRF e a EOD Coy em prontidão certificada eleva a credibilidade do Brasil na ONU, garantindo que, quando chamado, o país possa contribuir de forma decisiva para a manutenção da paz global.

"FURNAS 2025" não foi apenas um exercício; foi uma imersão em um ambiente de complexidade sociopolítica, cultural e geográfica, onde cada fuzileiro naval pôde experimentar os desafios de uma missão de paz da ONU. Entre emboscadas simuladas, negociações delicadas e coordenação com civis e ONGs, ficou claro que a simulação viva e os jogos de guerra são ferramentas indispensáveis para formar tropas prontas, adaptáveis e conscientes de sua responsabilidade humanitária.

No final, Carana se revelou mais do que um cenário fictício: tornou-se uma aula prática de estratégia, liderança e resiliência, lembrando que, por trás de cada uniforme, há profissionais preparados para fazer a diferença em prol da paz.


por Angelo Nicolaci


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terça-feira, 4 de novembro de 2025

Marinha do Brasil torna-se a primeira Força Armada do mundo certificada pela ONU para ministrar curso de Pelotão de Engajamento

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A Marinha do Brasil alcançou um marco histórico no cenário internacional ao receber, por meio do Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav), o reconhecimento oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Curso de Pelotão de Engajamento (United Nations Engagement Platoon – UNEP). Trata-se da primeira Força Armada do mundo a obter esse tipo de certificação, essencial para a formação de batalhões de infantaria aptos a atuar em missões de paz das Nações Unidas.

Com essa certificação, o COpPazNav passa a ter quatro cursos oficialmente reconhecidos pelo Departamento de Operações de Paz da ONU (Força-Tarefa Marítima, Unidade Ribeirinha, Inteligência e Pelotão de Engajamento), consolidando-se como um centro de referência global na capacitação de militares para operações de paz e missões humanitárias.

O UNEP é uma capacidade militar especializada que busca estreitar a relação entre as tropas de paz e as comunidades locais, fortalecendo o diálogo, a cooperação comunitária e a proteção de civis. Os pelotões são formados por equipes mistas, compostas por 50% de mulheres, contribuindo para a implementação da agenda “Mulheres, Paz e Segurança” (Resolução 1325/2000 do Conselho de Segurança da ONU), que reforça o papel feminino na construção e manutenção da paz.

Segundo o Comandante do COpPazNav, Capitão de Mar e Guerra (Fuzileiro Naval) Adler Cardoso Ferreira, o reconhecimento demonstra o compromisso da Marinha em manter padrões de excelência e interoperabilidade com as Nações Unidas.

“O reconhecimento do curso pela ONU reafirma o compromisso da Marinha do Brasil em manter o padrão de excelência e interoperabilidade com as Nações Unidas, contribuindo de forma efetiva para a preparação de tropas e profissionais voltados à paz e à segurança internacionais”, destacou.

O curso capacita militares nas dimensões conceitual, jurídica e operacional do engajamento comunitário, abordando temas como comunicação intercultural, igualdade de gênero, direitos humanos, gestão de informações e planejamento de operações, todos alinhados aos manuais e padrões oficiais da ONU.

A edição mais recente do curso, realizada em maio deste ano, contou com a presença de um Oficial do Serviço Integrado de Treinamento da ONU, que avaliou presencialmente a aderência do treinamento aos parâmetros da organização, bem como a qualidade dos instrutores, das instalações e dos meios empregados. O curso também teve participação internacional, com oito militares estrangeiros vindos da China, Namíbia, Reino Unido, Nigéria e São Tomé e Príncipe.

O COpPazNav é a organização militar da Marinha dedicada à formação e aperfeiçoamento de militares, civis e profissionais das áreas de segurança pública e defesa civil para atuação em operações de paz e missões humanitárias. Atuando em parceria com instituições nacionais e internacionais, o Centro reafirma o protagonismo do Brasil no fortalecimento da paz e da segurança globais, um papel que une competência técnica, compromisso humanitário e reconhecimento internacional.


