sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Ares destaca avanços tecnológicos e parceria estratégica com o Exército no Seminário de 20 Anos do Projeto Guarani

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A Ares, uma das principais referências da Base Industrial de Defesa e fornecedora dos sistemas de armas que equipam a família de blindados Guarani, teve participação central no Seminário de 20 Anos do Projeto Guarani, realizado nesta quinta-feira (13), em Brasília (DF). Com mais de cinco décadas de atuação no setor, a empresa reafirmou sua posição como parceira estratégica do Exército Brasileiro, apresentando avanços tecnológicos, capacidade industrial e soluções que sustentam a evolução das forças blindadas do país.

Durante o evento, o Diretor de Engenharia e P&D, Jaime Vela, e o Diretor de Operações, Frederico Fróes, conduziram a palestra “Integração dos Sistemas de Armas no Guarani: Desafios, Experiências e Parcerias”. A apresentação ofereceu uma visão abrangente sobre o desenvolvimento, fabricação, integração e suporte logístico dos sistemas de controle de tiro que compõem o arsenal embarcado no Guarani.

Concebido como um Projeto Estratégico destinado à modernização da Força Terrestre, o Guarani possui cerca de 90% de conteúdo nacional e já gerou 2.890 empregos diretos e indiretos. Sua concepção busca garantir mobilidade, proteção e letalidade, características essenciais para o amplo espectro de operações do Exército Brasileiro.

No seminário, os representantes da Ares detalharam o histórico, as soluções e os marcos tecnológicos que asseguram a efetividade bélica do Guarani, destacando um portfólio de 20 projetos de desenvolvimento catalogados no Ministério da Defesa. Entre as principais capacidades apresentadas estão:

SARC REMAX – Sistema de Armas Remotamente Controlado, estabilizado em dois eixos e atualmente em sua quarta versão. Mais de 300 unidades já equipam viaturas da tropa.

Torre UT30BR – Torre não-tripulada armada com canhão de 30 mm Bushmaster MK44, equipada com controle de fogo giroestabilizado e sensores optrônicos de última geração.

Torre REMAN – Primeira estação manual totalmente brasileira, projetada com blindagem modular para aumentar a proteção da guarnição.

Capacidades Anti-SARP – Ares é pioneira no Brasil no desenvolvimento de sistemas anti-drones, incluindo um simulador específico para treinamento.

Para Jaime Vela, integrar sistemas complexos em plataformas como o Guarani exige domínio tecnológico e um ciclo contínuo de pesquisa e desenvolvimento. “Nosso compromisso é entregar soluções que não apenas atendam, mas superem as exigências doutrinárias do Exército, garantindo flexibilidade e desempenho em qualquer cenário operacional”, afirmou.

O diretor de Operações, Frederico Fróes, apresentou a estrutura fabril da empresa, que alia tecnologia de ponta e processos alinhados aos conceitos da Indústria 4.0. Segundo ele, a transformação digital vem permitindo converter processos tradicionalmente artesanais em produção seriada de alta precisão. A Ares possui um Centro de Usinagem moderno, laboratório de manufatura aditiva e capacidade para montar até 250 sistemas REMAX por ano. Além disso, mantém há mais de uma década um sistema de Suporte Logístico Integrado que assegura prontidão operacional em todo o território nacional.

Para ser parceira do Exército em um projeto de longa duração como o Guarani, não basta desenvolver tecnologia. É preciso ter capacidade industrial, flexibilidade e eficiência para entregar soluções confiáveis à tropa brasileira”, destacou Fróes.

Ao longo de mais de 50 anos, a Ares consolidou-se como uma empresa que contribui diretamente para o fortalecimento da defesa nacional, oferecendo produtos, integração tecnológica e suporte contínuo às Forças Armadas. A participação no seminário reforça seu papel como protagonista na modernização das forças blindadas e como pilar da soberania tecnológica brasileira.


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Operação Samaúma consolida avanço tecnológico do Brasil e certifica o reabastecimento em voo entre o Gripen e o KC-390

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A Força Aérea Brasileira concluiu com êxito a Operação Samaúma, uma das campanhas de ensaios em voo mais relevantes já realizadas pelo Comando da Aeronáutica nos últimos anos. Conduzida entre outubro e novembro nas instalações da Embraer em Gavião Peixoto (SP), a operação certificou o reabastecimento em voo entre o caça F-39 Gripen e o avião multimissão KC-390 Millennium. Coordenada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), a campanha reuniu especialistas da FAB, Embraer e SAAB, marcando um passo decisivo para a autonomia operacional do país.

A certificação desse tipo de operação representa um salto estratégico para o poder aéreo nacional. O reabastecimento em voo possibilita que aeronaves de caça permaneçam por longos períodos sobre áreas de interesse, ampliando alcance, mobilidade e capacidade de resposta a qualquer ameaça aérea no vasto território brasileiro. Com o apoio do KC-390, o Gripen pode atingir rapidamente regiões distantes, incluindo fronteiras amazônicas a mais de 3.000 quilômetros da Base Aérea de Anápolis, onde está sediado o esquadrão brasileiro.

Além de ampliar a prontidão em cenários de defesa aérea, a certificação também fortalece o emprego do Gripen em missões complexas, como Patrulhas Aéreas de Combate e operações compostas (COMAO). Em tais situações, o caça pode realizar diversos ciclos de reabastecimento em voo, permanecendo por longos períodos na área designada para proteger outras aeronaves em missão de reconhecimento, ataque, lançamento de paraquedistas ou infiltração de tropas.

Durante a Operação Samaúma, foram avaliados diferentes perfis de voo e configurações do Gripen, inclusive com mísseis, bombas e tanques externos. Os testes incluíram manobras em múltiplas altitudes e velocidades, garantindo análise completa de estabilidade, controle e compatibilidade dos sistemas durante o contato com a cesta de reabastecimento do KC-390. Cada etapa foi validada com foco em segurança e precisão, requisitos essenciais para operações reais.

A certificação desse tipo de operação exige uma análise rigorosa. Trata-se de uma das manobras mais sensíveis da aviação militar, realizada com aeronaves voando lado a lado a alta velocidade, com margens mínimas para qualquer instabilidade estrutural ou falha de sistema. Por isso, antes da certificação do par, foi necessária a qualificação do Gripen como aeronave recebedora. Os dados obtidos na campanha estão sendo analisados pela autoridade militar sueca, responsável por validar essa capacidade no caça. Já o KC-390, que operou como aeronave reabastecedora, possui qualificação prévia e já é certificado para reabastecer F-5, A-1 e outras aeronaves KC-390.

