domingo, 1 de dezembro de 2013

China dá segunda vida aos supercanhões

 
A revista Jane's Defense Weekly relatou a existência de uma série de fotos de satélite com imagens de um campo de tiro localizado perto da cidade chinesa de Baotou, nas quais se veem dois objetos que aparentam ser gigantes peças de artilharia com canos de 24 e 33 metros de comprimento. Segundo a publicação, essas bocas de fogo se assemelham a um canhão gigante que se pretendia construir no âmbito do Projeto Babilônia, desenvolvido em seu tempo pelo Iraque, mas não realizado.
 
O chefe do Babilônia, o renomado engenheiro militar norte-americano Gerald Bull, desenvolvia meios econômicos de lançamento e colocação de cargas em órbita. Ainda em 1962, Bull, utilizando um tubo modificado do antigo canhão naval de 406 mm, conseguiu lançar um projétil Martlet, de 150 kg, a uma altura de 66 km. Durante algum tempo, esses projéteis foram usados de forma ativa para sondagem de camadas altas da atmosfera. Posteriormente, o Martlet foi aperfeiçoado tornando-se capaz de subir a 249 km. Mas em 1967 o financiamento do projeto foi cortado.
 
Privado do apoio financeiro por parte do Estado, Bull intentou angariar os recursos necessários para continuar seus projetos espaciais, prestando ajuda na modernização de tecnologias de produção de peças de artilharia aos países como China, África do Sul, Iraque e Israel. O Projeto Babilônia, que Bull estava desenvolvendo para o Iraque, visava criar um canhão gigante, de 2.100 toneladas de peso e 156 metros de comprimento, destinado a lançar satélites espaciais. Todos os projetos de Bull acabaram com o assassinato de seu autor em 1990, em Bruxelas.
 
A China tinha desenvolvido seu próprio projeto de supercanhão Xianfeng, construído na década de 1960. Mais tarde, nos anos 1990, também houve relatos de que a China prosseguia trabalhando nos projetos de supercanhões. Merece a pena destacar que, no contexto atual, semelhantes sistemas não podem ser considerados como armas operativas. Os supercanhões não possuem mobilidade necessária, são de tamanho excessivamente grande e, portanto, vulneráveis. No caso de guerra, eles seriam inevitavelmente detetados e destruídos pelo opositor.
 
Sobre sua possível utilidade na época atual pode-se conjeturar voltando à experiência da antiga União Soviética. Na charneira das décadas 1940 e 1950, a URSS havia desenvolvido e construído um número de peças gigantes que eram usadas para testar potentes bombas aéreas destinadas a destruir porta-aviões norte-americanos. O uso de tais canhões permitia reduzir de modo substancial o custo dos ensaios em comparação com o lançamento de bombas a partir de aviões. Além disso, os canhões possibilitavam condições de teste estáveis e invariáveis, em primeiro lugar no que diz respeito à velocidade de voo da bomba.
 
É perfeitamente provável que os canhões chineses sejam usados para testes. Também se pode presumir que os chineses, quando tiverem acumulado uma experiência de uso de semelhantes canhões, decidam verificar as hipóteses de Gerald Bull sobre a possibilidade de os aplicar para baixar o custo dos lançamentos de engenhos espaciais, abrindo uma nova era na conquista do espaço pela humanidade. Mas isso ainda não é senão um sonho.

Fonte: Voz da Rússia
 
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