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com Marinha do Brasil

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Exército Brasileiro mobiliza 2 mil militares e 310 viaturas em grande exercício de adestramento no Sul do país

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A 6ª Divisão de Exército (6ª DE) concluiu, na última sexta-feira (24), a Operação Passo da Pátria, um dos mais relevantes exercícios militares realizados pela Força Terrestre no Sul do país em 2025. Ao longo de uma semana, cerca de 2 mil militares e 310 viaturas foram empregados em um intenso programa de adestramento, que integrou diferentes capacidades de combate e apoio, reforçando a prontidão operacional da Divisão.

O exercício ocorreu no Campo de Instrução de Butiá e em áreas compreendidas entre os municípios de São Jerônimo, Butiá, Minas do Leão e Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Com participação de tropas de Artilharia, Infantaria, Engenharia, Inteligência e Polícia do Exército, a operação simulou um cenário de conflito entre dois países fictícios, denominados “Azul” e “Laranja”, em meio a tensões político-militares. O objetivo central consistiu na defesa do país Azul, com o emprego de tropas blindadas, mecanizadas e motorizadas em ambiente de combate convencional.

De acordo com o Oficial de Operações da 6ª DE, Tenente-Coronel Diego Pinto Alencar, a Operação teve papel essencial no desenvolvimento da interoperabilidade e no aprimoramento da capacidade de resposta da tropa.

“A atividade foi de extrema importância porque desenvolveu o preparo e a prontidão da 6ª Divisão, por meio do trabalho conjunto das funções de combate”, destacou.

O planejamento contemplou uma série de ações coordenadas, como reconhecimentos aéreos, integração da Aviação do Exército (AvEx) com unidades de Cavalaria Mecanizada, atuação da Engenharia Militar no apoio à mobilidade e contramobilidade, e emprego de sistemas de defesa antiaérea. O ponto culminante do exercício ocorreu na quinta-feira (23), com a execução de tiro real de artilharia calibre 105 mm e de morteiro pesado 120 mm. Na sequência, uma ação de contra-ataque com apoio aéreo da Aviação do Exército encerrou a atividade.

Participaram da Operação Passo da Pátria:

  • 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada

  • 8ª Brigada de Infantaria Motorizada

  • Artilharia Divisionária da 3ª Divisão (AD/3)

  • 1º Batalhão de Aviação do Exército (1º BAvEx)

  • 4º Grupamento de Engenharia (4º Gpt E)

  • 1º Batalhão de Inteligência Militar (1º BIM)

  • 3º Batalhão de Polícia do Exército (3º BPE)

A mobilização reforça o compromisso do Exército Brasileiro com a manutenção de elevados padrões de adestramento, garantindo que suas tropas estejam preparadas para atuar em diferentes cenários operacionais, preservando a soberania nacional e assegurando capacidade de pronta resposta a ameaças convencionais e emergentes.


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com Exército Brasileiro

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Submarino “Humaitá” realiza operação inédita na margem equatorial e reforça capacidade de vigilância da Marinha do Brasil

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O Submarino “Humaitá” (S41), um dos mais modernos meios da Força de Submarinos da Marinha do Brasil, realizou no sábado (1º) uma operação inédita na margem equatorial brasileira, a cerca de 120 milhas náuticas (aproximadamente 222 quilômetros) da foz do Rio Amazonas. A ação ocorreu no contexto da Operação “Atlas 2025” e marcou um avanço relevante para o monitoramento das águas sob jurisdição brasileira em uma região estratégica ainda pouco explorada por meios submarinos.

Durante a missão, o “Humaitá” conduziu atividades de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR), contribuindo para o aperfeiçoamento da consciência situacional marítima do País, conceito que envolve a capacidade de monitorar, analisar e reagir ao ambiente marítimo em tempo real. Os resultados reforçam a eficiência do meio na proteção da Amazônia Azul, área marítima brasileira de mais de 5,7 milhões de km² rica em biodiversidade, recursos naturais e rotas marítimas de interesse econômico e de segurança.