Para o DCTA, a Operação Samaúma representa um momento histórico ao unir duas das principais vitórias tecnológicas da indústria de defesa brasileira: o KC-390, desenvolvido integralmente pela Embraer, e o Gripen, cuja fabricação nacional avança em parceria com a SAAB. Segundo o coordenador-geral da operação na FAB, coronel aviador George Luiz Guedes de Oliveira, a campanha exemplifica o resultado de esforços integrados e demonstra o fortalecimento da autonomia industrial e operacional do país.

A campanha também destacou a importância das instituições do DCTA, como o Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV) e o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI). O IPEV reuniu pilotos e engenheiros especializados em ensaios em voo — profissionais altamente capacitados, formados no próprio instituto, referência mundial na formação de especialistas civis e militares. O IFI, autoridade certificadora militar nacional, analisará os dados para emitir a certificação internacionalmente reconhecida do par KC-390 e Gripen.

A operação mobilizou cerca de 40 militares e envolveu o DCTA, IPEV, IFI, CINDACTA I, PAMA-SP, Base Aérea de Anápolis, Embraer e SAAB. O trabalho conjunto, realizado ao longo de mais de um ano de coordenação técnica entre Brasil e Suécia, garantiu sinergia, segurança e eficiência nos ensaios.

Pilotos e engenheiros das três instituições ressaltaram o valor da experiência. Para o Tenente-Coronel David Escosteguy, piloto de ensaios da FAB, a participação em uma campanha dessa complexidade representa o ápice da carreira técnica. Já para Johan Kaliff, gerente da campanha de ensaios em voo da SAAB, o trabalho conjunto ao longo de quase dezoito meses demonstrou a maturidade da cooperação e o alto nível de integração entre as equipes. O engenheiro da Embraer, Rafael Testi, destacou que a certificação reforça o protagonismo do KC-390 no mercado internacional e expressa o nível tecnológico que o Brasil alcançou.

Além da importância operacional, a Operação Samaúma reforça a consolidação da Base Industrial de Defesa. A certificação do reabastecimento em voo entre duas aeronaves estratégicas, ambas com participação da indústria nacional, coloca o Brasil em um restrito grupo de países capazes de desenvolver, testar e certificar sistemas avançados de defesa.

O nome da operação, inspirado na Samaúma, árvore emblemática da Amazônia, simboliza a solidez das equipes envolvidas e a profundidade das raízes tecnológicas que sustentam os projetos estratégicos da FAB.

A conclusão bem-sucedida da Operação Samaúma reafirma a capacidade do país de conduzir programas de alta complexidade com independência técnica, robustez industrial e integração internacional. Um marco para a soberania, para a aviação de combate e para o futuro da Defesa brasileira.


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com FAB

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Força de Resposta Imediata a Desastres Ambientais é apresentada ao público em seminário organizado pela Marinha e BNDES

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A Marinha do Brasil (MB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentaram ao público, pela primeira vez, nesta quinta-feira (13), o projeto piloto da Força de Resposta Imediata a Desastres Ambientais, uma tropa anfíbia e expedicionária do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), estruturada para atuar com rapidez em cenários críticos, unindo capacidade de resgate, apoio humanitário, logística avançada e segurança.

A apresentação integrou o Seminário Internacional de Operações Humanitárias e Resposta a Desastres do Programa PRÓ-DEFESA, realizado ontem e hoje (13 e 14), no Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav), no Complexo Naval da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.

O seminário marcou mais um avanço do projeto “Preparar para Proteger: Aprendizado organizacional militar no Brasil face aos novos contextos de crise humanitária”, desenvolvido pela Marinha em parceria com a PUC-Rio, Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Universidade Federal de Roraima (UFRR). A iniciativa, em execução desde 2024, conquistou o terceiro lugar entre os 79 projetos aprovados no ciclo atual do PRÓ-DEFESA.

Outro destaque do evento foi a assinatura do protocolo de intenções entre a Marinha do Brasil e o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (UN OCHA), ampliando a cooperação internacional em operações de resposta a crises.

Entre os especialistas internacionais presentes estiveram Chiara Capozio, chefe de Coordenação Civil-Militar Humanitária da ONU para América Latina e Caribe; Álvaro de Vicente, responsável pelas operações de Defesa Civil e Ajuda Humanitária da Comissão Europeia na região; e o Coronel Nazrul Hussain, Diretor-Geral de Defesa Civil da Guiana e coordenador do MECODE, o mecanismo multilateral de coordenação de desastres da Junta Interamericana de Defesa.

A abertura ocorreu na quinta-feira, conduzida pelo Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, Almirante de Esquadra Carlos Chagas Vianna Braga, seguida da participação de Helena Tenório Veiga de Almeida, Diretora de Pessoas, TI e Operações do BNDES. O encerramento ocorreu hoje, com a presença do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

O evento que foi gratuito, aberto ao público e patrocinado pelo BNDES, cumpriu seu objetivo de ampliar o diálogo entre Marinha, agências governamentais, Forças Auxiliares, organismos internacionais da ONU, ONGs especializadas e a comunidade acadêmica. Também consolidou o COpPazNav como polo nacional de conhecimento em operações humanitárias e resposta a desastres, reforçando a integração entre defesa, ciência e assistência humanitária.


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Veículos não tripulados ganham protagonismo no quarto dia da ARAMUSS-2025 em Aratu

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A Base Naval de Aratu viveu, nesta quinta-feira (13), um dos momentos mais aguardados da ARAMUSS-2025, com a realização das simulações e testes de veículos não tripulados embarcados em navios e embarcações da Marinha do Brasil. Em plena Baía de Todos os Santos, a demonstração reuniu sistemas de superfície, submarinos e aéreos, marcando um avanço significativo na integração entre tecnologia emergente, capacidades operativas e doutrina naval.

Para o Vice-Almirante Gustavo Calero Garriga Pires, comandante do 2º Distrito Naval, essa etapa representa o ápice do evento. Segundo ele, operar sistemas tripulados em conjunto com meios não tripulados coloca a Marinha do Brasil em sintonia com o que há de mais moderno no cenário internacional. O oficial enfatizou que, embora o foco esteja na guerra de minas, os usos dessas tecnologias são amplos, beneficiando também áreas comerciais e atividades marítimas civis. A presença de militares, acadêmicos e representantes da indústria num ambiente real de operação mostrou, na prática, o processo de amadurecimento da interoperabilidade e os desafios associados à adoção dessas plataformas.

Entre os sistemas demonstrados estavam o Mero, da USSV; o Supressor da Tidewise/EMGEPRON; o LAUV Triton, da Ocean Scan, operado pelo Instituto de Pesquisas da Marinha; o VSNT do Centro de Análise de Sistemas Navais; o Flat Fish, do SENAI Cimatec; e o Nauru, da XMobots. Cada um, com características próprias, reforça o leque de soluções disponíveis para ampliar a consciência situacional e aprofundar capacidades críticas, como detecção, mapeamento e varredura de áreas sensíveis.

