quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Em Cuba, Lula pede fim do bloqueio e afirma que EUA “perderam a guerra”

 
 

 Horas depois de ter se encontrado em Havana com o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva criticou o bloqueio norte-americano à ilha caribenha. No discurso de encerramento da 3ª Conferência Internacional pelo Equilíbrio do Mundo, realizado na noite desta quarta-feira (30/01), o ex-presidente afirmou que a única razão para o embargo de 50 anos continuar existindo é a teimosia dos Estados Unidos em “não reconhecer que perdeu a guerra para Cuba”. As informações são da multiestatal Telesur e do Instituto Lula.
 
“Não existe mais nenhuma razão de se manter o bloqueio [de Cuba] a não ser a teimosia de quem não reconhece que perdeu a guerra, e perdeu a guerra para Cuba”, afirmou. “Espero que [o presidente reeleito dos EUA, Barack] Obama, neste mandato, tenha um olhar mais igualitário e mais justo para com nossa querida América Latina”, defendeu o ex-presidente. “Como sou otimista, eu acredito que um dia os Estados Unidos vão rever a sua posição, e espero que seja no governo Obama”, completou.

No evento, que reuniu mais de 700 delegados de 41 países no Palácio de Convenções de Havana, Lula também defendeu o fortalecimento da integração latino-americana. “Vocês não podem voltar para suas casas e simplesmente colocar isso [a participação no evento] nas suas biografias. É necessário que vocês saiam daqui cúmplices e parceiros de uma coisa maior, de uma vontade de fazer alguma coisa juntos mesmo não estando reunidos”, disse aos presentes.

A Conferência, terceira realizada em 10 anos, é patrocinada pela Oficina do Programa Martiano, que se propõe a debater internacionalmente a contribuição intelectual do herói da independência cubana, José Martí. O evento coincide com os 160 anos de Martí e com o aniversário de 60 anos da invasão do Quartel Moncada, um importante marco da revolução cubana, e reuniu cerca de 1500 participantes, dos quais 800 estrangeiros de 44 países. Na terça, o ex-presidente depositou flores no memorial de Martí, em Havana.

Em outro trecho do discurso, Lula defendeu o presidente da Bolívia, Evo Morales. “Quem imaginava que um índio, com cara de índio, jeito de índio, comportamento de índio, governaria um país e, mais do que isso, que seu governo daria certo?”, questionou. Lula afirmou que a direita brasileira queria que ele brigasse com Evo, quando este estatizou a empresa de gás boliviana, então operada pela brasileira Petrobras. “Aí eu pensei: eu não consigo entender como um ex-metalúrgico vai brigar com um índio da Bolívia”, contou o ex-presidente, sob os aplausos da plateia.

O ex-presidente também abordou temas como a mídia, ao afirmar que a interação permitida pelos meios de comunicação modernos, como a internet, abre grandes possibilidades ao processo de integração latino-americana: “Nunca tivemos tanta oportunidade de sermos tão independentes”.
 
"Nem reclamo, porque no Brasil a imprensa gosta muito de mim", ironizou. "Nasci assim, cresci assim e vou continuar assim, e isso os deixa muito nervosos", disse, sobre suas relações com a imprensa tradicional brasileira.

Segundo Lula, o mesmo tipo de relação se aplica aos outros governos progressistas da América Latina: “Eles não gostam da esquerda, não gostam de [Hugo] Chávez, não gostam de [Rafael] Correa [presidente do Equador], não gostam de [José] Mujica [presidente do Uruguai], não gostam de Cristina [Kirchner, presidente da Argentina], não gostam de Evo Morales [presidente da Bolívia]. E não gostam não pelos nossos erros, mas pelos nossos acertos”, disse. Para Lula, as elites não gostam que pobre ande de avião, compre um carro novo ou tenha uma conta bancária.
Lula abriu o seu discurso pedindo um minuto de silêncio para as vítimas do incêndio em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e fez uma homenagem a Chávez, que se encontra internado em Havana, em tratamento contra um câncer na região pélvica. O ex-presidente afirmou estar usando uma Guayabera vermelha em sua homenagem.

Agenda
Lula também participou, nesta quarta, do lançamento do livro Os últimos soldados da guerra fria, do escritor brasileiro Fernando Morais. Não foram divulgados maiores detalhes sobre o encontro entre Lula e Fidel.
Pela manhã, o ex-presidente brasileiro também visitou o presidente Raúl Castro e acompanhou as obras do Porto de Mariel, destinado a ser uma "zona econômica exclusiva" na ilha, autorizada a receber capital estrangeiro.

O ex-presidente, em Havana desde segunda-feira (28), deve deixar Cuba em direção à República Dominicana, onde se encontrará com o presidente Danilo Medina Sánchez e o ex-presidente Leonel Fernández.

No dia 2, Lula irá a Washington, onde no dia seguinte, fará o discurso de abertura em um evento do sindicato dos trabalhadores da indústria automobilística e aeroespacial.
 
Fonte: Operamundi
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