A operação também avaliou a estrutura logística e o suporte necessários para garantir o emprego de meios navais de alta complexidade em áreas distantes de suas bases. Esses testes são essenciais para o desenvolvimento de novas doutrinas operativas que assegurem mobilidade, resistência e autonomia às unidades navais brasileiras em regiões estratégicas.

O “Humaitá”, que desatracou da Base de Submarinos da Ilha da Madeira (BSIM) no dia 28 de setembro, já acumula 32 dias consecutivos de patrulha, a mais longa missão desde sua incorporação à Marinha do Brasil. A operação contou com integração com meios aéreos, como a aeronave SH-16 Seahawk, que forneceu imagens e apoio por meio do sistema EOSS (Electro-Optic Sensor System), ampliando o alcance da vigilância e elevando a capacidade de coleta de informações em ambiente marítimo.

Para o Comandante da 1ª Divisão da Esquadra, Contra-Almirante Antonio Braz, o emprego do submarino em uma região de alta relevância geopolítica demonstra mais um marco do avanço tecnológico e operacional da Força Naval.

“O emprego do Submarino ‘Humaitá’ na margem equatorial reforça o avanço tecnológico e a integração dos meios navais da Marinha, ampliando nossa capacidade de vigilância e monitoramento da Amazônia Azul”, afirmou.

A atuação inédita do “Humaitá” representa mais um passo no compromisso da Marinha do Brasil com a proteção dos interesses nacionais e a manutenção da soberania sobre áreas marítimas estratégicas. Com essa operação, a Força demonstra prontidão e capacidade crescente de operar de forma integrada, eficiente e permanente em toda a extensão do território marítimo brasileiro.


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com Marinha do Brasil

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Saab recebe novo pedido para sistemas de lançamento do Gripen e reforça modernização da Força Aérea Sueca

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A Saab anunciou o recebimento de uma nova encomenda da Agência Sueca de Material de Defesa (FMV) para o fornecimento de um sistema de lançamento destinado às aeronaves de combate Gripen C/D e Gripen E. O contrato, avaliado em aproximadamente 1 bilhão de coroas suecas, faz parte da produção em série e deriva de uma opção já prevista em um acordo anterior, que incluía o desenvolvimento e a integração do sistema.

O novo sistema de lançamento tem função estratégica para as capacidades operacionais do Gripen, uma vez que será responsável pelo transporte e emprego de mísseis ar-ar e pods de contramedidas eletrônicas. Instalado nos pilones externos das aeronaves, o equipamento incorpora uma interface avançada entre o lançador e o caça, garantindo maior eficiência no emprego de armamentos e na proteção da aeronave contra ameaças.

Segundo a Saab, o aprimoramento desse componente fortalece a disponibilidade operacional do Gripen e contribui diretamente para a prontidão das esquadrilhas suecas. O chefe da área de Aeronáutica da empresa, Lars Tossman, destacou a importância do investimento:

“O sistema de lançamento é uma parte importante para que possamos continuar garantindo a disponibilidade do Gripen e apoiando as capacidades da Força Aérea Sueca”, afirmou. De acordo com Tossman, a atualização permitirá preservar e elevar a capacidade de missão das aeronaves, alinhando-as às demandas atuais de defesa aérea e combate moderno.

A aquisição reforça o compromisso da Suécia em manter sua frota de Gripen constantemente atualizada, garantindo que o caça permaneça competitivo e plenamente integrado aos novos sistemas de armas e tecnologias emergentes no cenário de defesa global.


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Türkiye consolida liderança no mercado global de defesa e se torna referência de expansão estratégica, uma lição valiosa para o Brasil

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A Türkiye vem consolidando, de forma acelerada, sua posição entre os principais exportadores globais de produtos de defesa, transformando-se em um ator influente no cenário geopolítico e industrial. Um relatório oficial do Ministério da Defesa da França, apresentado ao Parlamento como parte do balanço das exportações de armas de 2025, destacou que o mercado internacional passou por uma transformação significativa e que Ancara desponta como uma das protagonistas dessa mudança.