O Capitão de Corveta Engenheiro Naval Emerson Coelho Mendonça, do IPqM, destacou o simbolismo do LAUV Triton no contexto da guerra de minas. Para ele, a combinação de autonomia, precisão e capacidade inteligente projeta a Marinha a um novo patamar tecnológico, representando uma virada de chave na transição para meios não tripulados. Já o Capitão de Mar e Guerra Engenheiro Naval (reserva) Marcos André Westphalen Palma, do Programa Supressor – EMGEPRON, detalhou as capacidades do Supressor-X, descrevendo-o como um vetor multifuncional equipado com sonar multifeixe, processamento em tempo real e aptidão para missões de busca e classificação de alvos submersos, além de levantamentos hidrográficos.

Os testes foram conduzidos a partir de centros de comando e controle instalados a bordo da Corveta Caboclo, do Navio-Balizador Tenente Boanerges e de embarcações da Marinha, demonstrando o nível de complexidade e coordenação necessário para operar plataformas tão diversas em um ambiente dinâmico. A etapa marcou um importante passo na compreensão das limitações, potencialidades e requisitos de adaptação para uso efetivo dessa tecnologia em operações navais.

Para o Capitão de Fragata Rodrigo Bouças, comandante da Força de Minagem e Varredura e coordenador da ARAMUSS-2025, a edição inaugural atingiu plenamente seu propósito. Segundo ele, o intercâmbio entre indústria, academia e setor de defesa consolida um caminho promissor para o avanço dos sistemas não tripulados no país. O encerramento do evento, previsto para sexta-feira, reunirá expositores e convidados para apresentação das lições aprendidas, consolidando o conhecimento gerado durante a semana de atividades.

Realizada pelo Comando do 2º Distrito Naval, a ARAMUSS-2025 reúne empresas nacionais e internacionais, instituições de pesquisa e profissionais especializados para discutir, testar e demonstrar tecnologias aplicadas a veículos não tripulados em ambiente marítimo. Com foco especial em Inteligência Artificial e robótica, o evento fortalece a modernização dos meios navais brasileiros, incentiva o desenvolvimento tecnológico e reforça a cooperação internacional na área.

A ARAMUSS-2025 também se conecta diretamente à MINEX-25, o tradicional exercício de guerra de minas coordenado pela Força de Minagem e Varredura, que ocorrerá entre os dias 17 e 19 de novembro. A aproximação dos dois eventos reforça o esforço da Marinha do Brasil em aprimorar sua prontidão, expandir capacidades e fomentar a inovação contínua em um domínio cada vez mais estratégico.


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José Alberto Amarante: o cientista visionário do programa nuclear brasileiro e o enigma que marcou sua trajetória

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Há 90 anos, em 13 de novembro de 1935, nascia José Alberto Albano do Amarante, militar, físico e engenheiro que se tornaria um dos maiores nomes da pesquisa nuclear no Brasil. Sua obra, marcada por ousadia científica e capacidade de articulação política, foi determinante para que o país avançasse no domínio do ciclo do combustível nuclear, um tema sensível em plena Guerra Fria, quando ciência e geopolítica se entrelaçavam de maneira explosiva.

A morte repentina do oficial, em 1981, aos 45 anos, permanece envolta em questionamentos. Mas antes de se transformar em um dos episódios mais misteriosos da história nuclear brasileira, Amarante deixou um legado decisivo.

As primeiras bases do programa nuclear brasileiro

A trajetória do programa nuclear do Brasil começa ainda nos anos 1950, com a criação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq). Sob liderança do almirante Álvaro Alberto, o país buscava autonomia tecnológica em um cenário global marcado pela competição entre superpotências.

Em 1953, Brasil e Alemanha firmaram um acordo secreto para a aquisição de três ultracentrífugas destinadas ao enriquecimento de urânio. O processo acabou travado por pressões externas, especialmente dos Estados Unidos, que viam com cautela qualquer iniciativa nuclear fora de seu eixo de influência.

A criação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) impulsionou o processo, culminando na construção da usina de Angra 1 em 1972. Em 1975, um ambicioso acordo Brasil-Alemanha previa oito reatores nucleares e transferência tecnológica, uma parceria que gerou tensões geopolíticas. Washington atuou para limitar a colaboração, temendo que países em desenvolvimento adquirissem capacidade dual, isto é, com possíveis aplicações civis e militares.

A recusa brasileira em assinar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, em 1968, reforçou suspeitas externas.

O surgimento do Programa Nuclear Paralelo

Diante de obstáculos diplomáticos, o governo brasileiro decidiu seguir por um caminho autônomo: o Programa Nuclear Paralelo (PNP), conduzido de forma reservada pelos três ramos das Forças Armadas, pela CNEN e pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN).

Cada Força desenvolvia uma rota tecnológica própria:

* Marinha — Projeto Ciclone: enriquecimento por ultracentrifugação, base do futuro programa de propulsão nuclear naval.

* Exército — Projeto Atlântico: foco em plutônio e reatores de grafite.

* Aeronáutica — Projeto Solimões: desenvolvimento do enriquecimento de urânio por laser.

Era um projeto ambicioso, que buscava tanto a segurança energética quanto o domínio pleno das etapas do ciclo do combustível nuclear.

Foi nesse contexto que emergiu a figura singular de José Alberto Amarante.

O cientista que ousou ir além

Natural de Campo Grande (MS), Amarante ingressou muito jovem na Escola Preparatória de Cadetes do Ar. Em 1966, formou-se em Engenharia Eletrônica pelo ITA com destaque acadêmico, e, anos depois, concluiu mestrado no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e doutorado em Física pela Unicamp.

Já no Instituto de Atividades Espaciais (IAE), atual Instituto de Aeronáutica e Espaço, liderou um grupo que iniciaria pesquisas pioneiras de separação isotópica a laser, uma tecnologia de fronteira mundial, dominada por poucos países.

A proposta era revolucionária: criar um método nacional, eficiente e de custo inferior às técnicas importadas. O projeto tinha potencial para garantir ao Brasil total autonomia no enriquecimento de urânio, algo que países industrializados tentavam evitar por receio de proliferação nuclear.

O trabalho de Amarante ganhou projeção internacional. Seu grupo desenvolveu lasers de vapor de cobre com aplicações médicas e industriais, e sua liderança ajudou a criar o Instituto de Estudos Avançados (IEAv), hoje uma das principais instituições de pesquisa do país.

Além da produção científica, Amarante era considerado um hábil articulador. Ele ajudou a formular termos técnicos do acordo nuclear com a Alemanha em 1975 e consolidou redes de apoio dentro e fora das Forças Armadas.

Geopolítica, parcerias e pressões externas

Nos bastidores da Guerra Fria, o avanço do programa nuclear brasileiro atraía olhares atentos. O Brasil havia estabelecido uma cooperação com o Iraque para intercâmbio tecnológico e fornecimento de “yellow cake”, recebendo petróleo e recursos em contrapartida.

