segunda-feira, 7 de setembro de 2020

198 Anos da Independência do Brasil, Que país é esse?

Neste dia 7 de Setembro, comemoramos 198 anos da Independência do Brasil, sendo o maior país da América Latina e o quinto maior do mundo, somos uma nação que possui muitas riquezas, as quais nos colocam em destaque no cenário mundial, considerada uma nação emergente com grande potencial econômico e industrial, porém, diversas vezes experimentamos sem sucesso ascender economicamente e conquistar uma posição mundial de grande solidez e relevância, mas repetidamente nos deparamos com frequentes casos de corrupção na esfera pública e instituições do Estado, quando não em obstáculos ideológicos e jogos de interesses dentro do Congresso e Senado, sem mencionar as recentes disputas entre os três poderes e o papelão orquestrado frequentemente pela grande mídia que tenta impor uma agenda de interesses políticos e sociais manipulando a opinião pública ao seu bel prazer, se valendo de fake news ou materias e artigos tendenciosos e desprovidos de argumentos sólidos e críveis. Somando a todos estes fatores acima, ainda temos o grande inimigo representado pela corrupção arraigada a nossa política e cultura.

Apesar de contarmos com mercado interno forte, vislumbramos políticas fiscais míopes que travam o potencial de crescimento do país. Temos todos elementos para nos tonar um novo e poderoso player no cenário geopolítico internacional, mas infelizmente ainda vivemos o julgo das más tradições e erros históricos que se repetem vez após vez.

O GBN Defense mantendo sua tradição de apresentar ao nosso público um conteúdo qualitativo e esclarecedor ao seus leitores, resolveu neste dia importante em nossa história, fazer uma releitura sobre os melhores artigos que abordam importantes aspectos de nossa independência, resultando em uma releitura especial que tem por objetivo abrir a visão de nossos compatriotas e abrir o debate e a reflexão a respeito de quem somos, o que devemos ser e como iniciar uma real mudança, tornando nossa nação finalmente "independente", não apenas no sentido político, mas econômico, tecnológico, ideológico e principalmente de nossos arcaicos e prejudiciais costumes e postura. 

Para começar a falar da “Independência”, vamos detalhar um pouco sobre o processo de reconhecimento desta, abordando nossa raiz cultural, o que influi de forma ainda muito forte nossa política e sociedade.

O Brasil foi a única monarquia a existir no continente americano e sua economia baseava-se no trabalho escravo, mantida pela exportação de suas riquezas, como o ouro, diamantes, madeiras, açúcar, tabaco, algodão, café e couros, mantendo uma matriz econômica colonial, postura que mantida por muito tempo, resultou em atraso e prejuízos ao país, uma vez que a Europa e América do Norte experimentavam e investiam nos avanços representados pela revolução industrial, o Brasil se mantinha relativamente estagnado, o que levou ao surgimento do abismo tecnológico e economico em relação aos demais países, tendo em vista que os mesmos mantinham uma taxa de desenvolvimento tecnológico alta, como os americanos que mergulharam no investimento em tecnológia e se mantiveram entre os players da primeira revolução industrial. A postura brasileira sempre foi conservadora e retrógrada, optando por manter-se com uma matriz agrícola e exportadora de insumos, o que resultou em um grande erro que atinge o país ate os dias atuais, 198 anos após sua "Independência".

Em 25 de março de 1824, foi promulgada a primeira Carta Magna do Brasil, que se manteve quase inalterada até 1891. A Constituição de 1824 estabeleceu um governo monárquico, hereditário e constitucional representativo. O imperador, não estava sujeito a responsabilidade legal alguma, exercia o Poder Executivo com os ministros, que eram pessoas escolhidas por ele e também atuava como moderador com seus conselheiros.

Os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil em 1824. Depois veio o reconhecimento do México e da Argentina em 1825. A França foi o primeiro país da Europa a reconhecer a independência do Brasil. Portugal não queria aceitar a independência do Brasil. No entanto, com ajuda da Inglaterra, os dois países chegaram a um pacto: Portugal reconheceria a independência, em troca o governo britânico exigiu que o Brasil pagasse um débito de 2 milhões de libras que Portugal devia a Inglaterra. Além disso, para pagar uma indenização para Portugal, o Brasil pediu crédito à Inglaterra. Iniciando nossa caminhada indeendente já com uma enorme dívida externa, onde nossa "amiga" Inglaterra conseguiu lucros altos com esse acordo.

