A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (SIMDE) assinaram, nesta quinta-feira, um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) voltado a impulsionar políticas públicas e fortalecer a Base Industrial de Defesa (BID). A assinatura ocorreu durante o workshop “Base Industrial de Defesa Brasileira: Relevância Estratégica e Políticas Públicas”, realizado no auditório do Edifício Capital Financial Center, em Brasília, reunindo autoridades, especialistas e representantes do setor para debater desafios e oportunidades estratégicas da indústria de defesa nacional.
O acordo prevê ações para subsidiar a formulação, análise, implementação e monitoramento de políticas públicas alinhadas às metas da Nova Indústria Brasil (NIB), com foco no desenvolvimento de tecnologias de uso dual, na integração entre os setores industrial e de defesa e no estímulo à inovação em áreas críticas para a autonomia tecnológica e a segurança nacional. A iniciativa está diretamente ligada à Missão 6 da NIB, que contempla investimentos públicos de R$ 79,8 bilhões e privados de R$ 33,1 bilhões até 2026, buscando alcançar 55% de domínio sobre tecnologias críticas até o final desse período e 75% até 2033.
Na abertura do evento, o presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, destacou que uma indústria de defesa robusta é indispensável para a soberania nacional. “Fortalecer a base da indústria de defesa no Brasil é estratégico. Não existe país no mundo livre, altivo, soberano, sem Forças Armadas fortes e sem uma indústria de defesa forte. A indústria de defesa é o eixo central de uma série de demais indústrias que derivam dos esforços do desenvolvimento da pesquisa e da inovação vinda da indústria de defesa”, afirmou.
O secretário de Indústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira, ressaltou que a BID é responsável por gerar empregos altamente qualificados e dinamizar setores estratégicos como semicondutores, telecomunicações, radares e satélites. Já o secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa, tenente-brigadeiro do ar Heraldo Rodrigues, apresentou a parceria entre a pasta e a ABDI, estruturada em quatro eixos: modelagem de offset ofertante brasileiro, modelagem Gov-to-Gov, análise e monitoramento da BID e assessoramento técnico em compras públicas de inovação. “A BID é inovadora, garante a soberania, tem dualidade e oferece salários elevados. É uma indústria importantíssima e que precisa estar associada à ABDI”, declarou.
O debate também abordou desafios de financiamento e competitividade. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE), Luiz Teixeira, defendeu a continuidade orçamentária para evitar a migração de empresas brasileiras para parcerias internacionais, enquanto o presidente do SIMDE, Carlos Aguiar, alertou para a falta de isonomia tributária que prejudica a competitividade dos produtos nacionais frente aos importados adquiridos sem tributação.
A diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, apontou a criação do Grupo Técnico do Governo Federal para estudar a implantação de um Sistema Brasileiro de Posição, Navegação e Tempo (PNT) como uma das iniciativas estratégicas para reduzir vulnerabilidades e dependências tecnológicas externas.
O workshop contou ainda com a apresentação do projeto de diagnóstico permanente da BID, conduzido pela Fundação Instituto de Administração (FIA/USP) em parceria com a ABDI, que visa criar uma base de dados e cenários para orientar o planejamento estratégico da indústria e o desenho de políticas públicas. Painéis temáticos reuniram representantes do Ministério da Defesa, ABIMDE, Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), reforçando que a BID exerce papel crucial não apenas para a defesa, mas para o desenvolvimento econômico e a inovação nacional.
Ao encerrar o encontro, o diretor do Departamento da Indústria de Alta Tecnologia do MDIC, Adriano Macedo Ramos, ressaltou que o setor já reúne mais de 283 empresas estratégicas ou de defesa e mais de dois mil produtos cadastrados no Ministério da Defesa, com forte potencial de transferência tecnológica para o setor civil.
Com o ACT e as ações já em curso, a ABDI consolida seu compromisso de ampliar a capacidade tecnológica, fortalecer a indústria nacional e assegurar que a Base Industrial de Defesa seja não apenas um pilar da soberania, mas também um vetor de inovação e competitividade para o Brasil no cenário global.
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