Essa cooperação gerava inquietação em diversos países. No Oriente Médio, programas nucleares civis eram acompanhados de perto por potências regionais e pelos Estados Unidos. Em 1981, por exemplo, Israel decidiu neutralizar preventivamente o reator Osirak, no Iraque, numa operação que repercutiu globalmente.

Nesse ambiente tenso, era natural que cientistas e programas sensíveis se tornassem alvo de monitoramento internacional, algo comum na disputa tecnológica da época.

Amarante, segundo relatos de colegas, dizia desconfiar que estava sendo seguido durante viagens ao Rio e a São Paulo. Porém, não há confirmação oficial de qualquer operação estrangeira direcionada a ele.

A morte repentina

Em setembro de 1981, Amarante foi internado às pressas com um quadro de mal-estar súbito. Os exames apontaram uma leucemia aguda extremamente agressiva. Em apenas dez dias, o oficial não resistiu.

A rapidez da doença chocou familiares e médicos. A Aeronáutica abriu apurações internas e buscou esclarecer as circunstâncias, mas nunca houve conclusão definitiva.

Na época, surgiram especulações sobre possível contaminação química ou radioativa, levantadas principalmente por familiares e colegas. No entanto, nenhuma investigação oficial apontou responsáveis, e o caso permanece sem conclusão.

O personagem enigmático: Samuel Giliad

Durante as apurações conduzidas pela Aeronáutica e posteriormente relatadas pela imprensa, principalmente em reportagem da Folha de S. Paulo, surgiu o nome de um cidadão israelense de origem polonesa, identificado como Samuel Giliad (ou Guesten Zang), que vivia em São José dos Campos desde 1979 e atuava como diretor do Hotel Eldorado.

Segundo relatos da época, Samuel demonstrava interesse por assuntos militares, mantinha contato recorrente com oficiais, promovia eventos no hotel e circulava em ambientes frequentados por pesquisadores do CTA.

Alguns investigadores o consideraram uma pessoa de interesse, especialmente por coincidências de agenda e comportamento. Contudo, nunca houve comprovação oficial de participação em atividades de inteligência ou de qualquer envolvimento com a morte de Amarante. A presença dele permanece como uma peça enigmática na narrativa, mais associada às percepções e suspeitas do período do que a fatos conclusivos.

Pouco após a morte do cientista, Samuel deixou a cidade. A imprensa internacional, por sua vez, publicou matérias sobre o programa nuclear paralelo brasileiro, mas sem estabelecer vínculos diretos com indivíduos ou países.

Um legado científico e um enigma histórico

Quase meio século depois, José Alberto Amarante segue como figura central na história da ciência brasileira. Seu trabalho abriu caminho para pesquisas em lasers, contribuiu para a soberania tecnológica do país e teve impacto duradouro na capacitação do IEAv e na autonomia buscada pelo setor de defesa.

Sua morte permanece envolta em versões divergentes, reflexo de um período em que ciência, política e espionagem se cruzavam de forma intensa. O que é certo, e historicamente comprovado, é seu papel fundamental no avanço científico do Brasil e seu protagonismo em uma das fases mais estratégicas do programa nuclear nacional.

O enigma em torno de sua trajetória não diminui o tamanho da sua contribuição. Pelo contrário: reforça a importância de compreender como a busca por autonomia tecnológica pode esbarrar em interesses globais, pressões externas e disputas silenciosas que moldaram o século XX.


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Brasil conclui certificação histórica de reabastecimento em voo entre o F-39E Gripen e o KC-390 Millennium

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A campanha de certificação do reabastecimento em voo entre o F-39E Gripen e o KC-390 Millennium foi concluída com sucesso em Gavião Peixoto (SP), marcando um avanço significativo na integração operacional entre dois dos principais vetores da Força Aérea Brasileira (FAB). A operação, resultado de um esforço conjunto entre Embraer, Saab e FAB, consolidou mais um passo na construção de uma capacidade aérea genuinamente estratégica e alinhada aos mais altos padrões internacionais.

A etapa, realizada no Centro de Ensaios em Voo da Embraer sob coordenação do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), reuniu engenheiros e pilotos de ensaios brasileiros e suecos. Ao longo das missões, foram testadas diferentes velocidades, altitudes e configurações, com foco na avaliação da precisão durante o contato, estabilidade das aeronaves e conformidade com o envelope de voo do KC-390. A sinergia entre os sistemas fly-by-wire de ambas as plataformas foi essencial para o desempenho observado, com o Millennium oferecendo uma esteira aerodinâmica adequada e o Gripen demonstrando resposta rápida e confiável.

A campanha teve dois objetivos centrais. O primeiro foi qualificar o Gripen E como aeronave receptora, certificando sua integridade estrutural e comportamento em todas as fases da operação de reabastecimento. O segundo buscou validar a compatibilidade operacional completa entre os dois vetores, em operações diurnas e noturnas, incluindo cenários de alta velocidade. O resultado demonstra o nível de maturidade da integração entre as aeronaves e expande significativamente o alcance e a flexibilidade do F-39E no ambiente estratégico brasileiro.

Para a Embraer, o marco reforça o papel do KC-390 como uma plataforma multimissão capaz de atender diferentes demandas com rapidez e eficiência. Para a Saab, o desempenho do Gripen confirma o avanço do programa de ensaios e a consolidação de capacidades essenciais ao emprego operacional da aeronave. Para a FAB, representa mais do que um requisito técnico cumprido: é a validação de uma capacidade de soberania, obtida por meio de cooperação internacional e domínio crescente de tecnologias críticas.

O Vice-Presidente de Operações da Embraer Defesa & Segurança, Walter Pinto Júnior, destacou que a certificação reafirma o desempenho do KC-390 como reabastecedor e demonstra sua flexibilidade operacional, uma característica valorizada por forças aéreas em todo o mundo. Já Mikael Olsson, Head de Ensaios de Voo da Saab, ressaltou o novo patamar de alcance e autonomia operacional que o Gripen atinge com essa etapa. O Coronel Aviador George Luiz Guedes de Oliveira, representando a FAB, reforçou que o êxito da campanha traduz a combinação entre tecnologia sueca, engenharia brasileira e a expertise operacional da Força Aérea.

Com o término dos ensaios, a documentação segue agora para análise pela Autoridade de Aviação Militar da Suécia (SE-MAA), responsável pela certificação internacional do Gripen E. Em seguida, o processo avança para o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), órgão da FAB encarregado de validar tecnicamente os resultados no Brasil.

Batizada de Operação Samaúma, a campanha mobilizou cerca de 40 profissionais e posiciona o país entre os poucos capazes de desenvolver, testar e certificar sistemas de reabastecimento em voo com participação direta de sua indústria. Trata-se de um avanço que transcende o escopo técnico: é mais um capítulo da construção de uma base de defesa autônoma, integrada e preparada para operar vetores de última geração.


