terça-feira, 9 de abril de 2019

T129 "ATAK" -Turkish Aerospace e Embraer juntas?

A indústria turca surpreendeu com uma presença forte nesta edição da LAAD, o maior e mais importante evento do setor de defesa na América Latina. A LAAD 2019 foi uma importante vitrine para as indústrias da Turquia e seu variado leque de soluções em defesa. Dentre as várias empresas presentes, a Turkish Aerospace Industries (TAI) foi a que mais chamou atenção, despertando a curiosidade do público, realizando as vésperas do evento um tour de demonstração de seu helicóptero de ataque, o T129 “Atak” pelo Brasil, incluindo avaliações no CAvEX em Taubaté e em Brasília. O GBN News foi até a TAI descobrir um pouco mais sobre os planos turcos para o mercado latino americano e a importância do Brasil nesta estratégia.

Após contatar a equipe de comunicação social da empresa, marcamos uma entrevista com Tomer Özmen, Vice-Presidente responsável pela área de marketing e comunicação da empresa. A conversa contou com a participação da Ana Carbonieri que nos auxiliou na entrevista.

O primeiro ponto que buscamos foi obter mais informações sobre o T129 “Atak”, que sem sobra de dúvidas roubou a cena nesta edição da LAAD, despertando a curiosidade de nosso público. Mas como já é nossa marca registrada, buscamos ir além das informações técnicas e especificações da aeronave, pois esses pontos já foram exaustivamente abordados pelas mídias brasileiras. Miramos então nas questões que levaram a TAI a trazer tal aeronave ao Brasil e conhecer um pouco mais sobre as perspectivas da empresa com relação ao mercado de defesa Latino Americano, tendo em vista o grande investimento que as indústrias de defesa da Turquia fizeram em sua participação nesta edição da feira.

O primeiro ponto que Özmen nos esclareceu é o importante papel do T129 “ATAK” na estratégia da TAI, não apenas para o Brasil, onde a empresa pretende participar da futura concorrência do Exército Brasileiro que irá buscar um helicóptero de ataque, categoria na qual se insere o T129 “Atak”. Mas além do exército brasileiro, a TAI pretende oferecer seus helicópteros a outras nações latino americanas. Özmen nos apresentou um pouco sobre as características dessa aeronave, ressaltando suas qualidades de combate e sistemas que garantem ao T129 uma consciência situacional bastante relevante, contando com vasto arsenal e possibilidades de emprego, além de vários recursos de defesa, incluindo sistemas EW, RWR, LWS, MWS e CMDS, os quais serão mais detalhados em artigo específico sobre a aeronave.

O ponto que mais nos despertou atenção foi quando Özmen nos falou sobre as perspectivas da TAI em relação ao Brasil, onde deixou claro que não vieram a esta edição da LAAD visando apenas vender o T129 as forças armadas brasileiras, mas sim buscar uma ampla parceria com a indústria de defesa brasileira, em especial a EMBRAER. Com relação a essa parceria, o objetivo dos turcos é a criação de uma linha de fabricação de aeronaves de asas rotativas e VANTs com a Embraer, para então oferecer em conjunto ao mercado latino americano suas avançadas tecnologias a partir do Brasil, onde o escopo da cooperação envolve transferir à indústria brasileira a expertise no projeto e produção deste tipo de aeronaves, além de estabelecer uma linha de suporte pós-venda para seus produtos no país.

Com relação a esta perspectiva, Özmen informou que a diretoria de ambas empresas estaria iniciando uma série de reuniões visando um entendimento neste sentido, e que tais conversas estão caminhando positivamente, o que poderá em breve render o anúncio de uma parceria ampla entre a TAI e a Embraer Defesa & Segurança (EDS). Tal perspectiva nos surpreendeu, e caso as negociações venham a frutificar, seria algo extremamente interessante para a EDS, pois possibilitaria à Embraer adentrar um novo e rentável mercado, tirando a Helibrás da posição de única fabricante de helicópteros no Brasil, ampliando as opções no mercado brasileiro.

