quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sérvios abateram F-117 durante guerra do Kosovo

 
Eu conheci o tenente-coronel Dorde Anicic em 2009, quando estava a preparar um documentário sobre a operação “Anjo Misericordioso” (Merciful Angel). Nesses dias de primavera eu consegui encontrar-me com muitas pessoas que combatiam corajosamente os ataques da armada aérea da OTAN. Bruxelas e a OTAN tinham grandes esperanças de ajoelhar rapidamente a Sérvia e quebrar o espírito dos indomáveis sérvios.
 
Mas o resultado não foi nada do que esperavam. O Exército Popular Jugoslavo e a sua defesa antiaérea foram mais inteligentes que os estrategas da Aliança Atlântica. Dorde Anicic recordava:
 
“A agressão começou no dia 24 de março ao fim do dia. No primeiro ataque aéreo à Iugoslávia tomaram parte mais de 650 aviões. No princípio, os ataques com mísseis visavam os postos de comando e dispositivos de defesa antiaérea do Exército Jugoslavo. Eles tencionavam provocar o maior dano possível ao nosso exército logo nas primeiras horas do ataque, mas não conseguiram. O comando da OTAN percebeu que seria muito difícil neutralizar a DAA iugoslava. Por isso eles criaram uma brigada aérea especial que incluía os 150 aviões mais modernos com o objetivo de destruir o sistema antiaéreo de Belgrado. Nessa altura nós tínhamos várias dezenas de sistemas SAM-3, que são mísseis de terceira geração. Já a aviação da OTAN nessa altura pertencia ao armamento de sexta geração.
 
Quase toda a Europa e os EUA, que somam no total quase 600 milhões de pessoas, começaram uma guerra contra um pequeno país com uma população de 10 milhões de habitantes. Se tratou de uma demonstração de força da OTAN, de uma aliança defensiva ela se transformou imediatamente numa aliança de agressão. Isto tudo foi o prelúdio para nos tirarem o Kosovo. Todos os dias aumentava a quantidade de aviões usados na guerra contra nós. Mas a OTAN não conseguiu destruir o nosso sistema de DAA. Nós esforçávamo-nos para combater com dignidade, mudávamos frequentemente de posição, estávamos constantemente a enganar o inimigo e a obrigamo-lo a combater não só de noite, mas também de dia. No fim da guerra de agressão, 1.000 aviões decolavam todos os dias das bases aéreas da OTAN. Essa forma de organização da defesa permitiu à direção política do país ganhar tempo e obter um adiamento da saída da Iugoslávia dos albaneses do Kosovo com a ajuda dos seus protetores ocidentais. Portanto, a OTAN não conseguiu vergar a Sérvia e pô-la de joelhos. A paz foi assinada com as condições impostas por Belgrado e quem entrou no Kosovo não foram as tropas da OTAN, mas sim as tropas de manutenção de paz sob a bandeira da ONU.”
 
Os norte-americanos tiveram durante muito tempo relutância em admitir que a pequena Sérvia, com o seu material militar obsoleto, como eles diziam, conseguiu não só aguentar todos os 79 dias da agressão, mas também causar baixas significativas ao Pentágono. Foi precisamente a brigada do coronel Dorde Anicic que derrubou o F-117A. Eu perguntei-lhe o que tinham conseguido abater na primavera de 1999 além desse avião:
 
“A nossa brigada de mísseis número 250 abateu três aviões, o que foi admitido pelo inimigo, e outros dois que a OTAN não quis confirmar documentalmente. No terceiro dia de guerra, a 27 de março às 20 horas e 42 minutos, ela abateu um avião especialmente protegido com a tecnologia Stealth, um F-117. No total, a Força Aérea dos EUA possuía 59 desses aviões. Estava previsto que seria esse o aparelho principal do exército estadunidense até 2025. Também abatemos um F-16CG. O piloto desse avião participou na Guerra do Golfo e noutras operações importantes da FA norte-americana, mas nós conseguimos interromper o seu sucesso aéreo. Isso aconteceu na noite de 1 para 2 de maio. No dia 19 de maio, nós abatemos um B-2A. Esse avião, já depois de atingido, caiu perto da Sérvia em território croata. Durante os três meses que durou a guerra, nós conseguimos atingir mais um F-117, mas ele ficou apenas danificado e conseguiu chegar até à Bósnia, onde aterrissou num dos aeródromos. Há declarações de especialistas que confirmam ter sido atingido ainda outro avião furtivo pela nossa defesa antiaérea. Fomos nós que conseguimos provocar aos norte-americanos prejuízos materiais consideráveis. Eles apostaram muito nos aviões furtivos e tencionavam vende-los em todo o mundo. Essa encomenda valia centenas de bilhões de dólares, mas depois de 1999 todos os seus planos de negócios ruíram. Os clientes rejeitaram esse aparelho. O culminar foi a retirada do F-117 do serviço ativo.”
 
 
Fonte:  Diário dos Bálcãs
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