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Embraer reforça presença estratégica na aviação chinesa com seminário dedicado ao futuro das companhias aéreas

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A Embraer realizou, em Huizhou, o Seminário de Negócios para Companhias Aéreas na China 2025, um encontro que reuniu executivos de alto nível de empresas locais e internacionais, especialistas da indústria, associações de aviação, consultorias e representantes do setor financeiro. O evento consolida o esforço da fabricante brasileira em aprofundar o diálogo com um dos mercados mais dinâmicos e disputados do planeta, onde a aviação comercial enfrenta desafios estruturais únicos, desde a concorrência crescente até o impacto dos trens de alta velocidade, que vêm remodelando o transporte regional chinês.

Ao longo das apresentações e debates, o seminário abordou a necessidade de modelos operacionais mais flexíveis e de aeronaves adequadas para sustentar novas malhas, especialmente diante da expansão acelerada de cidades de porte médio e de polos regionais. Nesse cenário, a discussão foi além de performance técnica, tocando no cerne da competitividade: capacidade de ajustar oferta, custos e conectividade em um ambiente de demanda altamente fragmentado.

Dirigindo-se aos participantes, Rodrigo Silva e Souza, Vice-Presidente de Marketing da Embraer Aviação Comercial, destacou a importância do encontro como instrumento de aproximação e planejamento. Para ele, o mercado chinês, marcado por rápida transformação e exigências estratégicas complexas, demanda cooperação e troca constante de conhecimento. Segundo o executivo, há espaço evidente para aeronaves narrowbody menores e atualizadas, capazes de operar de forma eficiente em cidades emergentes e rotas onde a demanda ainda não sustenta jatos maiores. Ao ajustarem suas malhas e explorarem novos corredores regionais, as companhias locais podem buscar melhor rentabilidade e diversificação.

No mesmo evento, a Embraer apresentou a nova edição do China Market Report, intitulado “Um Novo Rumo para a Rentabilidade no Mercado de Aviação da China”. O documento oferece análises baseadas em dados e recomendações estratégicas que dialogam diretamente com o momento vivido pelas operadoras chinesas, hoje pressionadas por margens estreitas e pela necessidade de reequilibrar suas frotas. O estudo aborda precificação, sustentabilidade financeira, uso eficiente de aeronaves e desenho de rotas, fornecendo elementos que reforçam a visão da fabricante sobre oportunidades ainda pouco exploradas no interior do país.

O seminário, lançado agora em sua primeira edição e com previsão de ocorrer de forma bienal, busca consolidar uma plataforma de cooperação estável entre profissionais, empresas e entidades envolvidas na aviação comercial. Além de fortalecer a presença da Embraer na China, a iniciativa contribui para ampliar o espaço de discussão sobre transformações tecnológicas, ajustes regulatórios e os novos caminhos para o crescimento do setor em uma das geografias mais estratégicas do mundo.

Com a competição interna acirrada, a constante expansão das ferrovias de alta velocidade e a pressão por eficiência operacional, eventos como o de Huizhou tendem a ocupar papel relevante na definição das escolhas futuras das companhias chinesas — e posicionam a Embraer como interlocutora ativa em um debate que ultrapassa a venda de aeronaves, alcançando o planejamento de longo prazo da aviação regional no país.


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Mac Jee consolida posição estratégica na BID e projeta capacidade brasileira no mercado internacional com a Série MK80

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A indústria de defesa brasileira tem ampliado sua presença no mercado global, e poucos exemplos ilustram isso tão bem quanto a trajetória da Mac Jee. Hoje, a empresa é a maior fabricante da família de bombas da Série MK80 na América Latina e detém a maior planta industrial do hemisfério sul dedicada à produção desses artefatos. Trata-se de um posicionamento raro no setor, especialmente em um segmento dominado historicamente por grandes players internacionais.

A empresa domina todo o ciclo produtivo, aplicando tecnologia própria e engenharia nacional desde o desenvolvimento até a entrega final. Esse domínio de ponta a ponta garante desempenho, repetibilidade e padrões de segurança alinhados às exigências internacionais, o que tem sido decisivo para a expansão da companhia além das fronteiras brasileiras.

Um exemplo recente da empregabilidade operacional desses armamentos ocorreu durante a Operação Atlas, em Formosa (GO). Aeronaves AF-1 (A-4KU) Skyhawk do Esquadrão VF-1, da Marinha do Brasil, conduziram lançamentos utilizando bombas da Série MK80 fornecidas pela Mac Jee. O GBN Defense acompanhou a atividade, que reforçou a confiabilidade do material produzido pela empresa.

A presença internacional da Mac Jee vem crescendo de forma consistente. Somente até o momento, mais de 350 contêineres de produtos já foram exportados, ampliando a visibilidade da indústria de defesa brasileira e demonstrando a capacidade competitiva do país em um mercado que exige precisão, regularidade e certificações complexas. Esse avanço pavimenta um caminho relevante para a BID, que apesar de desafios persistentes, tem mostrado potencial para competir no mais alto nível tecnológico e industrial.

A estrutura da Mac Jee também chama atenção. A companhia opera com grande capacidade de produção e armazenamento, atendendo de forma rigorosa às certificações e às normas que regem o setor de defesa. Cada etapa, da linha de produção ao controle de qualidade, é submetida a protocolos que asseguram conformidade e segurança. Mais do que fabricar, a empresa investe em desenvolvimento, inovação e processos que elevam o padrão dos produtos entregues.

O resultado é um portfólio que se sustenta pela engenharia de precisão e pela confiabilidade, atributos que têm contribuído para projetar a imagem do Brasil como fornecedor de soluções de defesa em um mercado tradicionalmente restrito.

A Mac Jee é hoje um dos exemplos de maturidade e evolução da Base Industrial de Defesa nacional, ajudando a colocar o país em posição de destaque e abrindo espaço para que a BID seja reconhecida como um ativo estratégico, para o Brasil e para seus parceiros internacionais.


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Caças indianos Su-30MKI chegam à França para exercício bilateral

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A Base Aérea de Mont-de-Marsan, no sudoeste da França, recebeu nesta semana um contingente da Força Aérea Indiana (IAF) para a realização de um exercício aéreo bilateral com a Força Aérea e Espacial Francesa (FASF). A atividade, que ocorre entre 16 e 27 de novembro, reúne aeronaves de alto desempenho e coloca lado a lado dois parceiros estratégicos que ampliam, ano após ano, a cooperação em defesa.

A Índia deslocou seus caças Sukhoi Su-30MKI, versões amplamente modernizadas e customizadas para as necessidades indianas, acompanhados de um IL-78, aeronave de reabastecimento em voo e transporte logístico. No lado francês, os caças Rafale, plataforma que também compõe o inventário indiano, representam o núcleo da força oponente e cooperante no treinamento.