Depois do reconhecimento da independência pelos portugueses, veio o reconhecimento oficial da Inglaterra e dos demais países Europeus. A Independência do Brasil foi resultado de um acordo político, armado por um grupo de representantes das classes dominantes da época, que manteve a monarquia, a escravidão e o latifúndio. No dia 12 de outubro, D. Pedro I foi proclamado “Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil”. Sendo José Bonifácio de Andrada e Silva (ministro dos Negócios do Interior, da Justiça e dos Estrangeiros), que com suas artimanhas políticas conseguiu a Independência do Brasil, proclamada em sete de setembro, e nada mais foi que uma atitude de cima para baixo, sem nenhuma alteração social.

A população brasileira foi desde os primórdios de sua independência mantida fora das decisões sobre o futuro do país, não muito diferente dos dias atuais em que vivemos uma "democracia" onde os poderes tentam se sobrepor e defendem interesses alheios aos anseios de nossa nação, com fatigantes disputas e tentativas de desestabilizar o executivo. Sendo nossa independência muito diferente de nossos hermanos das Américas, que partiram da posição de colônia para república, onde houve espaço para participação ativa no processo pelas diversas camadas da sociedade, algo que jamais existiu de fato no Brasil, sendo um ponto negativo em nossa independência, onde a participação no processo pelas classes de base de nossa sociedade foi nula, imprimindo desde então uma postura passiva e omissa da grande parcela de nosso povo, algo que perdura até os dias de hoje na república, onde ainda muitos preferem futebol e carnaval á se importar em debater as questões de interesse público, econômico e social. Contribuindo assim para que tenhamos ainda hoje em nosso governo, muitos corruptos e políticos sem preparo ocupando cadeiras no Congresso, Senado e mesmo em instituições como o Superior Tribunal Federal (STF), aversos a um projeto real de interesse nacional, buscando em sua grande maioria defender interesses de elites minoritárias e até os próprios.

Nossa cultura desde então foi a de buscar lá fora as tendências, ignorando desde o inicio a cultura nacional, um mal que ainda é bem presente, embora nos últimos anos tenha notado um tímido movimento de valorização do nacional, o que tem surtido um efeito muito distante do que se espera de um povo comprometido com seu bem estar como nação.

Nossa economia se manteve estagnada por muitos anos, até mesmo após a transição para república, mantivemos uma postura atrasada, e muito se deveu à falta de Política e a predominância do coronelismo, que usou de sua influência e força para manter o poder nas mãos da elite, com isso hoje ainda é comum ver a “politicagem” presente em nosso meio, um mal que só será dissipado com o engajamento do povo, principalmente quando houver real interesse nas políticas públicas e uma educação política livre da ideologização e partidarismos.

Até o fim da Segunda Guerra Mundial, o Brasil praticamente importava todos os artigos industrializados, sendo basicamente uma economia agrícola, o que só começou a mudar com o acordo feito por Getúlio Vargas, que trouxe investimento para a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, Conselho Nacional de Petróleo, Companhia Vale do Rio Doce, Hidroelétricas e promulgou as leis trabalhistas, tendo marcado uma virada em nossa história com tamanho investimento nas industrias de base e energia. Apesar disso as nossas exportações continuaram a se manter basicamente de insumos, acarretando um tímido acúmulo de divisas. A matéria-prima nacional substituiu em parte a importada.

Ao final da Segunda Guerra já existiam indústrias com capital e tecnologia nacionais, como parte da indústria de autopeças.

No segundo governo Vargas (1951-1954), os projetos de desenvolvimento baseados no capitalismo de Estado, através de investimentos públicos no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC, em 1951), BNDES, dentre outros, forneceram importantes subsídios para Juscelino Kubitschek lançar seu Plano de Metas, ainda que a um elevado custo de internacionalização da economia brasileira. Algo que será abordado futuramente em uma nova série do GBN Defense sobre a indústria nacional.

Durante os anos que se seguiram, o Brasil migrou de uma política colonial atrasada para uma nova postura industrial que demonstrava inclinada a dar largos passos, embora se mantivesse ainda dependente e muito da tecnologia externa, o que em determinados momentos nos travou em importantes programas estratégicos e nos limitou no desenvolvimento de nossa industria e cultura.

Outra marca que ainda carregamos em nossa sociedade é a característica “síndrome do viralatismo”, onde ainda há a postura de se torcer o nariz para as conquistas e desenvolvimentos nacionais em prol da valorização do que vem de fora.

