sábado, 17 de outubro de 2015

Odebrecht Defesa e Tecnologia e a Mectron colocam o Brasil no mapa global da indústria bélica

De olho em um mercado que movimenta US$ 1,8 trilhão por ano, o Brasil está promovendo o renascimento de sua indústria de defesa. Atualmente, mais de 400 fabricantes de equipamentos e tecnologias militares atuam no País. O setor ganhou nova vida após a aprovação da Estratégia Nacional de Defesa, em 2010, que prevê investimentos superiores a R$ 190 bilhões, até 2028, para a renovação da estrutura das Forças Armadas. Entre os projetos em curso estão o Prosub, que vai desenvolver o primeiro submarino nuclear nacional; o Sisgaaz, sistema de monitoramento das águas territoriais; o Sisfron, sistema de monitoramento das fronteiras; a compra dos caças Gripen, da sueca Saab; e a renovação da frota de blindados do Exército.
Essas iniciativas levaram ao surgimento de novas forças empresariais no segmento, como a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT). A companhia está envolvida em dois dos mais bem-sucedidos programas militares até o momento: o Prosub e o polo tecnológico de São José dos Campos, no interior de São Paulo, um dos maiores centros de desenvolvimento da indústria aeroespacial na América Latina. A atuação do Brasil na área militar está voltada, exclusivamente, para a defesa do Território Nacional, mas isso não quer dizer que a indústria fica limitada ao mercado nacional.
O papel das forças armadas é proteger o País de potenciais ameaças externas, segundo o Almirante Carlos Afonso Pierantoni Gambôa, vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança. “Somos um país pacífico”, diz Gambôa. O que não impede o desenvolvimento, por parte de empresas nacionais, de plataformas e sistemas de defesa com tecnologias mais avançadas. É o caso do submarino nuclear. O Prosub foi instituído em setembro de 2009, por meio de uma parceria com a França.
O programa engloba a fabricação do primeiro submarino nacional com propulsão nuclear, a partir de um projeto francês, que será aprimorado. A construção da embarcação está sendo feita pela Itaguaí Construções Navais, empresa que tem como sócias a empresa francesa DCNS, uma das maiores companhias navais do mundo, e a Odebrecht. O Prosub é, atualmente, a prioridade da Marinha brasileira, que vem lidando com restrições orçamentárias. “Saímos de um orçamento de R$ 5,2 bilhões para R$ 3,9 bilhões”, afirmou o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, comandante da Marinha, em debate na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.
“O primeiro passo para reverter esse quadro é estabelecer prioridades claras, que são o programa nuclear e de construção de submarinos.” Há consenso entre os especialistas em segurança de que qualquer ameaça à soberania nacional viria, primordialmente, pelo mar. O Brasil possui 8,5 mil quilômetros de litoral. A chamada Amazônia Azul, que é a área marítima sob controle brasileiro, totaliza mais de quatro milhões de quilômetros quadrados, o equivalente à metade do patrimônio terrestre.
O submarino nuclear irá aumentar a “capacidade de persuasão” do País, como se chama, no jargão militar, o poderio de afugentar potenciais inimigos. A primeira etapa do programa já foi concluída. A Marinha brasileira domina todo o ciclo de produção do combustível nuclear. A fabricação do submarino será feita na Base Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, que inclui um estaleiro construído exclusivamente para essa finalidade. A previsão é de começar os trabalhos no próximo ano, encerrando em 2023.
Além da embarcação de propulsão nuclear, o Prosub prevê o desenvolvimento de outros quatro submarinos convencionais, movidos a eletricidade e a óleo diesel. Os três primeiros estão em produção; o último deve começar a ser produzido no primeiro trimestre de 2016, segundo a ODT. O acordo com a França prevê a transferência de toda a tecnologia dos submarinos. Estima-se que cada uma das embarcações terá 36 mil itens e que mais de 100 empresas brasileiras participem do projeto, como fornecedores. 

CÉU DE BRIGADEIRO Assim como na água, a atuação da ODT nos céus ganha cada vez mais relevância. Em 2011, a empresa adquiriu o controle da Mectron, tradicional fabricante de armamentos inteligentes, como radares e sistemas embarcados para satélites. Fundada em 1991, a empresa, atualmente, é uma das principais fornecedoras de tecnologia militar do polo tecnológico paulista de São José dos Campos. A região começou a ganhar notoriedade no setor a partir da década de 1950, com o surgimento do Centro Técnico Aeroespacial do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Nele, surgiram empresas como a Embraer, uma das principais fabricantes de jatos comerciais e executivos do mundo, que também tem forte atuação na área militar. Caso, também, da Avibras, uma das poucas companhias que possui tecnologia própria para o lançamento de foguetes. Em São José dos Campos está instalado, ainda, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Os programas sob responsabilidade da Mectron, apesar de ter como prioridade o atendimento das necessidades e requisitos das Forças Armadas Nacionais, têm atraído o interesse de outros países, em especial do Sudeste Asiático, da África, do Oriente Médio e da América do Sul.
Algumas dessas tecnologias, segundo Wagner Amaral, diretor de engenharia da empresa, podem ser utilizadas fora do ambiente militar. Caso de uma antena desenvolvida para o míssil antirradiação MAR-1, que foi reaproveitada em um satélite de comunicações. “Historicamente, no mundo todo, tecnologias de emprego militar e espacial acabam migrando para o mundo civil”, diz Amaral. Sistemas de eletrônica embarcada utilizados em mísseis, satélites e aeronaves são a especialidade da companhia.
Alguns projetos estão sendo desenvolvidos em parceria com empresas estrangeiras. O A-Darter, míssil ar-ar (lançado por caças), de quinta geração, é uma sociedade com a sul-africana Denel Dynamics. O radar SCP-01, que será utilizado na modernização dos caças AMX, da Força Aérea Brasileira (FAB), conta com a ajuda da italiana Selex. Já o torpedo TPNer está sendo desenvolvido com a alemã Atlas Elektronik. A ODT está procurando um sócio para a companhia. Segundo André Amaro, presidente da empresa, a ideia é vender 40% do capital da Mectron. Com isso, a fabricante consegue manter o título de empresa estratégica de defesa, que exige um mínimo de 60% de capital nacional, de acordo com a legislação.
A Rosobo-ronexport, estatal russa responsável pelas exportações de armamentos do país, aparece como uma das interessadas. Russos e brasileiros estão estreitando o relacionamento na área militar. Em agosto deste ano, militares dos dois países se reuniram no Ministério da Defesa, em Brasília, para discutir a aquisição, pelo Brasil, de um sistema de artilharia antiárea, as baterias Pantsir. Recentemente, o País adquiriu 12 unidades do helicóptero de ataque russo MI-35.
Há interesse, também, na compra de um sistema de monitoramento desenvolvido para os Jogos Olímpicos de Inverno, disputados na cidade de Sochi, em 2014. Em setembro, foi a vez dos brasileiros irem a Moscou discutir o assunto. A relação entre os países deve trazer benefícios à Mectron, que está cotada para fornecer radares para o jato russo de treinamento avançado YAK-130. “Mas isso depende de quais países irão adquirir a aeronave, incluindo a própria FAB”, diz Amaral.

Fonte: Isto É Dinheiro
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