A primeira fragata da Classe Tamandaré, concluiu com êxito seus testes de mar, um passo decisivo para sua incorporação à Esquadra no final deste ano. Os ensaios, conduzidos por equipes conjuntas da Marinha do Brasil e da TKMS, avaliaram com sucesso os sistemas de propulsão, manobrabilidade e comunicações, confirmando a robustez do projeto e a maturidade da construção realizada no Estaleiro Brasil Sul, em Itajaí (SC).
O Programa de Construção de Fragatas Tamandaré (PCFT), conduzido pelo Consórcio Águas Azuis, formado pela thyssenkrupp Marine Systems (TKMS), Embraer Defesa & Segurança e Atech, em parceria com a Emgepron e a Marinha do Brasil, representa o mais importante esforço de renovação da Esquadra em décadas. Mais do que a construção de quatro navios, o programa se afirma como um marco de transferência de tecnologia, fortalecimento da base industrial de defesa e capacitação da indústria naval brasileira, resgatando a tradição do país no setor.
Baseada no projeto alemão MEKO A100, a Tamandaré possui 107 metros de comprimento, desloca 3.500 toneladas e alcança velocidade máxima de 25 nós. Seu poder de combate reflete o salto qualitativo que o Brasil vinha buscando: contará com o sistema de defesa aérea SeaCeptor da MBDA, canhão principal Leonardo 76/62, lançadores de torpedos e estações de armas remotas, mas o elemento mais simbólico será a adoção do Míssil Antinavio Nacional de Superfície (MANSUP). Desenvolvido pela SIATT em parceria com a Marinha, o MANSUP representa a consolidação da capacidade nacional em mísseis de alta complexidade, substituindo gradualmente os Exocet e garantindo soberania em um dos setores mais sensíveis da defesa.
A trajetória da Tamandaré é recente, mas expressiva: a construção começou em 2022, sua quilha foi batida em março de 2023 e o lançamento ocorreu em meados de 2024. Agora, segue em fase final de integração de sistemas e testes, com a entrega prevista para o final de 2025. O segundo navio, Jerônimo de Albuquerque, teve seu lançamento realizado no último dia 8 de agosto, e as demais unidades deverão ser concluídas até 2028. A partir daí, a Marinha contará com quatro novas fragatas plenamente operacionais, aptas a reforçar a defesa da Amazônia Azul, nossa imensa zona econômica exclusiva, vital para a economia nacional e para a projeção do Brasil no Atlântico Sul.
A chegada das fragatas Tamandaré também atende a uma necessidade urgente de substituição. Atualmente, a Marinha opera fragatas das classes Niterói (incorporadas entre 1976 e 1980) e Greenhalgh (adquiridas do Reino Unido nos anos 1990), embarcações que já ultrapassaram 40 anos. Apesar das modernizações pontuais, essas fragatas enfrentam crescentes limitações operacionais, custos de manutenção elevados e a obsolescência, o que reforça a importância das Tamandaré como espinha dorsal da Esquadra.
Entretanto, ainda que o programa represente um avanço inquestionável, é consenso entre especialistas que quatro fragatas são insuficientes para as necessidades do país. O Brasil possui mais de 7.000 km de litoral, uma zona marítima equivalente à Amazônia terrestre e responsabilidades de segurança crescentes em um cenário internacional marcado por incertezas. O PCFT provou ser um modelo bem-sucedido de integração tecnológica e construção naval local; justamente por isso, é fundamental que o governo avalie a aquisição de um segundo lote de fragatas, consolidando a capacidade industrial já instalada e evitando a descontinuidade que no passado comprometeu outros programas estratégicos.
Ampliar o número de navios não é apenas um reforço para a Esquadra: trata-se de garantir empregos qualificados, inovação tecnológica, geração de conhecimento e, sobretudo, autonomia estratégica. Expandir o PCFT é, portanto, um passo natural e necessário para que o Brasil não apenas renove, mas fortaleça de forma consistente seu poder naval, assegurando a proteção da Amazônia Azul e a presença firme no Atlântico Sul.
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