quarta-feira, 1 de junho de 2022

Chegou o fim para os Carros de Combate (MBTs) ?



Durante os últimos conflitos, e em especial no conflito deflagrado na Ucrânia, o emprego de Carros de Combate (MBT), ou popularmente conhecidos como "tanques de guerra", tem sido colocados em check, principalmente pelo grande número de perdas e as novas ameaças que surgiram nas últimas décadas contra este importante meio das forças terrestres.

Algumas imagens repercutiram pelo mundo, com longas colunas de blindados destruídos, ou abandonados presos a lama nas estradas ucranianas, outra cena que virou meme, foram as imagens de blindados sendo rebocados por ucranianos com tratores. E as icônicas fotos de carcaças carbonizadas com suas torres destruídas, lançadas fora de sua posição original pela explosão da munição no interior dos carros de combate. 

Nos grupos de discussão e redes sociais, há quem defenda que não há mais espaço no campo de batalha para este tipo de veículo, com muitos dos ditos "especialistas de Google" afirmando que chegou o fim da linha para os MBTs, alegando que o eficiente emprego de SARP (sistemas aéreos remotamente pilotados), ou drones como são popularmente conhecidos, aliados aos leves e mortais mísseis anticarro (ATGM) empregados em massa no conflito ucraniano pela infantaria, que podem ser utilizados até por voluntários com mínimo de treinamento. Mas será que realmente chegou o fim da linha para os pesos pesados MBTs?

A resposta é um claro e objetivo NÃO. Ainda não chegou o fim para o emprego de MBTs no moderno cenário de combate. E faço importantes perguntas: "Como estão sendo empregados estes meios naquele conflito?", ou ainda,"O emprego de MBTs evoluiu muito desde os últimos conflitos, foram assimiladas as lições?"

No caso em voga, o cenário do conflito ucraniano, fica muito óbvio a defasagem doutrinária das forças russas, as quais tem empregado seus meios muito distante do que requer o moderno cenário de conflito, ocasionando em pesadas e vergonhosas perdas. Mas com certeza devem se perguntar, onde esta o erro? ou ainda, "Os russos estão repetindo o que se passou no conflito entre Armênia e Azerbaijão". Então é preciso entender que, não se pode empregar determinados meios fora de um "pacote", e isso ficou bem claro na Ucrânia, onde é comum vermos imagens de MBTs avançando sem qualquer apoio de infantaria e sem cobertura de VBCI (Viatura Blindada de Combate de Infantaria, ou IFV no inglês). 

O poder de choque proporcionado pelos MBTs é algo de suma importância no avanço de forças terrestres para romper posições inimigas e consolidar a tomada de pontos estratégicos, além de garantir um importante poder de fogo, principalmente se a utilização destas plataformas é realizado em grandes formações apoiadas pela infantaria.

Um dos erros que pode-se apontar no conflito ucraniano, é o emprego dos Carros de Combate (CC ou no inglês MBT) em zona urbana sem a necessária tomada de pontos chave pela infantaria para cobrir o avanço dos mesmos, lembrando que o cenário de emprego ideal para os MBTs são campos abertos, sendo ele a ponta de lança para conquista de pontos chave em território inimigo, possibilitando a manutenção das posições de infantaria e demais tropas em apoio a consolidação da posição.

Outro ponto que tem sido notável, a progressão dos Carros de Combate (CC) deve ocorrer sob cobertura aérea e de artilharia, os quais devem "amaciar" as posições inimigas para sua entrada, a qual deve impreterivelmente ocorrer em conjunto com avanço da infantaria e suas viaturas VBCI (IFV), os quais devem realizar o esclarecimento e neutralizar posições de inimigas, assim minimizando a possibilidade de atuação de tropas inimigas em resposta ao avanço das colunas blindadas empregando os mais variados armamentos, como RPGs, MANPADs e outros meios para destruir ou deter as unidades.

No moderno teatro de operações, é de suma importância o preparo das tropas dentro do cenário no qual irão operar, e quando se trata de cenário urbano, este representa um grande pesadelo para emprego de qualquer tipo de viatura, dada a possibilidade de posicionamento inimigo em pontos altos e construções que oferecem proteção e discrição as mesmas, assim sendo um cenário adequado para táticas de insurgência e guerrilha urbana, estas se valendo das possibilidades de emboscar o invasor com certa vantagem pelo posicionamento e o conhecimento do terreno. Sendo assim, o emprego de viaturas blindadas tanto sobre rodas, como sobre lagartas exigem um alto nível de adestramento de suas tripulações, e uma importante sinergia com a infantaria, possuindo um alto grau de prontidão material e preparo pessoal.

Acima de tudo que já foi exposto, também cabe analisarmos as características dos meios ora empregados pelos russos, os quais apresentam graves deficiências de projeto em inúmeros pontos, o que expõe demasiadamente suas tripulações e facilita em parte a atuação inimiga. Este ponto será analisado posteriormente, assim como pretendemos aprofundar esta que é uma análise preliminar sobre o emprego de Carros de Combate no moderno teatro de operações, onde iremos buscar informações junto a especialistas do nosso Exército Brasileiro, mantendo nosso compromisso de trazer a você leitor um conteúdo ímpar e de qualidade.

Os Carros de Combate (CC ou no inglês MBT) ainda se apresentam como importante meio para projeção de força, mas seu emprego requer uma importante revisão doutrinária em face as novas ameaças, além de demandar importantes mudanças nos novos projetos de Carros de Combate que dotarão as forças blindadas no futuro próximo, adotando novos conceitos e sistemas que garantirão o sucesso de suas ações.


por Angelo Nicolaci


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