quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Volta dos porta-aviões e F-35B marca mudança estratégica no Japão

Pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão restaurou um componente crucial de sua capacidade de projeção de poder naval com a entrega de seus três primeiros caças F-35B de decolagem curta e pouso vertical (STOVL). A aquisição marca um momento histórico, sinalizando o retorno do país à operação de caças embarcados e uma mudança significativa em sua estratégia de defesa.

As aeronaves foram entregues por pilotos do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) à Base Aérea de Nyutabaru, na Ilha de Kyushu. Inicialmente baseadas nessa unidade, os F-35B terão a longo prazo como plataforma operacional os porta-aviões leves da classe Izumo, JS Izumo (DDH-183) e JS Kaga (DDH-184), atualmente em modernização para receber os caças, de acordo com o portal Japan-Forward.

A aquisição de 42 aeronaves F-35B faz parte de um esforço mais amplo das Forças de Autodefesa do Japão (JSDF) para superar a fragmentação histórica entre forças terrestres, aéreas e marítimas, buscando criar uma força conjunta mais coesa e letal. Uma força naval moderna, equipada com caças, é considerada essencial para proteger os territórios insulares do Japão, especialmente diante das ações cada vez mais assertivas da China nos Mares da China Oriental e Meridional.

Modernização dos porta-aviões

Os navios JS Izumo e JS Kaga, antes classificados como “porta-helicópteros”, estão sendo convertidos em porta-aviões leves. As modificações incluem tratamento resistente ao calor no convés de voo e alteração da seção da proa, de trapezoidal para retangular, para facilitar as decolagens dos F-35B. Testes de voo com aeronaves americanas já demonstraram a compatibilidade operacional dos navios, reforçando a cooperação bilateral.

A Força Aérea de Autodefesa do Japão (JASDF) planejou inicialmente treinar pousos verticais na ilha desabitada de Mageshima, para minimizar impacto sonoro em Kyushu. A conclusão da base de treinamento foi adiada para 2030, forçando a realização de parte do treinamento em Nyutabaru, gerando oposição de autoridades e moradores locais. Um plano revisado de exercícios está previsto para setembro.

Alianças estratégicas e contexto regional

O movimento japonês é celebrado por aliados que já operam o F-35B, como Reino Unido e Itália, e reforça a cooperação internacional no Indo-Pacífico. Durante a recente visita do grupo de batalha britânico liderado pelo porta-aviões HMS Prince of Wales, um F-35 britânico pousou no JS Kaga, simbolizando o estreitamento da relação estratégica entre Japão e Reino Unido.

O Japão já opera 40 F-35A e encomendou um total de 105 unidades, além dos 42 F-35B, tornando-se o maior operador do F-35 fora dos Estados Unidos. Com 147 aeronaves F-35 no total, o país fortalece sua posição como ator-chave na segurança do Indo-Pacífico, marcando quase 80 anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial com um claro renascimento da projeção naval japonesa.


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