sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

A Marinha do Brasil e as perspectivas de novas aquisições.

Muito tem sido especulado e "fantasiado" nas mídias e redes sociais, onde há inúmeras "fontes" que dariam conta de hipotéticas aquisições de meios pela Marinha do Brasil. Nós do GBN News mantendo nosso compromisso com a transparência e exatidão das informações que veiculamos em nosso site, buscamos informar nosso público com fontes confiáveis e identificadas, como é o caso desta matéria, com a qual pretendemos jogar por terra algumas falsas notícias que vem sendo difundidas irresponsavelmente nas redes sociais. 

No último dia 31 de janeiro, estivemos presentes ao lançamento do Filmete e Exposição em homenagem ao Alte. Alvaro Alberto, pioneiro do Programa Nuclear Brasileiro, ocorrido no Clube Naval, onde após o cerimonial acompanhamos um bate papo com o Alte.Esq. Ilques Barbosa Jr., onde o mesmo esclareceu pontos importantes sobre os programas da Marinha do Brasil, os quais desmistificam muitas das falsas informações envolvendo o reaparelhamento da esquadra.

Resolvemos então dividir em tópicos, onde pretendo responder ao questionamento de vários leitores sobre as "fantasiosas" notícias que ganham as redes sociais, tratando de maneira séria e profissional.

ESCOLTAS

Segundo os "especialistas" e suas "fontes", a Marinha do Brasil estaria analisando a aquisição de fragatas OHP ofertadas pelos EUA, as quais segundo estas "fontes", estariam sendo oferecidas com um preço muito atraente e que a Marinha do Brasil teria apresentado interesse. Mas, vamos à realidade dos fatos, pois conforme já temos confirmado desde dezembro, quando o "timão" da Marinha do Brasil estava nas mãos do Alte Esq. Leal Ferreira, não havia qualquer interesse na aquisição destes navios, algo reiterado pelo atual Comandante da Marinha, Alte.Esq. Ilques Barbosa Jr., o qual deixou claro que não há qualquer mudança nos rumos adotados pela Marinha do Brasil, sendo a atual administração continuação da anterior, onde o mesmo participou ativamente. Então, esta na hora de exorcizar essa fake news envolvendo a possibilidade de o Brasil operar as fragatas da classe "Oliver Hazard Perry" (OHP).

Outra notícias que vem sendo alvo de muito alvoroço envolvendo o reaparelhamento da esquadra, seria uma suposta oferta italiana envolvendo o fornecimento ao Brasil de duas fragatas FREMM, algo que foi negado pelo Alte Esq. Ilques Barbosa Jr., onde deixou claro desconhecer qualquer oferta do tipo feita pelos italianos. Partindo desta afirmativa feita pelo Comandante da Marinha, fica claro que a suposta oferta de fragatas pelos italianos não passa de obra da imaginação ou fruto de uma "fonte" que realmente desconhece a realidade dos fatos, a qual se aproveitou da aproximação do governo brasileiro e italiano devido a entrega do terrorista Cesare Battisti a justiça daquele pais europeu, o que teria levantado especulações como essa envolvendo uma suposta oferta de fragatas FREMM ao Brasil.

Ainda com relação as nossas escoltas, o Alte Esq. Ilques Barbosa Jr. esclareceu que a Marinha do Brasil esta focada no Programa de Corvetas Classe Tamandaré (CCT), as quais substituirão em primeiro momento os atuais meios de escolta que operamos, e que nesse ínterim, a Marinha irá otimizar e prolongar ao máximo a operação dos meios que dispomos, à saber, nossas fragatas Classe Niterói, as quais estão recebendo atualizações e melhorias com objetivo de mante-las operacionais até a chegada das novas corvetas, ressaltando que serão inicialmente quatro novas corvetas e a modernização da "Barroso" para o mesmo padrão da "Tamandaré". 

Quando questionado sobre a possível aquisição de oportunidade pela Marinha do Brasil, o Alte Esq. Ilques Barbosa não descartou a hipótese, mas foi bem incisivo ao afirmar que isso só ocorrerá se for uma oferta muito vantajosa e com custo muito atraente e que não cause impacto nos atuais programas em andamento da Marinha do Brasil. 

Outro ponto que me chamou atenção, foi quando questionei sobre a necessidade de escoltas para o PHM "Atlântico", o qual nos esclareceu que no teatro de operações modernos no qual a Marinha do Brasil tem adentrado nos últimos anos, há uma nova postura tática nas marinhas em todo mundo, onde conceitos tem sido mudados em face do avanço tecnológico e o enorme ganho tático que vem sendo obtido com a implantação de novas tecnologias e capacidades nos meios navais. Por exemplo, o "Atlântico" possui uma grande capacidade de defesa, contando com um moderno sistema radar que pode monitorar um grande raio ao seu redor, capaz de estabelecer controle aéreo e coordenar meios aéreos, podendo ser guarnecido com diversos tipos de aeronaves de asas rotativas em seu Destacamento Aéreo Embarcado (DAE), com as quais pode lidar com qualquer ameaça inimiga, o que reduz a dependência de navios de escolta, o que leva a necessidade de um aparato menor que o utilizado em outros tempos, isso sem falar no apoio aéreo que pode receber de aeronaves de asa fixa, monitoramento avançado com SARP, satélites, Links e etc...

