domingo, 7 de setembro de 2025

Câmara dos Deputados Reconhece Heróis da Marinha e das Forças Armadas na Segunda Guerra Mundial

Na última terça-feira (2), a Câmara dos Deputados foi palco de uma sessão solene em homenagem aos oitenta anos da participação dos militares brasileiros na Segunda Guerra Mundial, um momento que reuniu parlamentares de diferentes legendas e representantes das três Forças Armadas para celebrar o heroísmo, o sacrifício e a dedicação daqueles que colocaram a soberania e a democracia brasileiras acima de qualquer risco pessoal. O evento destacou de maneira especial o papel da Marinha do Brasil, cuja atuação foi decisiva na proteção de comboios mercantes rumo à Europa e nos confrontos da Batalha do Atlântico, garantindo não apenas a segurança dos mares brasileiros, mas também o abastecimento das tropas aliadas no front europeu. A Marinha do Brasil foi, assim, a primeira força nacional a entrar em combate e a última a se retirar, consolidando-se como guardiã das águas nacionais durante o conflito e como protagonista de uma das mais longas campanhas navais da história militar do país.

A sessão teve início com a exibição de um vídeo institucional produzido pela própria Câmara, apresentando imagens da década de 1940 que mostravam a escolta de comboios pelo Atlântico Sul, o transporte de soldados da Força Expedicionária Brasileira até o front europeu e a rotina extenuante dos marinheiros em combates contra submarinos alemães em águas nacionais. O ano de 1942 marcou um ponto de inflexão na história brasileira. Com o torpedeamento de navios mercantes na costa do país, o Brasil abandonou a neutralidade e declarou guerra ao Eixo, reafirmando seu compromisso com a liberdade, a soberania e a paz. A partir desse momento, os marinheiros assumiram a responsabilidade de proteger não apenas o comércio marítimo, mas também a integridade da costa brasileira, enfrentando inimigos tecnológicos e estratégicos capazes de operar de forma furtiva e letal nos mares do Atlântico Sul.

O Contra-Almirante reserva Pedro Lima Silva Filho, assessor de Relações Institucionais da Marinha, destacou números impressionantes que refletem o esforço heroico dos marinheiros brasileiros. Foram formados 575 comboios navais, garantindo a travessia segura de mais de 3.160 navios mercantes sob constante ameaça de submarinos inimigos. O êxito operacional da Marinha do Brasil atingiu mais de 99% de sucesso nas escoltas, mas o preço pago foi alto: 486 militares e 970 civis tombaram, totalizando 1.456 brasileiros que perderam a vida no mar. Esses números refletem não apenas a coragem individual, mas também a organização e a disciplina de uma força que, apesar das limitações logísticas e tecnológicas da época, conseguiu operar com excelência em condições extremas. O Contra-Almirante reforçou ainda que a guerra não se restringiu às frentes terrestres, mas que as águas brasileiras também se tornaram palco de heroísmo e sacrifício, regadas pelo sangue e pela determinação dos marinheiros.

O Almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, representando o Ministro da Defesa, ressaltou que o Brasil foi o único país sul-americano a enviar tropas para o conflito europeu e enfatizou a diversidade dos combatentes, que representavam todas as regiões e classes sociais do país. Jovens do Recife, operários de São Paulo, fazendeiros do Rio Grande do Sul e ribeirinhos da Amazônia lutaram lado a lado, formando um mosaico humano que permaneceu unido pelo ideal da defesa da democracia. Para o Almirante, esse exemplo constitui um pedestal moral para o país, demonstrando que a defesa da liberdade exige união, coragem e disciplina, valores que devem ser transmitidos às futuras gerações. Ele destacou que preservar a memória desses eventos é mais do que um dever cívico; é uma missão constitucional que fortalece a identidade nacional e o respeito à vida.

O Deputado Federal Pedro Aihara, proponente da sessão, afirmou que o legado das Forças Armadas brasileiras é inestimável e que os heróis daquela época continuam a servir como faróis que iluminam o presente e apontam caminhos para o futuro. Cada militar que hoje veste a farda carrega em seu uniforme não apenas a defesa de um território, mas a herança de homens que provaram ao mundo que o Brasil sabe lutar pela paz. Aihara destacou que os militares enfrentaram não apenas o inimigo no campo de batalha, mas também o frio, a incerteza e a saudade. Venceram porque acreditaram que o Brasil tinha um papel no mundo e compreenderam que democracia e justiça não são concessões, mas conquistas que devem ser defendidas constantemente. Graças a esse comprometimento, o Brasil saiu da guerra respeitado e fortalecido.

O Deputado Federal Luiz Carlos Hauly ressaltou que o direito à democracia é inegociável, sendo reafirmado internacionalmente com a criação da Organização das Nações Unidas após a Segunda Guerra. Ele destacou que, mesmo em pleno século XXI, líderes autoritários ainda oprimem seus povos por meio de guerras internas e externas, utilizando tecnologias sofisticadas para atacar civis e crianças. As Forças Armadas brasileiras, segundo Hauly, resistiram e continuam resistindo a essas ameaças, mantendo firme o compromisso de colocar a nação e a pátria acima de interesses individuais ou ideológicos.

O evento também contou com o depoimento emocionado de Maria do Socorro de Barros, filha da enfermeira combatente Aracy Arnaud Sampaio, que relatou experiências de convivência com veteranos da Segunda Guerra Mundial. Ela destacou que esses homens e mulheres lutaram movidos pelo amor à nação, pela coragem e pela determinação de enfrentar o medo, sempre acreditando na vitória. Segundo ela, esse legado deve ser lembrado e comemorado, pois a terra, o ar e as águas jamais esquecerão os heróis brasileiros que se dedicaram à defesa da pátria.

A atuação da Marinha na Batalha do Atlântico envolveu complexas operações logísticas e estratégicas, incluindo a coordenação de comboios mercantes, integração com aliados europeus, treinamento intensivo de marinheiros em técnicas de escolta e combate antissubmarino, monitoramento constante de rotas marítimas estratégicas e proteção das águas nacionais contra incursões inimigas. Essa experiência histórica contribuiu para modernizar a Marinha do Brasil, fortalecendo sua capacidade de planejar operações complexas, integrar sistemas de comando e controle e executar missões de defesa territorial e internacional com excelência comprovada.

Além do aspecto militar, a sessão solene ressaltou a importância de educar as novas gerações sobre esses eventos, a fim de valorizar o sacrifício humano, compreender a relevância estratégica do país no contexto global e desenvolver valores de cidadania, patriotismo e responsabilidade. A preservação da memória desses heróis contribui para a formação moral e ética das Forças Armadas, mantendo vivo o compromisso com a defesa da democracia.

O evento reafirmou que os feitos da Marinha do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial não são apenas capítulos da história, mas fundamentos da identidade nacional e militar. O heroísmo de milhares de homens e mulheres, que enfrentaram combates em alto-mar sob constante risco, deixou lições de coragem, resiliência e responsabilidade coletiva que ecoam até os dias atuais. Ao celebrar os oitenta anos da participação brasileira no conflito, o país celebra não apenas a vitória militar, mas também a consolidação de valores democráticos, o respeito à vida e a preservação da soberania. A memória desses heróis permanece viva, guiando os brasileiros contemporâneos e inspirando futuras gerações a defenderem a pátria com honra, coragem e integridade.


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com Marinha do Brasil


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