sexta-feira, 29 de abril de 2022

O Brasil vai vender munição do Gepard para Ucrânia?


Recentemente tomou as redes sociais e algumas notícias tendenciosas e sem base real sobre um possível interesse alemão em comprar do Exército Brasileiro munições excedentes do sistema antiaéreo Gepard 1A2.

Mais uma vez o GBN Defense acionou seus contatos e levantou algumas importantes informações sobre esta suposta "negociação". Tema de muitas discussões nas redes sociais,com muitos criticando a hipotética venda, usando das mais variadas justificativas. Então vamos entender alguns pontos sobre o assunto.


O primeiro ponto importante a ser considerado, é que o Brasil mantém uma tradicional postura de neutralidade, evitando se envolver neste tipo de questões. Lembrando que jamais venderíamos armamento para uma nação em conflito. Pelos fundamentos  constitucionais do Brasil, nos princípios do não-intervencionismo e da solução pacífica dos conflitos

Segundo ponto importante, segundo o próprio Exército Brasileiro, o mesmo não recebeu nenhum tipo de contato neste sentido, e nos cabe ressaltar que o fornecimento de munição para outro país, ou qualquer venda de material bélico para o exterior passa, invariavelmente, pelo Presidente da República. Principalmente em se tratando de uma venda destinada a abastecer um conflito. Ou seja, a suposta negociação extrapola o poder de decisão tanto do Exército Brasileiro, como do próprio Ministério da Defesa, cabendo ao Presidente da República e sua decisão ser ratificada pelo congresso nacional. Soma-se a isso as ações que o Governo brasileiro vem adotando no contexto internacional que não condizem com essa notícia, principalmente pela importância da Rússia nas relações internacionais para o Brasil.


Um dos leitores do GBN me questionou sobre a possibilidade de venda indireta, o que poderia em tese "burlar" a questão que envolve nossa restrição a venda de material bélico a nações envolvidas em conflitos, com a negociação sendo entre o Brasil e a Alemanha, não envolvendo diretamente a Ucrânia nas tratativas. Tal ato poderia em certo ponto permitir essa negociação indireta, porém, tal ato criaria um atrito desnecessário nas relações Brasília x Moscou, o que resultaria em perdas significativas a nossa economia,uma vez que possuímos importantes acordos comerciais com a Rússia, que além de ser destino de uma fatia significativa de nossas exportações, é nosso principal fornecedor de fertilizantes.

Agora a venda de munições de 35mm do Gepard 1A2 seria interessante se o contexto fosse outro, afinal para o Exército seria uma boa, já que temos estoques em excesso desta munição (que invariavelmente vão vencer). Vamos esclarecer esse ponto para desmistificar algumas críticas feitas sobre este ponto. Como já dito anteriormente, temos munição do Gepard em excesso no Exército, além da capacidade que podemos atirar com o número de Blindados que possuímos em nosso inventário. Outro ponto é que, se houvesse realmente esse suposto negócio Brasil x Alemanha, o mesmo envolveria apenas o excedente, jamais venderíamos todo nosso estoque, qual seria a lógica de manter um sistema como o Gepard sem sua munição?


Agora você deve se perguntar, porque não podemos disparar toda munição que possuímos?

A resposta é simples e bastante técnica, todo equipamento militar tem suas características e limitações, as quais servem para manter sua operacionalidade e capacidade plena de emprego, diante disso, os fabricantes estabelecem algumas recomendações que determinam como se deve operar tal meio em condições de paz, e essa visa garantir a vida útil dos sistemas, e com os canhões do Gepard não é diferente, existe um número teto de tiros por ano que tais viaturas podem disparar.

Com esse importante dado chegamos matematicamente ao numero máximo de disparos que nossos Gepard podem disparar ao ano, somados e contabilizando nossos estoques, chegamos a conclusão que não temos como disparar todo estoque antes que o mesmo chegue ao limite de sua validade.

Antes que questionem porque compramos mais munições do que podemos disparar, vamos voltar um pouco no tempo, e relembrar que a venda do sistema Gepard ao Brasil teve como bônus um grande estoque de munições a preço muitíssimo abaixo do seu valor, o que compensou a aquisição, até mesmo para manter uma reserva estratégica em caso de necessidade, uma vez que é um calibre o qual não produzimos aqui no Brasil, logo não foi desperdício e sim uma ótima compra de oportunidade.

Para finalizar, podemos concluir que tal notícia, não passa de mais uma das muitas "fake news" que tem sido propagadas, onde nós do GBN Defense nos mantemos atentos e prontos para trazer ao nosso público conhecimento e informações com transparência e o compromisso com o bom jornalismo.


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