NAVIO TANQUE

Há muitas perguntas sobre a possibilidade da Marinha do Brasil realizar a aquisição de um navio tanque britânico da Classe "Wave", onde muitos "especialistas" apontam como uma grande necessidade de nossa esquadra, apontando como grande trunfo o fato de ser um navio de casco duplo e com grande capacidade de apoio à esquadra. Mas durante a conversa realizada com Alte Esq, Ilques Barbosa Jr., nosso amigo Luiz Padilha, editor do DAN, questionou sobre o eventual interesse brasileiro neste navio, recebendo como resposta do Comandante da Marinha que não há prioridade para aquisição de meios deste tipo, onde o G-23 "Alte Gastão Motta" atende a contento as necessidades de nossa marinha, havendo no momento outras prioridades em nossa Marinha.

NAVIO DE APOIO OCEANOGRÁFICO (NApOc)

A Marinha do Brasil já mantém estudos com objetivo de obter um substituto para o NApOc "Ary Rongel", onde o programa de obtenção de um novo navio para prestar apoio ao PROANTAR esta entre as prioridades da Marinha do Brasil, tendo em vista que o "Ary Rongel" se aproxima de sua aposentadoria.

Segundo apurado, o intuito da Marinha do Brasil será a obtenção por construção, onde terá como preferência a construção local do novo navio. Tal fato é de suma importância para industrial naval brasileira, que apesar de se tratar de apenas um navio, trás consigo uma vasta capacitação tecnológica, devendo o mesmo exibir em seu projeto tecnologias avançadas e novas capacidades científicas, seguindo o exemplo do NPqHo "Vital de Oliveira", que é hoje o mais moderno navio de sua categoria operando no hemisfério sul.

PROSUB

O PROSUB segue conforme o previsto, não há perspectivas de alterações em seu cronograma, onde acompanhamos o lançamento do primeiro de quatro submarinos convencionais previstos pelo programa. Onde inclusive durante a coletiva de imprensa fornecida durante o evento ocorrido em 14 de dezembro de 2018, foi deixado em aberto a possibilidade de construção de um quinto exemplar da Classe "Riachuelo" entre o quarto SBR e o SNBR. Tudo dependerá de fatores os quais não podemos prever, como momento econômico, orçamento da Marinha do Brasil, necessidade operacional.


ASA ROTATIVAS

Há inúmeras notícias sem fundamento envolvendo a aquisição de aeronaves de asas rotativas pela nossa Marinha do Brasil, sendo um clássico o suposto interesse de aquisição de aeronaves AH-1W "Super Cobra", este "mito" já foi abatido pela antiaérea do GBN News logo no início de suas especulações, quando no mesmo Clube Naval tivemos a oportunidade de questionar o então Comandante da Força Aeronaval, C.Alte Nôga, onde foi enfático ao dizer que não há qualquer interesse de adquirir um novo helicóptero, estando a força adequadamente aparelhada com o que opera, sendo capaz de cumprir todas suas atribuições.

Recentemente a Marinha do Brasil realizou a compra por oportunidade de três aeronaves H-135, tendo por objetivo substituir os UH-13 do Esquadrão HU-1, os quais apoiam o PROANTAR entre outras missões.

Ainda no campo das asas rotativas, esta sendo estudada a aquisição de novas aeronaves para instrução, as quais substituirão os vetustos Bell 206 Jet Ranger III, denominados IH-6B na Marinha do Brasil. Tal estudo esta sendo conduzido em conjunto entre as três forças, o que poderá resultar na compra conjunta, como ocorreu com os H225 "Caracal", os quais vieram a aparelhar as três forças, recebendo apenas algumas modificações com objetivo de atender as necessidades de cada uma. 

Tudo aponta para escolha do H125 da Airbus, nosso conhecido "Esquilo", uma aeronave robusta e bastante confiável, a qual inclusive a Marinha estaria analisando a possibilidade de substituir dois H225M que restam ser entregues, por aeronaves H125, lembrando que representaria um número maior de aeronaves H125, uma vez que o valor do H225M é muito maior. Mas, apesar das perspectivas desta troca apresentada, ainda é cedo para sua confirmação, podendo resultar ainda na aquisição conjunta de aeronaves do tipo pelo governo federal, como ocorrido com o H225.

Espero ter apresentado de maneira clara as perspectivas oficiais que tivemos acessos, mantendo os pés na realidade e fugindo dos devaneios de veículos e mídias descompromissadas com a informação, nos atendo as fontes críveis e factuais. Em breve lançaremos mais esclarecimentos e perspectivas sobre as demais forças armadas brasileiras.


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1 comentários:

  1. Interessante a informação da possibilidade de aquisição conjunta de helicópteros de instrução. Isto é muito proficup do ponto de vista industrial e custos (escala); padronização e integração entre as forcas (sinergia e logística).

    Parabéns pela informação, Ângelo!!!

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