Segundo o documento, além de tradicionais potências como Estados Unidos, Rússia, França e Alemanha, novos competidores emergiram com força na última década, entre eles China, Coreia do Sul e, com destaque especial, a Türkiye. O país investiu de maneira consistente em desenvolvimento tecnológico, autonomia industrial e parcerias estratégicas, ampliando sua presença global e conquistando mercados antes dominados pelo Ocidente.

Uma ascensão construída com planejamento e inovação

De acordo com o relatório, a Türkiye foi o país que apresentou “alguns dos progressos mais impressionantes entre os dez maiores exportadores globais na última década”. Esse desempenho se deve a um planejamento industrial contínuo, fortalecimento de empresas nacionais e políticas de incentivo governamental orientadas para independência tecnológica e competitividade internacional.

O documento ressalta que a indústria turca alcançou um novo recorde em 2024, com um crescimento expressivo de 80% nas exportações de produtos de defesa em comparação com 2023. Um dos principais impulsionadores desse avanço foi o setor de veículos aéreos não tripulados (VANTs), que se tornou uma vitrine da capacidade tecnológica do país, especialmente com o sucesso global de sistemas como o Bayraktar TB2 e o Akıncı.

Além disso, o relatório apontou que o crescimento da Türkiye está ligado a uma estratégia de diversificação de exportações e abertura de novos mercados. O país deixou de atuar apenas em regiões próximas para ampliar sua presença em países da África, Ásia, Oriente Médio, Europa e até mesmo na OTAN, fornecendo soluções competitivas em custo, alta eficiência operacional e independência de insumos estrangeiros.

Mais do que vendas: projeção internacional e influência geopolítica

O sucesso industrial não trouxe apenas resultados econômicos, mas elevou o papel da Türkiye no tabuleiro geopolítico mundial. A capacidade de exportar sistemas modernos de defesa fortaleceu alianças estratégicas, ampliou a diplomacia de defesa turca e reforçou sua influência em conflitos e negociações internacionais.

Ao exportar tecnologias avançadas, a Türkiye passou a integrar acordos de cooperação, transferência de tecnologia e produção conjunta, criando um ecossistema que dinamiza sua economia e gera empregos altamente qualificados.

O exemplo para o Brasil: defesa como vetor de desenvolvimento e soberania

O caso da Türkiye oferece um paralelo importante para o Brasil, que possui histórico de potencial industrial de defesa, mas com ciclos de descontinuidade, baixo investimento e fragilidade em políticas de longo prazo. A experiência turca demonstra que um país pode transformar sua indústria bélica em motor econômico e também em instrumento de projeção estratégica, soberania e geração de divisas.

Assim como Ancara fez nas últimas duas décadas, com foco contínuo em inovação, autonomia, investimentos públicos e participação ativa da iniciativa privada, o Brasil poderia consolidar sua própria indústria, tornando-a menos dependente de fornecedores estrangeiros, mais competitiva internacionalmente e capaz de trazer retorno econômico substancial ao país.

A defesa, quando tratada como política de Estado e não de governo, transforma-se em um dos pilares para geração de tecnologia, empregos, exportações e fortalecimento da posição do país no mundo. O avanço da Türkiye mostra, de forma clara, que aqueles que investem de forma consistente colhem resultados econômicos, estratégicos e diplomáticos.

E o Brasil tem capacidade para trilhar o mesmo caminho.


por Angelo Nicolaci


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Aeronave militar russa pousa na Venezuela após pedido de apoio de Maduro e amplia tensão com os Estados Unidos

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A chegada de uma aeronave de transporte militar Ilyushin Il-76 da Força Aérea Russa ao Aeroporto Internacional de Caracas reacendeu preocupações geopolíticas nas Américas e sinalizou um possível aprofundamento da presença militar de Moscou no continente. O voo, que percorreu uma rota de dois dias passando por Armênia, Argélia, Marrocos, Senegal e Mauritânia antes de pousar na Venezuela, foi interpretado como um movimento calculado em meio ao novo ciclo de rivalidade entre grandes potências no hemisfério ocidental.

