Poucas
unidades militares no Brasil carregam tamanha relevância histórica e simbólica
como o 1º Batalhão de Guardas (1º BG), conhecido como o "Batalhão do
Imperador". Fundado em 1823, logo após a independência do Brasil, o
batalhão foi concebido como uma força de elite destinada ao combate na Guerra
de Independência, com a missão de consolidar o território nacional diante dos
diversos movimentos internos que ameaçavam a unidade do recém-criado Império.
Sua trajetória é um testemunho vivo da construção da identidade nacional e do
papel das Forças Armadas na preservação da soberania e das tradições
brasileiras.
O
Batalhão do Imperador nasceu em um momento de intensas transformações no
Brasil, logo após a proclamação da independência em 1822. Criado em 18 de
janeiro de 1823, foi inicialmente composto por 735 homens divididos em seis
companhias, com 116 praças e 39 integrantes do Estado-Maior. Sua formação teve
como objetivo primordial atuar na Guerra de Independência, tendo como batismo
de fogo sua atuação na Bahia, onde a resistência a Independência era uma ameaça à consolidação do Império Brasileiro.
Unidade
vocacionada para o combate, o batalhão recebeu seu efetivo por meio de um
processo seletivo rigoroso, com soldados escolhidos pessoalmente por Dom Pedro
I. Perfilados no Campo de Santana, no Rio de Janeiro, granadeiros, milicianos,
cavalarianos do 1º Regimento, artilheiros e caçadores foram revistados pelo
imperador, que selecionou individualmente cada praça. Entre os oficiais, o
critério de escolha era o excepcional valor individual.
Participação
na Guerra de Independência
Sob
o comando do Coronel José Joaquim de Lima e Silva, o batalhão teve um papel
crucial na Guerra de Independência, atuando diretamente no cerco de Salvador,
em 1823. Especialmente formado para atuar em combates decisivos, foi
empregado em operações militares que visavam expulsar as forças coloniais
portuguesas do território brasileiro.
O ápice dessa atuação foi em 2 de julho de 1823, quando as tropas brasileiras marcharam triunfantes pela capital baiana, consolidando a vitória na Bahia e garantindo a soberania nacional em uma das regiões mais disputadas do país.
Posteriormente,
o batalhão participou da Guerra da Cisplatina, destacando-se em operações como
a captura de um navio corsário e a prisão de combatentes inimigos, reafirmando
seu papel como uma força de elite no Exército Brasileiro.
Com
a abdicação de Dom Pedro I, o Batalhão do Imperador acabou extinto, sendo
reativado já na República, em 7 de abril de 1933, pelo Presidente Getúlio
Vargas, com o nome de Batalhão de Guardas, que a exemplo de Dom Pedro gozava de
inteira confiança do Presidente. Com a mudança da capital federal para
Brasília, em 1960, recebe a denominação de 1º Batalhão de Guardas, fornecendo o
núcleo formador para a criação do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP).
Século
XX: Atuação e Consolidação do Legado
Ao
longo do século XX, o 1º BG destacou-se em missões de segurança nacional e
operações de defesa, além de consolidar seu papel em eventos cívico-militares.
Entre suas atuações marcantes estão:
- Intentona Comunista (1935): teve atuação decisiva na defesa das instituições e dos ideais democráticos, neutralizando o foco revoltoso na Praia Vermelha, em 27 de novembro, na Intentona de 35
- Velório de Getúlio Vargas (1954): Realização da guarda fúnebre.
- Missões Internacionais: Participação no Batalhão Suez (1973) e no Haiti participando do BRABATT/12 para ajudar na reconstrução do Haiti, após o terremoto (2010)
- Denominação Histórica (1980): Por intermédio do Decreto n° 875, de 22 de julho de 1980, o 1º BG recebeu sua "Denominação Histórica", tornando-se o legítimo herdeiro das tradições do Batalhão do Imperador.
- Visita do João Paulo II (1991): Durante a sua passagem pelo Rio de Janeiro, o Papa João Paulo II teve a sua segurança garantida por militares do Batalhão.
- Força de Pacificação: O 1° Batalhão de Guardas atuou em 2011 com a Força de Pacificação nos Complexos do Alemão e da Penha e participou diretamente em todos os eventos relativos aos 5° Jogos Mundiais Militares. Em 2014 participou da Operação no Complexo da Maré.