Outro produto que a TAI coloca na mesa de negociações visando o mercado latino americano, inclui o VANT ANKA, para o qual também está disposta a transferir a tecnologia e a linha de produção para o Brasil a fim de atender a demanda do mercado latino. Özmen enfatizou que vieram este ano ao Brasil com um único objetivo em mente, fechar uma extensa parceria com a indústria brasileira de defesa, para a qual estão dispostos a realizar uma extensa transferência de tecnologia e atuar em conjunto no mercado internacional, citando vários cases de parcerias desenvolvidas pela TAI, como o fornecimento de componentes e sistemas para as gigantes Boeing, para a qual fornecem vários componentes do Boeing 787 Dreamliner, e a Airbus, com quem atuam como parceiros no desenvolvimento do cargueiro A400M.

Özmen frisou que a reunião com a Embraer será um divisor de águas para indústria aeroespacial turca, que pretende atuar fortemente no mercado latino americano tendo o Brasil como ponto de partida, contando com uma série de produtos que atendem aos requisitos das forças armadas desta região do globo, aliados ao baixo custo de aquisição e operação, o que, se somado ao nome da gigante brasileira de defesa, poderá resultar num enorme sucesso no mercado de defesa.

A TAI já mira a concorrência do Exército Brasileiro, na qual uma vitória seria uma importante porta de entrada para o vasto mercado neste continente, lembrando que uma parceria ampla com a Embraer pode significar maior peso na proposta a ser apresentada ao Exército Brasileiro, tendo em vista a grande expertise da EDS em absorver novas tecnologias e atender as exigências de nossas forças armadas. É importante frisar que a Embraer possui larga experiência neste tipo de negócio, sendo a indústria de defesa nacional que mais tem atuação em projetos estratégicos de defesa do Brasil, atuando no Programa Gripen-BR (FX-2), recentemente sagrando-se vencedora, em parceria com a alemã TKMS, no Programa CCT da Marinha do Brasil, além de ser responsável por vários programas de modernização e desenvolvimentos brasileiros.

Ainda aproveitando essa conversa, indaguei a Özmen sobre a curiosa aeronave de quinta geração que estava representada por uma maquete exposta no stand, tratando-se do Turkish Fighter, ou TF, programa de desenvolvimento para uma moderna aeronave com concepção stealth, a qual deve resultar no substituto das aeronaves F-16 hoje operadas pela Turquia. Como curiosidade, a mesma pode ter outro importante papel, podendo vir a se tornar a opção turca caso Washington resolva não cumprir o acordo de entrega das aeronaves F-35 a Turquia, algo que vem sendo alvo do atrito entre ambos os países devido a opção de Ancara em obter o sistema de defesa aérea S-400 de origem russa.

Resumindo o que conversamos, a TAI está em busca de estabelecer uma ampla parceria com a Embraer no campo de asas rotativas e VANT’s, porém, nos resta aguardar o desenrolar dessas conversas, as quais podem resultar na criação de uma nova e potencial linha de produtos da gigante brasileira, que há algum tempo tem demonstrado uma nova visão estratégica, passando a oferecer não apenas aeronaves de asas fixas, manutenção e soluções em modernizações, mas começa a se inserir em diversos campos da defesa, com uma forte possibilidade de estender sua atuação as asas rotativas, assim como vem adentrando o campo da construção naval com a vitória no Programa CCT. Vamos aguardar o desenrolar das negociações e torcer para que tenhamos uma grata surpresa.

Aproveito para deixar aqui nosso agradecimento à equipe da TAI, que nos proporcionou uma aprazível oportunidade de conhecer melhor a empresa e suas perspectivas em relação ao Brasil.


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3 comentários:

  1. Bem seria ótimo uam nova fabrica de helicópteros aqui no pais ,porem dizem que tem muita peça americana entao e temeroso ja que tem que casar com o império e porque qualquer desentendimento nao suprem com peças etc ,ainda mais agora depois dessa briguinha entre Turquia e EUA .

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  2. A Embraer será desmembrada com a fusão com a Boeing. Nesse contexto, seria muito importante para a divisão de defesa ampliar sua capacidade de atuação não só na asa fixa e naval. Outro aspecto positivo seria criar finalmente uma indústria desenvolmentista em asa rotativa, já que a Helibras nunca cumpriu seu papel de desenvolver um autêntico produto nacional.

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