A aterrissagem ocorreu logo após o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, solicitar publicamente assistência militar da Rússia, China e Irã. Documentos do governo dos Estados Unidos, revelados por fontes oficiais, indicam que Maduro enviou uma carta ao presidente russo Vladimir Putin pedindo radares defensivos, modernização de aeronaves e apoio com sistemas de mísseis, alegando preocupação com o aumento das atividades militares norte-americanas no Caribe.

O Ilyushin Il-76 é uma aeronave de transporte estratégico capaz de levar até 50 toneladas de carga ou aproximadamente 200 militares. O modelo tem histórico de participar de missões de envio de armamentos e tropas para zonas de conflito onde a Rússia mantém aliados, como Síria e, mais recentemente, Belarus e outras áreas de interesse militar russo. Embora carregamentos maiores, como sistemas S-300 ou S-400, exijam mais de um voo, a chegada do Il-76 é vista por analistas como possível prenúncio de novos desembarques militares em território venezuelano.

A movimentação ocorre em um momento em que a região do Caribe volta a ganhar relevância estratégica. Os Estados Unidos ampliaram suas operações navais e aéreas na área nos últimos meses, oficialmente com o objetivo de combater o narcotráfico e redes criminosas transnacionais. O Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM) afirma, em documentos públicos, que a Venezuela continua sendo um “ponto de apoio para organizações ilícitas e grupos armados”, e que a intensificação de patrulhas no Caribe busca neutralizar ameaças regionais. Caracas, por sua vez, acusa Washington de violações de soberania e de promover ações intimidatórias.

A aproximação venezuelana com Moscou, Pequim e Teerã não é recente, mas ganha nova importância em um cenário internacional marcado pela redistribuição de alianças e pela competição entre grandes potências. Desde o início das sanções econômicas impostas pelos EUA e pela União Europeia contra o governo de Maduro, a Venezuela passou a depender mais de parceiros militares e econômicos alternativos. A Rússia tornou-se, ao longo da última década, provedora de caças, helicópteros, sistemas antiaéreos e treinamento militar. A China, por sua vez, consolidou-se como fonte de financiamento e tecnologia de vigilância, enquanto o Irã tem fortalecido cooperação energética e segurança.

Análise do cenário

A presença de uma aeronave militar russa em Caracas deve ser interpretada como parte de jogos de sinais e contrapesos que não se limita ao contexto regional. Para a Rússia, manter-se atuante na Venezuela permite projetar poder a poucas horas de voo do território norte-americano, fortalecendo um ponto de influência geopolítica em momento no qual Moscou enfrenta isolamento no Ocidente devido à guerra na Ucrânia. A América Latina, e em particular Caracas, tornam-se palco para a Rússia demonstrar que permanece capaz de atuar militarmente fora de seu entorno imediato.

Para a Venezuela, a solicitação de apoio militar de três potências rivais dos EUA busca atender a três objetivos: garantir meios de defesa para dissuadir ações militares norte-americanas, reforçar legitimidade interna diante de uma instabilidade política prolongada e criar margem de manobra diante de negociações internacionais. O governo Maduro entende que segurança e alianças militares são instrumentos de sobrevivência política.

Os Estados Unidos, por sua vez, têm reforçado sua postura de contenção, combinando sanções econômicas, alianças com países da região e presença militar ampliada no Caribe. Há preocupação em Washington sobre o risco de a Venezuela tornar-se plataforma para operações de atores que representam ameaça direta à segurança nacional americana, especialmente se sistemas avançados de defesa aérea ou mísseis forem instalados no país.

Em síntese, a chegada do Il-76 não é um ato isolado, mas parte de uma dinâmica que remete a um novo ciclo de competição geopolítica no hemisfério ocidental. Caso as solicitações de Maduro sejam atendidas com envio de equipamentos sensíveis, como radares, sistemas antiaéreos ou capacidades de mísseis, o Caribe poderá converter-se em um foco relevante da disputa estratégica entre Washington, Moscou, Pequim e Teerã. Para a região, isso representa o risco de militarização crescente e de perda de autonomia diplomática diante da agenda das grandes potências.


por Angelo Nicolaci


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