De acordo com informações oficiais, o exercício prevê cenários de combate simulado, missões avançadas de coordenação tática, além de treinamentos de prontidão e interoperabilidade entre as duas forças aéreas. Trata-se de mais um passo na consolidação de uma parceria que tem se fortalecido tanto no âmbito operacional quanto no campo industrial.

Um exercício militar com relevância estratégica ampliada

Para além do valor técnico e operacional imediato, o treinamento deste ano assume especial relevância no atual contexto geopolítico. Ao operar diretamente com os Su-30MKI, a França obtém uma rara oportunidade de observar e compreender melhor uma aeronave derivada do projeto russo Su-30, plataforma que embora adaptada pela Índia, mantém muitas características estruturais e de performance presentes nas versões empregadas pela própria Força Aeroespacial da Rússia.

Esse tipo de interação oferece aos franceses, e por extensão aos aliados europeus, a chance de testar táticas de engajamento, avaliar assinaturas, rotinas de manobra e potenciais envelopes de operação de um caça pesado que compõe o núcleo da aviação de combate russa. Em um momento de tensão crescente entre Europa e Rússia, essa experiência prática, ainda que em ambiente de treinamento e dentro de uma cooperação legítima com um parceiro estratégico como a Índia, traz elementos valiosos para análises de doutrina, desempenho e cenários futuros.

Interoperabilidade e fortalecimento bilateral

Para a Índia, o exercício reforça sua política de diversificação de parcerias e amplia a capacidade de operar conjuntamente tanto com plataformas ocidentais, como o Rafale, quanto com aeronaves de origem russa. A integração entre diferentes sistemas de armas é um pilar da doutrina indiana, que busca flexibilidade operacional e capacidade de responder a múltiplos vetores de ameaça, especialmente no Indo-Pacífico.

Já para a França, o treinamento fortalece laços com um dos países mais influentes da Eurásia e com uma das maiores forças aéreas do mundo, que tem expandido sua presença em exercícios internacionais. Também reforça o posicionamento francês como fornecedor de tecnologia avançada e parceiro estratégico de longo prazo.

Cooperação que vai além do exercício

França e Índia mantêm, há décadas, uma relação de defesa que inclui transferência de tecnologia, aquisição de aeronaves e cooperação industrial, com destaque para a compra indiana do Rafale e discussões contínuas sobre expansão de programas conjuntos. Os exercícios bilaterais reforçam esse arcabouço, permitindo que as forças de ambos os países desenvolvam conceitos, táticas e procedimentos que ampliam a prontidão e a confiança mútua.

No cenário atual, essa cooperação ganha contornos ainda mais estratégicos, oferecendo à França uma oportunidade singular de analisar, de forma indireta e plenamente legítima, a performance de uma aeronave cuja gênese está no coração da indústria de defesa russa, enquanto a Índia demonstra sua capacidade de projetar poder aéreo e aprofundar parcerias com diversos atores globais.

Com um cronograma intenso previsto até 27 de novembro, o exercício promete gerar lições importantes para ambos os lados, reforçando a relevância crescente da cooperação franco-indiana em um mundo onde a superioridade aérea e o entendimento técnico de plataformas adversárias se tornam cada vez mais determinantes.


por Angelo Nicolaci


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Exército celebra 20 anos do Projeto Guarani e sinaliza nova fase de modernização blindada

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Entre os dias 12 e 13 de novembro, o Quartel-General do Exército Brasileiro sediou o seminário que celebrou duas décadas de um dos programas mais emblemáticos da modernização da Força Terrestre: o Projeto Guarani. Nascido em 2005, o programa consolidou a viatura blindada de transporte de pessoal 6x6 Guarani como um símbolo da integração entre doutrina, inovação e fortalecimento da Base Industrial de Defesa (BID).

Hoje, mais de 700 viaturas Guarani operam em unidades de Infantaria e Cavalaria, refletindo não apenas a evolução tecnológica da plataforma, mas também o amadurecimento de uma capacidade industrial instalada no país, fruto direto da parceria entre o Exército e a Iveco Defence Vehicles (IDV).

Uma trajetória de fortalecimento industrial

Durante o evento, o Comandante do Exército, General Tomás Paiva, ressaltou que o projeto representa um divisor de águas no reaparelhamento da Força. “Estamos colhendo hoje o que foi plantado no passado, por aqueles que idealizaram esse projeto. O Guarani é um produto testado e aprovado. É versátil, com potencial de exportação, e alavanca nossa indústria de defesa”, destacou.

Humberto Spinetti, Executivo Sênior da Iveco Defence Vehicles, reforçou que o impacto do Guarani ultrapassa o âmbito militar, deixando um legado industrial concreto. A implantação da fábrica em Sete Lagoas, em Minas Gerais, consolidou uma cadeia de suprimentos no país, atraiu novos fornecedores e gerou empregos de alta qualificação. Esse movimento pavimentou o caminho para que o Brasil desenvolvesse domínio sobre tecnologias críticas para viaturas blindadas.

Tecnologia nacional que evolui

Inserido no programa estratégico Forças Blindadas, o Guarani continua evoluindo. O seminário apresentou uma visão de futuro marcada pela incorporação de inteligência artificial, sistemas aprimorados de comando e controle e maior nacionalização de componentes. A modularidade da plataforma segue sendo um diferencial: versões como ambulância, porta-morteiro, posto de comando e defesa antiaérea refletem a capacidade de adaptação do projeto às necessidades operacionais.

Essa flexibilidade vem sendo determinante no emprego real da viatura, que demonstra eficiência não apenas em missões militares, mas também em apoio à população. A atuação na Operação Taquari II, no Rio Grande do Sul, em 2024, é um exemplo de como a capacidade anfíbia e a robustez do Guarani permitem respostas rápidas em cenários complexos.

Olhando à frente: modernização contínua e novas oportunidades

A celebração dos 20 anos do Projeto Guarani reforça um ponto central: o Exército permanece comprometido com a inovação e com a construção de uma autonomia estratégica sólida. Ao mesmo tempo, o evento evidenciou que o Brasil se encontra em um momento de transição e novas oportunidades estão surgindo no campo da defesa terrestre.

A Iveco Defence Vehicles (IDV), parceira histórica do programa, aproveitou o encontro para apresentar conceitos e tendências globais em blindados, abrindo espaço para futuras discussões sobre soluções complementares à família Guarani. O setor avalia, de forma inicial e ainda sem detalhes públicos, possíveis caminhos ligados a plataformas de maior porte e carros de combate, um movimento que acompanha a evolução das necessidades operacionais e do cenário internacional.