Hoje devido a importantes avanços e conquistas em diversos setores científicos e econômicos, o povo brasileiro timidamente tem mudado um pouco essa postura, passando a reconhecer, ainda que de foma limitada, o valor da “prata da casa”, investindo embora ainda timidamente, na modernização de nossa industria e economia, com base na educação e formação de núcleos de estudo e pesquisa, bem como assistimos alguns ensaios do governo tentando criar mecanismos para que se dê continuidade aos projetos de desenvolvimento do país, embora grande parte dessas medidas, tenham sido alvo de esquemas sórdidos de corrupção e desvio de bilhões dos cofres públicos, o que resultou numa devastadora crise politico-econômica sem precedentes na história de nossa nação, o que afetou diretamente os investimentos que cresciam exponencialmente em nossa economia e industria, abalando seriamente a imagem de nosso país e impactando em nossa gigante petrolífera, a Petrobras, deixando um grande desafio para o atual governo, que além de lidar com a herança "maldita" do endividamento e uma grave crise economica interna, ainda se viu confrontado no início de 2020 pela pandemia do Covid-19, representando um grande desafio em todas as esferas de nossa sociedade, o qual já não bastasse sua complexidade, ainda se viu como objeto de uma verdadeira "guerra" ideologica entre oposição e o governo, com a participação irresponsável da grande mídia, a qual deixou de lado sua missão e valores, para atuar como "panfletário" e na tentativa de desestabilizar e derrubar o governo, inclusive repetidamente atacando instituições de grande prestígio e reputação, como tem sido feito contra nossas Forças Armadas.

A industria pesada, a qual apresentou sinais claros de recuperação e pesados investimentos, em especial a industria naval, que há alguns anos apresentou destaque e grande crescimento, tendo inclusive sido alvo de especulação para sua alavancada ao seu desempenho de outrora, quando a mesma era forte no mercado mundial, a qual sofreu um processo de sucatização e já era quase inexistente na década de 90, foi impactada nos meados da última década por escandalosos casos de desvio de recursos públicos, superfaturamentos e corrupção, levando mais uma vez o setor a beira do colapso, com fechamento de vários estaleiros e industrias. 

Mesmo com os investimento em DEFESA e a implantação da Estratégia Nacional de Defesa (END), que a principio busca reequipar nossas forças armadas de acordo com a necessidade que se faz diante da posição do Brasil no mundo e recuperar o núcleo da industria de defesa nacional, que nos anos 80 participou fortemente dos programas de defesa nacional e participou de forma representativa do mercado internacional, mesmo que com apenas 2% do mercado, mas movimentando de forma considerável nossa economia e desenvolvendo novas tecnologias e capacitações, trazendo o país a um novo patamar de capital industrial, científico e intelectual, mas se viu perdida em meio aos sucessivos cortes de orçamento e disputas ideológicas, criando inúmeras fake news envolvendo o setor de defesa, tentando cavar "escândalos" com denúncias e críticas vazias de fundamento ou base real, o que em certo ponto busca afetar diretamente não só a economia e os diversos setores ligados a defesa, mas impactar a credibilidade e confiança da sociedade como um todo.

De 1822 até os dias de hoje, infelizmente pouco mudou, a base de nossa sociedade ainda mantém a mesma postura nula, com a grande maioria ainda assistindo a tudo calada e de camarote, enquanto grupos "políticos" tentam guinar a nação a rumos sem destino, á bel prazer de seus interesses, o que em nada beneficia nosso povo, sendo mais uma vez a repetição das velhas políticas históricas, apesar do aumento da participação popular em manifestações e apoio as reformas apresentadas.

Finalizando o Brasil se tornou “Independente” em 7 de setembro de 1822, mas ainda esta caminhando para a conquista real de nossa independência.

Como todo brasileiro que se orgulha de sua nação saúdo a todos nós brasileiros por nossas conquistas e lutas, e neste 7 de setembro faço votos de que possamos no próximo ano comemorar novas conquistas e contar com uma postura madura e engajada de nossa sociedade nas decisões do rumo de nosso país.

Viva ao Brasil, Viva ao povo brasileiro, Viva a nossa “Independência”!!!!

Por Angelo Nicolaci - Jornalista, editor do GBN Defense, graduando em Relações Internacionais pela UCAM, especialista em geopolítica do oriente médio e leste europeu, especialista em assuntos de defesa e segurança.


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