- Operações Especiais: Segurança de eventos como a Jornada Mundial da Juventude (2013), Olimpíadas (2016) e a Intervenção Federal no Rio de Janeiro (2018).
- Operação COVID (2020): O Batalhão participou da Operação COVID, montando posto de vacinação no Museu Conde de Linhares em apoio a população carioca.
O
Papel do Batalhão Hoje
Atualmente,
o 1º Batalhão de Guardas está sediado em São Cristóvão, no Rio
de Janeiro, e desempenha uma série de funções operacionais e cerimoniais. Entre
suas responsabilidades estão:
- Guarda
de Honra: Atua em eventos oficiais e visitas de chefes de Estado,
representando o Exército Brasileiro em cerimônias que exigem alto nível de
protocolo e tradição.
- Segurança
Estratégica: Garante a proteção de instalações críticas no Rio de
Janeiro.
- Desfiles e Eventos Militares: Participa ativamente de desfiles cívico-militares, como o 7 de setembro, sendo um dos destaques pela beleza de seus uniformes e pela precisão de seus integrantes.
Além
disso, o batalhão mantém tradições históricas, como o uso de uniformes
cerimoniais inspirados no período imperial, reforçando sua ligação com o
passado e sua importância na preservação da memória nacional.
Mudança
de Comando
Atualmente,
o 1º BG está sob o comando do Tenente-Coronel Érico Mercês Saraiva de Aquino,
que tem se destacado pela excelência na condução da unidade. Durante sua
gestão, o TC Érico promoveu uma série de iniciativas que reforçaram o papel
operacional e cerimonial do batalhão, além de valorizar suas tradições
históricas.
No
próximo dia 23 de janeiro, o comando será transferido para o Tenente-Coronel
Rafael Ribeiro Sales, que terá a missão de dar continuidade ao legado do
"Batalhão do Imperador". Essa mudança de comando marca mais um
capítulo na longa história de excelência e dedicação da unidade.
Preservando
o Passado e Construindo o Futuro
O 1º Batalhão de Guardas é muito mais do que uma unidade militar. Ele é um símbolo da continuidade histórica e da capacidade do Exército Brasileiro de honrar suas tradições enquanto se adapta às demandas do presente. Sua trajetória, que atravessa o Brasil Império, retorna na República e chega aos dias atuais, reflete a importância de preservar o legado histórico enquanto se constrói um futuro sólido para a defesa e a soberania nacional.
Com
uma história rica e uma missão única, o "Batalhão do Imperador" segue
sendo um dos pilares das tradições militares brasileiras, inspirando gerações
de soldados e cidadãos.
O lema do 1º Batalhão de Guardas?
"A Guarda morre, mas não se
rende!", que encapsula a essência da bravura, lealdade e determinação de seus
integrantes ao longo da história. Inspirado na célebre frase da Guarda Imperial
de Napoleão, esse lema tornou-se um símbolo do compromisso inabalável do
Batalhão do Imperador em defender a pátria e honrar suas tradições. Mais do que
uma simples declaração, ele reflete a postura de seus soldados diante dos
desafios: uma unidade que jamais recua diante do dever, mantendo-se firme mesmo
nas situações mais adversas, e que preserva a honra como princípio inegociável.
Por
Angelo Nicolaci
GBN
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Parabéns ao atual comandante do batalhão pelo trabalho realizado de cumprir as missões institucionais da tropa, sem esquecer das tradições históricas da Unidade! Granadeiros do Imperador! A Guarda! Morre mas não se rende!
ResponderExcluirTrabalho que engrandece o nome de nosso Glorioso Exército de Caxias! Parabéns TC Aquino!
ResponderExcluirExcelente matéria. Parabéns ao nobre Ten Cel AQUINO, pelo trabalho realizado ao longos dos dois anos de Comando..🙏👏🏻🫡
ResponderExcluirExcelente matéria! Parabéns, Aquino!
ResponderExcluirSou Veterano do Batalhão de Guardas Turma de 1980, e participei da missão Papa João Paulo Ii na sua Primeira vita ao Brasil no Aterro do Flamengo.
ResponderExcluir"A GUARDA MORRE, MAIS NÃO SE RENDE"!
Parabéns TC Aquino, minha Continência e o meu Respeito.
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