Embora o foco imediato continue sendo a consolidação da frota Guarani e a ampliação de suas capacidades, o interesse crescente por soluções de próxima geração indica que a modernização blindada do Exército Brasileiro pode avançar para uma nova etapa, alinhada à doutrina, ao real emprego da tropa e às possibilidades da indústria nacional.

Um legado em construção

Ao completar duas décadas, o Projeto Guarani reafirma o papel central do Exército na indução do desenvolvimento científico, tecnológico e industrial no país. Com uma visão de longo prazo e compromisso com a soberania, a Força segue pavimentando um caminho onde inovação e capacidade operacional caminham lado a lado, consolidando uma base industrial de defesa mais sólida, competitiva e preparada para os desafios do futuro.


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quinta-feira, 13 de novembro de 2025

EDGE e Anduril anunciam aliança estratégica para produção de sistemas autônomos

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A EDGE Group e a norte-americana Anduril Industries anunciaram a criação da EDGE–Anduril Production Alliance, uma joint venture que marca um novo capítulo na cooperação em defesa entre os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos. O acordo visa acelerar o desenvolvimento e a produção de sistemas autônomos de nova geração, com foco em aplicações civis e militares.

O primeiro resultado dessa parceria será o Omen, um veículo aéreo autônomo (VAA) com tecnologia hover-to-cruise, capaz de decolar verticalmente e realizar transição para voo de cruzeiro. Projetado para combinar autonomia, carga útil e flexibilidade típicas de sistemas maiores, o Omen integra o Grupo 3 de aeronaves e promete ampliar a capacidade operacional das forças que o empregarem.

Os Emirados Árabes Unidos confirmaram a aquisição inicial de 50 unidades do Omen, estabelecendo a base de produção que sustentará a nova instalação industrial e fortalecerá a cadeia de suprimentos local. A meta é alcançar a produção plena até o final de 2028, em um programa que soma mais de US$ 1 bilhão em investimentos, sendo US$ 850 milhões da Anduril e cerca de US$ 200 milhões da EDGE.


Para Faisal Al Bannai, presidente do Conselho da EDGE Group, a cooperação representa um salto estratégico para o país: “Nossa parceria com a Anduril abre novos caminhos para que a EDGE incorpore algumas das engenharias de sistemas autônomos mais avançadas do mundo. O Omen simboliza essa transformação, unindo inovação, produção local e autonomia operacional.

Na visão de Trae Stephens, cofundador e presidente executivo da Anduril, a colaboração reflete a urgência em transformar inovação em poder real: “A inovação em defesa não se mede por ideias, mas pela velocidade com que elas se tornam capacidade efetiva. Com a EDGE, unimos agilidade e produção para atender à demanda de dissuasão moderna.”

O Omen foi projetado para atuar em missões multidomínio, com capacidade de transporte e lançamento por apenas duas pessoas, sem necessidade de infraestrutura complexa. Com arquitetura aberta e modular, o sistema poderá ser configurado para diferentes tipos de missão, desde vigilância marítima, retransmissão de comunicações e reconhecimento, até apoio logístico e humanitário em áreas de difícil acesso.

A aeronave utilizará o software Lattice, da Anduril, uma camada de comando e controle orientada por inteligência artificial que permite a coordenação em tempo real entre múltiplos veículos, compartilhamento de dados e adaptação de comportamento em missão. Essa integração de software e autonomia operacional é o diferencial que posiciona o Omen como um sistema de próxima geração, pronto para missões complexas e de longa duração.

A joint venture combinará a presença regional e o peso institucional da EDGE no Oriente Médio com a expertise da Anduril em desenvolvimento ágil e produção em escala. O acordo prevê também a criação de um centro de pesquisa e simulação em Abu Dhabi, com 50 mil pés quadrados, que funcionará como polo regional de engenharia, design e prototipagem.

O objetivo é claro: reduzir a distância entre conceito e capacidade operacional, fortalecendo a base industrial de defesa dos Emirados e consolidando a autossuficiência tecnológica em sistemas autônomos. Essa cooperação insere o país em um novo patamar no cenário de defesa global, ao mesmo tempo em que reforça os laços estratégicos com os Estados Unidos.

A formalização da joint venture ainda depende das aprovações governamentais dos dois países, mas já é vista como um movimento significativo rumo a uma nova fase de desenvolvimento industrial e tecnológico. O Omen será apenas o primeiro de uma série de sistemas autônomos a serem produzidos no âmbito da EDGE–Anduril Production Alliance, que nasce com o propósito de unir velocidade, escala e soberania tecnológica em prol das missões que mais importam.


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CCOPAB: Estágio de Proteção de Civis reúne militares e policiais brasileiros para capacitação em operações de paz da ONU

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Começou na última segunda-feira (10) a fase presencial do Estágio de Proteção de Civis (PoC), promovido pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB). A formação teve início na modalidade de ensino a distância (EAD) em 27 de outubro e se estenderá até a sexta-feira (14), reunindo militares e policiais de diferentes forças para aprofundar conhecimentos essenciais à atuação em missões de paz sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU).

O curso aborda temas fundamentais, incluindo medidas de proteção de civis, tomada de decisão tática, coordenação cívico-militar (CIMIC), arcabouço legal, resposta a violência sexual em conflitos e fundamentos de PoC. A proposta é capacitar os participantes para atuarem de forma integrada e eficiente em cenários complexos, onde a proteção de populações vulneráveis e a aplicação adequada dos mandatos internacionais são primordiais.

A turma é formada por 26 militares do Exército Brasileiro, um da Força Aérea, dois da Marinha e seis policiais brasileiros, reunindo perfis multidisciplinares que permitirão a troca de experiências e a construção de competências estratégicas e operacionais. Ao longo desta semana, os estagiários desenvolverão habilidades em análise de risco, planejamento integrado, engajamento com atores de proteção e aplicação prática do mandato da ONU, preparando-os para enfrentar os desafios característicos de ambientes de conflito.

O CCOPAB reforça seu papel estratégico na formação e capacitação de profissionais aptos a integrar missões de paz, promovendo um preparo técnico de alto nível aliado à ética, responsabilidade e sensibilidade humana, com foco na proteção de civis em situações de crise. A conclusão do estágio está prevista para a próxima sexta-feira, consolidando mais uma etapa na preparação de brasileiros para contribuir com operações de paz internacionais de forma qualificada e eficiente.


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Dica do GBN: “Missão Sobrevivência” - um agente da CIA entre as sombras do Oriente Médio e o espelho das guerras invisíveis

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Por trás da aparência de um thriller de ação, Missão Sobrevivência (Kandahar, 2023), dirigido por Ric Roman Waugh e estrelado por Gerard Butler, é uma surpreendente alegoria da complexa teia de poder, espionagem e sabotagem que define o Oriente Médio contemporâneo. O filme acompanha Tom Harris, um agente da CIA que opera sob disfarce em território iraniano, conduzindo uma missão de sabotagem contra o programa nuclear do país, operação que, após ser exposta por um vazamento de informações, o força a atravessar o deserto afegão para sobreviver, enquanto múltiplos serviços de inteligência e milícias o caçam.

