sexta-feira, 25 de maio de 2012

Aviação da Rússia: tempo de mudar



Em agosto, a Força Aérea da Rússia comemora seu 100º aniversário, ao qual foi dedicada uma mesa redonda na Voz da Rússia. Seus participantes, especialistas na área de aeronaves militares e civis, chegou à conclusão de que a aviação russa irá mudar significativamente.

O discurso de Konstantin Makienko, diretor-adjunto do Centro de análise das estratégias e tecnologias, foi dedicado às perspectivas para a indústria aeronáutica russa.

O desenvolvimento da aviação civil deverá ser efetuado com base em dois projetos: o avião regional SSJ-100 e o avião de alcance médio MS-21. Ambos os projetos são parecidos em seu amplo uso de componentes estrangeiros, incluindo motores, o que aumenta as chances dos dois programas serem realizados.

Comentando o recente desastre de um SSJ-100, Konstantin Makiyenko notou que ele não pode ter um impacto negativo no desenvolvimento do projeto. Como prova, podemos recordar exemplos das aeronaves A-320 e A-330 que também tiveram desastres no início de suas carreiras (A-330 em 1994 e A-320 em 1988).

Os peritos deram especial atenção à aviação naval. O foco foi a questão de uma máquina perspectiva de patrulha que irá substituir o IL-38, que se está tornando obsoleto, e o Tu-142, que é demasiado caro para usar. O perito militar independente Prokhor Tebin comentou sobre este assunto.

Falando de tendências globais da aviação naval estrangeira, Tebin notou a persistência de aviões de quarta geração como força de ataque principal (caças F/A-18E/F). Foi também marcada a crescente popularidade global de aeronaves de inteligência e patrulhamento baseadas em aviões civis. Países costeiros e marinhos usam cada vez mais essas máquinas para patrulhar sua costa, águas territoriais e zona econômica exclusiva.

Os participantes da mesa redonda concordaram que a opção mais viável no contexto da Rússia é a construção de uma aeronave de patrulha multiúsos na plataforma de Tu-204/214 – um aparelho já conhecido da indústria, relativamente barato e com boas características de voo.

Uma das importantes vantagens do Tu-204/214 é a sua independência de peças estrangeiras. Isso, talvez, não seja muito bom em termos de suas perspectivas como uma máquina comercial, mas é bastante bom para ser um avião militar que, por definição, é produzido em série limitada e não requer fornecimentos de grande escala capazes de causar dificuldades para os fabricantes de equipamento.

Rússia pretende diminuir exportações de aviões militares

Será possível aumentar as exportações de caças militares russos e que tipos de aviões entrarão em serviço da Força Aérea da FR nos próximos tempos? Estas e outras questões estiveram em debate na mesa redonda que decorreu na sede da emissora Voz da Rússia.

É sobejamente sabido que, no segmento da aviação de combate, a Rússia ocupa posições especialmente fortes. Tais aviões como Su-30 ou Mig-29 são bem conhecidos em diversos países e, sobretudo, no Sudeste Asiático. Todavia, a principal tendência nos próximos dez anos será a reorientação do setor aeronáutico russo para as crescentes necessidades do mercado interno, constata o perito na matéria Konstantin Makienko.

"Entre 1992 e 2012, a indústria aeronáutica russa se baseou em exportações de aviões militares. Hoje em dia, o setor se desenvolve à custa de encomendas internas feitas pelo Ministério da Defesa da Rússia."

Em opinião do perito, as causas residem, antes de mais, na saturação dos mercados chinês e indiano. O ramo aeronáutico da China registra um desempenho acelerado e dinâmico. A título de comparação veja-se as estatísticas: no período entre 1999 e 2003 a China encomendou 128 aparelhos. Mas no período compreendido entre os anos 2006 e 2010 não fez nenhuma encomenda.

A procura indiana também diminuiu em mais de 50%.

A quebra das exportações russas será compensada com as avolumadas compras centralizadas internas. As maiores aquisições - até 600 aviões – serão feitas pelo ramo de aviação tática. Se olharmos para o ano de 2020, por aí será necessário apostar no avanço do segmento de aviação comercial, tendo como a base técnica os engenhos da família MC-21 ou Superjet-100. Até o recente acidente trágico, ocorrido há dias na Indonésia, não será capaz de afetar o prestígio do projeto, realça Konstantin Makienko e prossegue:

"A catástrofe não deve ter impacto negativo sobre o projeto. Casos semelhantes também houve no passado. Na fase inicial, se despenhou um A-300, em 1994, caiu um A-330, mas estes acidentes não influíram no destino dos respetivos projetos, quer foram bem- sucedidos."

No domínio da aviação militar, precisamos de um projeto sério que contribua para exportações estáveis. As vendas do T-50 serão limitadas por causa do elevado preço. Por isso, deve-se proceder ao desenvolvimento dinâmico de um aparelho menos dispendioso. Por outro lado, a aviação de longo curso tem boas perspetivas de modernização, considera o presidente do Conselho Social junto do Ministério russo da Defesa, Igor Korotchenko.

"Face à modernização dos bombardeiros de longo curso Tu-160, estes aviões poderão exercer uma série de funções diversas, podendo ser utilizados, devido à sua versatilidade, como engenhos de combate a média distância."

Fonte: Voz da Rússia
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