No complexo tabuleiro geopolítico que envolve a Argentina, o governo do presidente Javier Milei se vê diante de uma encruzilhada crucial: a escolha do próximo caça para a Força Aérea Argentina (FAA). Enquanto a decisão permanece em suspenso, uma proposta incomum emerge da Índia: o caça multifuncional indiano HAL Tejas.
Em um encontro diplomático de grande significado, o embaixador da Índia na Argentina e no Uruguai, Dinesh Bhatia, se reuniu com o Brigadeiro Fernando Luis Mengo, chefe do Estado-Maior da FAA, em 6 de fevereiro. O foco da discussão girou em torno da proposta para a Argentina adquirir o Tejas, além de helicópteros fabricados pela Hindustan Aeronautics Limited (HAL), conforme comunicado oficial da embaixada indiana em Buenos Aires.
O Tejas, orgulhosamente produzido internamente na Índia pela HAL, até o momento, não encontrou um cliente de exportação. No entanto, sua entrada na competição argentina destaca o papel geopolítico cada vez mais proeminente da Índia, que enfrenta rivais de peso como os Estados Unidos e a China na disputa pelo contrato argentino.
Enquanto Washington espera que Buenos Aires opte pelos F-16 usados, oferecidos pela Real Força Aérea Dinamarquesa via FMS, Pequim apresenta o Chengdu/PAC JF-17 Thunder, uma aeronave sino-paquistanesa. A mídia argentina especula que a Argentina poderia adquirir até 18 aeronaves Tejas, caso seja selecionado como vencedor da disputa.
Apesar do posicionamento do Tejas na lista de potenciais vetores para Argentina permanecer nebuloso, uma série de encontros e visitas têm delineado a relação entre a Argentina e a Índia. Em eventos passados, o então Ministro da Defesa argentino, Jorge Taiana, assinou um acordo de cooperação com a HAL para modernizar a frota de helicópteros militares argentinos.
A Argentina expressou interesse na produção conjunta de helicópteros como o HAL Light Utility Helicopter (LUH) e o Advanced Light Helicopter (ALH). Durante tais compromissos, autoridades argentinas visitaram as instalações da HAL, onde o Tejas também é fabricado, estreitando os laços entre os dois países.
Embora o novo presidente argentino, Javier Milei, tenha declarado limitações financeiras para grandes aquisições militares, o recente encontro entre Bhatia e um oficial de alta patente da FAA sugere que Buenos Aires está longe de descartar as ofertas da Índia.
Enquanto a saga da seleção do novo caça continua, a FAA recebeu recentemente a primeira de duas aeronaves de transporte Embraer ERJ 140LR em 5 de fevereiro. Essa modernização gradual da Força Aérea Argentina, exemplificada pelo projeto "Vuelo del Pampero" (T-95), destaca o compromisso contínuo com a atualização das capacidades aéreas do país.
Apesar das incertezas, a presença da Índia no mercado de defesa da América Latina permanece em desenvolvimento. A venda bem-sucedida do navio Anchor Handling, Towing, Supply, and Standby Vessel (AHTSSV) Janequeo (ATF-65) para o Chile em 2021 destaca a crescente influência indiana na região. Outro ponto que devemos destacar, é que o Exército Brasileiro este ano enviará uma comitiva para avaliar o sistema de defesa aérea indiano AKASH-NG.
Enquanto a Argentina pondera suas opções, o futuro da FAA está à espera de uma decisão que não apenas moldará suas capacidades de defesa, mas também consolidará alianças geopolíticas em um mundo em constante evolução. O destino do Tejas como o novo guardião dos céus argentinos permanece, por enquanto, em suspenso, aguardando a próxima jogada neste complexo jogo de xadrez internacional.
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