terça-feira, 7 de maio de 2013

Brasileiro vence disputa pela diretoria da OMC

 
Roberto Azevêdo foi escolhido pelo comitê de seleção da Organização Mundial do Comércio para ser o próximo diretor-geral da entidade, e o Brasil, pela primeira vez, irá liderar uma das entidades herdadas do sistema de Bretton Woods, um velho sonho da diplomacia nacional. O candidato mexicano, Hermínio Blanco, já ligou para Azevêdo reconhecendo a vitória do brasileiro.
 
Hoje, a OMC concluiu quatro meses de um processo de seleção que envolveu nove candidatos. Azevêdo teria recebido não apenas o maior número de votos, mas também o apoio de países de todas as regiões e diferentes níveis de renda. Essa era a condição para que um candidato fosse escolhido. Na final, Azevêdo superou a votação recebida pelo mexicano, que tinha o apoio de EUA e Europa.
 
Amanhã, o Conselho Geral da entidade ainda precisará chancelar a decisão, oficializando a vitória de Azevêdo. Teoricamente, países poderão vetar o nome do brasileiro. Mas, na prática, a decisão desta terça-feira é considerada como final. EUA e Europa já indicaram que não vetariam o nome do brasileiro, apesar de terem votado pelo México.
 
Pela primeira vez desde o pós-Guerra, um posto de liderança global estará nas mãos do Brasil. A vitória é, para muitos dentro do Itamaraty, uma coroação dos esforços da diplomacia em colocar o País em um posto de protagonismo mundial, ainda que Azevêdo esteja assumindo hoje uma entidade fracassada e com sua credibilidade em seu nível mais baixo.
 
A vitória será também usada como um instrumento para insistir que o Brasil não é apenas o representante dos países emergentes, mas que está pronto e está sendo aceito por todos como uma potência capaz de atender aos interesses de todos, inclusive dos tradicionais polos de poder.
 
Desde o início da crise internacional, em 2008, o Itamaraty e outros países emergentes deixaram claro que havia chegado o momento de que uma das organizações que formam o pilar da economia mundial - FMI, Banco Mundial e OMC - estivesse nas mãos dos países em desenvolvimento.
 
Tradicionalmente, tanto o Fundo quanto o Banco eram territórios de americanos e europeus. Mas, ainda numa das primeiras reuniões do G-20 em 2008, foi estabelecido que a regra havia sido enterrada. A queda de Dominique Strauss Khan do FMI abriu espaço para que, finalmente, um emergente ocupasse o cargo de diretor do Fundo. Mas, uma vez mais, a direção foi para uma francesa, Christine Lagarde.
 
Os emergentes aceitaram, sob a condição de que houvesse um compromisso de que a OMC ficaria longe das mãos dos ricos. Isso, porém, não impediu EUA e Europa de sair em defesa de um nome entre os candidatos dos países emergentes e escolheram justamente o México, país que tradicionalmente tem ligações com EUA e outros países ricos.
 
Azevêdo, porém, conseguiu reunir a grande maioria de votos dos países emergentes, principalmente da África, Oriente Médio e América Latina. O Brasil ainda teve o apoio dos Brics e, acima de tudo, a influência da China sobre seus parceiros.
 
A dúvida ficou em relação ao voto dos países ricos. Americanos, europeus e japoneses apoiaram Blanco. Mas, desta vez, a OMC proibiu que países vetassem nomes. Isso acabou abrindo espaço para o brasileiro, mesmo sem o apoio explícito dos países ricos.
 
Diplomatas americanos e europeus garantiram à imprensa brasileira que não iriam se opor à Azevêdo. Ele assume suas funções em setembro, substituindo o francês Pascal Lamy.
 
Fonte: Estadão
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