O enredo poderia ser mera ficção, mas carrega ecos nítidos da realidade. Em tempos de guerra híbrida e operações clandestinas, Missão Sobrevivência revela um submundo de ações invisíveis que moldam a política global muito além dos campos de batalha declarados.

CIA: o fio invisível da interferência

A figura do agente da CIA, encarnada por Butler, sintetiza o legado da política externa norte-americana desde a Guerra Fria: o uso sistemático da espionagem, sabotagem e da guerra indireta como instrumentos de poder. No filme, a operação contra o programa nuclear iraniano remete a décadas de embates silenciosos entre Washington e Teerã, do apoio a grupos opositores ao uso de vírus cibernéticos como o Stuxnet, que em 2010 sabotou centrífugas nucleares iranianas em Natanz.

O personagem de Butler é o arquétipo do “agente pragmático”, que executa missões sem questionar as implicações políticas e morais. Contudo, quando a missão dá errado e sua identidade é exposta, a narrativa se inverte: o predador torna-se a presa, e o agente da CIA é confrontado pelas consequências de um sistema que alimenta o caos e depois tenta sobreviver a ele. É o símbolo do império que, ao tentar controlar o mundo, acaba sendo engolido por suas próprias sombras.

A contra-inteligência iraniana: o jogo invisível de Teerã

O filme dá espaço à atuação da inteligência iraniana, retratada não como um vilão unidimensional, mas como uma força que age com método e estratégia. É ela quem descobre e intercepta informações sigilosas vazadas a uma jornalista, num episódio que ecoa práticas reais do regime iraniano, conhecido por sua ampla rede de vigilância digital e repressão a vazamentos considerados ameaças de segurança nacional.

Teerã aparece como o contraponto direto à CIA: um Estado sitiado, que aprendeu a jogar o mesmo jogo que seus inimigos, espionagem, manipulação e contra-ataques invisíveis. Essa simetria narrativa humaniza o tabuleiro e dá ao espectador a dimensão da complexidade do conflito: não há mocinhos, apenas potências operando sob camadas de segredo e paranoia.

ISI e a longa sombra do Paquistão

Um dos aspectos mais interessantes de Missão Sobrevivência é a inserção do Inter-Services Intelligence (ISI), o poderoso serviço secreto do Paquistão. Desde a década de 1980, o ISI é peça-chave na geopolítica do Afeganistão: foi intermediário do apoio americano à resistência mujahidin contra a União Soviética e, posteriormente, o grande patrocinador do Talibã, que dominou o país.

No filme, o ISI aparece como ator ambíguo, nem aliado nem inimigo direto, mas um operador de bastidores que lucra com a instabilidade regional. Essa representação é fiel ao papel real do Paquistão, que equilibra suas relações entre Washington, Pequim e grupos islâmicos locais, ora combatendo o terrorismo, ora tolerando-o como ferramenta estratégica de influência. O resultado é um Oriente Médio e uma Ásia Central permanentemente incendiados por interesses cruzados.

O Afeganistão: terra fragmentada, palco de todos os jogos

A travessia do protagonista pelo Afeganistão é mais do que uma fuga física: é uma metáfora do colapso de um Estado após duas décadas de ocupação estrangeira. O país é retratado como um mosaico de tribos, milícias e senhores da guerra, onde o poder mudou de mãos tantas vezes que o conceito de soberania se diluiu.

Após a retirada americana em 2021, o Afeganistão se tornou novamente o “coração da incerteza”. O filme captura esse caos com precisão: a paisagem árida e inóspita simboliza a ausência de um centro político, enquanto grupos locais, mercenários e caçadores de recompensas agem em nome de causas que se misturam, religião, dinheiro, vingança ou sobrevivência.

Em Missão Sobrevivência, cada personagem local tem um motivo próprio, e nenhum é completamente inocente ou demoníaco. Essa abordagem evita a tradicional caricatura hollywoodiana do “vilão árabe”, apresentando um cenário onde todos são produtos do mesmo sistema global de manipulação e guerra por procuração.

A guerra por procuração e os novos tabuleiros regionais

O roteiro também insinua a presença de outros atores regionais invisíveis. O Irã, o Paquistão, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes e até Israel surgem de forma indireta como potências que travam guerras frias através de milícias, sabotagens e ataques cibernéticos. É a chamada “nova era das guerras por procuração”, onde a luta direta é substituída por operações de inteligência, drones, hackers e alianças informais.

O fictício ataque ao programa nuclear iraniano, que abre o filme, simboliza essa nova fronteira do conflito. Ninguém reivindica, ninguém assume, mas todos sabem quem está por trás. Esse tipo de ação reflete um padrão real: guerras que acontecem à margem das manchetes, mas que definem os rumos da segurança global.

Entre a sobrevivência e a culpa

O título "Missão Sobrevivência" não é apenas literal. A sobrevivência de Tom Harris é também moral e simbólica: o agente da CIA tenta escapar não só dos inimigos, mas de sua própria consciência. A narrativa o transforma de executor em testemunha do colapso que ajudou a provocar.

Nesse ponto, o filme alcança uma dimensão quase filosófica: o herói ocidental é um homem sem causa, deslocado de uma guerra que já não entende e cercado por vítimas de um sistema que ele mesmo serviu. É o retrato de uma era em que o poder americano não garante mais o controle, apenas a perpetuação do caos.

Conclusão: ação e reflexão no espelho da geopolítica

Missão Sobrevivência se destaca entre os thrillers recentes por unir entretenimento e contexto histórico real. Sob as explosões e perseguições, há uma narrativa sobre culpa, decadência e ciclos de violência alimentados por décadas de intervenções externas.

Ao retratar CIA, ISI, inteligência iraniana e grupos afegãos em uma rede interdependente, o filme mostra que não existe mais “centro” e “periferia” nas guerras modernas, apenas um sistema global onde todos os agentes estão, em algum nível, comprometidos.

Como aponta a história da própria região, a fragmentação política do Oriente Médio remonta a acordos como o Tratado Sykes-Picot (1916), que redefiniu fronteiras sem considerar identidades étnicas e tribais locais, criando uma instabilidade cujos efeitos se fazem sentir até hoje. Missão Sobrevivência é, nesse sentido, uma narrativa que reflete séculos de intervenção externa e as consequências invisíveis das decisões geopolíticas.

O filme está disponível no catálogo da Prime Video, oferecendo ao público uma experiência que combina adrenalina e reflexão sobre o complexo tabuleiro geopolítico do Oriente Médio.


por Angelo Nicolaci


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