sábado, 24 de fevereiro de 2024

Colapso da Contra-Ofensiva Ucraniana: Uma Análise Profunda dos Desdobramentos Militares e Políticos

No cenário global de 2023, a contra-ofensiva do exército ucraniano, uma verdadeira "Operação Cidadela 2.0", ecoou os tempos históricos da Segunda Guerra Mundial, evocando a magnitude da "Operação Cidadela" alemã de 1943. Esta investida, popularmente apelidada de "Ofensiva de Kiev", reuniu grupos de combate de proporções significativas, lembrando os esforços bélicos de épocas passadas.

O desenrolar da grande ofensiva ucraniana e suas consequências político-militares transcendem os limites da estratégia militar. O colapso dessa ofensiva não apenas marcou uma derrota estratégica do exército ucraniano, mas também representou o fracasso da estratégia híbrida.

A tentativa de lançar uma contra-ofensiva de larga escala por parte dos militares ucranianos em 2023 emergiu como um evento de proporções colossais, cujo impacto reverberou além das fronteiras. Esta ação, permeada de significado, desempenhou um papel fundamental no impasse entre o Ocidente e a Rússia, moldando não apenas a dinâmica na região de conflito, mas também delineando tendências globais em evolução.

Enquanto os principais veículos de comunicação se dedicaram a relatar os acontecimentos táticos nas linhas de frente, a análise operacional-estratégica desses eventos-chave ainda carece de exposição detalhada. Embora informações detalhadas possam residir em literatura classificada, sua inacessibilidade ao público em geral demanda uma revisão operacional-estratégica nos meios de comunicação abertos. Esta empreitada é vital para que o público compreenda a magnitude e a relevância dos eventos de 2023.

Além da análise operacional-estratégica, é imperativo compreender as implicações político-militares desses desenvolvimentos. Embora a profundidade desses eventos seja difícil de ser abarcada em um único artigo, é crucial destacar os aspectos mais relevantes que delineiam a amplitude e o significado dessas ocorrências.

O colapso da Contra-Ofensiva transcende as fronteiras da Ucrânia; é um marco que ecoa nos corredores do poder global. Sua análise meticulosa não apenas nos permite entender os eventos do passado recente, mas também fornece insights preciosos sobre os desafios e as dinâmicas do mundo contemporâneo.

Contra-Ofensiva Estratégica da Ucrânia: Uma Comparação Histórica e Tática

No ápice do verão de 2023, o exército ucraniano desencadeou uma impressionante operação ofensiva, marcando sua presença nas páginas da história militar contemporânea. Longe de ser uma simples contra-ofensiva, a campanha desdobrada pelo exército ucraniano foi uma operação estratégica clássica, meticulosamente planejada e executada.

A Ucrânia, ciente do desafio iminente, montou um colossal agrupamento de quase 160.000 efetivos distribuídos em 110 batalhões. Essa força massiva incluiu 2.100 tanques e veículos blindados, 960 canhões de artilharia de campanha, e uma frota aérea composta por 114 aeronaves. A densidade de fogo alcançada, com até 10 canhões por quilômetro da linha de frente nas direções do ataque principal, dava uma dimensão do poderio destrutivo dessa investida.


Para suportar esse formidável aparato militar, o exército ucraniano acumulou estoques substanciais de munições, ultrapassando meio milhão de projéteis de 155 mm, mais de 150.000 de outros calibres, 560.000 morteiros e 50 mísseis de cruzeiro de precisão "Storm Shadow". Essa capacidade permitiu a execução de até 190 missões de tiro diariamente, conferindo uma notável flexibilidade operacional.

A chamada reserva estratégica, formada com apoio ocidental, adicionou uma camada crucial ao agrupamento, consistindo em 20 grandes unidades de nível de brigada, totalizando 80.700 efetivos. Mais de 60.000 desses soldados receberam treinamento em centros de instrução ocidentais nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Lituânia, Polônia, Eslováquia e República Tcheca. Mais de 45% do pessoal do agrupamento e mais de 75% da reserva estratégica foram treinados de acordo com os padrões da OTAN, destacando a influência e a integração das práticas ocidentais.

Ao lançar um olhar sobre a história militar, a comparação mais imediata remete à "Operação Cidadela", realizada pela Wehrmacht alemã na Batalha de Kursk em 1943. Enquanto os alemães desdobraram cerca de 780.000 efetivos, 2.540 carros de combate, e uma gama impressionante de artilharia e aeronaves, a força ucraniana, em termos de blindados e artilharia, rivalizou com a Wehrmacht, embora com uma menor presença de pessoal e aeronaves.

Disparidade Tecnológica: Uma Evolução Drástica

Uma análise mais aprofundada revela uma disparidade tecnológica notável. Os armamentos contemporâneos ultrapassam em muito seus predecessores. Os carros de combate, anteriormente equipados com canhões de 50 mm, agora ostentam canhões de 120 mm e 125 mm. Obuses de campo, outrora limitados, agora alcançam distâncias de 24 a 30 km.


Esta evolução tecnológica se reflete não apenas na potência de fogo, mas na eficiência operacional. Os militares ucranianos utilizam sistemas de lançamento múltiplo de foguetes HIMARS, Grad, Uragan, e Smerch, sistemas de mísseis balísticos táticos e mísseis de cruzeiro de precisão, conferindo uma versatilidade que ultrapassa em muito as capacidades de 1943.

Objetivos Estratégicos: Paralelos com a História

Os objetivos estratégicos da ofensiva ucraniana em 2023 se assemelham notavelmente à "Operação Cidadela" de 1943. Ambas buscavam uma derrota decisiva do adversário, visando alterar a proporção de forças na frente e criar condições favoráveis para ofensivas subsequentes.

A ofensiva ucraniana mirava na costa do Mar de Azov, buscando interromper a logística entre a Rússia continental e a Crimeia. Esta estratégia, se bem-sucedida, poderia resultar em uma pesada derrota estratégica para o Exército Russo, forçando uma reavaliação de sua posição na região.

Mais do que uma simples operação militar, a ofensiva ucraniana de 2023 possui nuances geopolíticas. Representando um embate indireto entre o Ocidente e os interesses da OTAN na região, contra os interesses da Rússia, que aspira a instaurar uma linha limítrofe entre a OTAN e as suas fronteiras, para muitos sendo interpretado como uma tentativa de expandir a zona sob controle da Rússia, numa espécie de tentativa de se reconstruir o "império" outrora soviético. Esta dimensão geopolítica transforma a ofensiva no embate de interesses que transcende os interesses puramente estratégicos e militares, onde as estratégias militares são inseparáveis dos objetivos geopolíticos.

Em resumo, a ofensiva do exército ucraniano em 2023 não apenas ecoa a história militar, mas a redefine. A "Operação Cidadela 2.0", como alguns a chamam, se destaca como um capítulo atual e dinâmico, onde a tecnologia, a estratégia e os interesses geopolíticos convergem em um palco complexo. Resta aguardar o desenrolar dos eventos, pois o desfecho dessa saga não apenas moldará o futuro da Ucrânia, mas também os equilíbrios de poder em toda a região.

Rússia na Defensiva: Uma Análise Profunda das Estratégias e Contra-Ofensivas

Numa escalada militar sem precedentes desde os dias sombrios da Segunda Guerra Mundial, as forças russas se prepararam meticulosamente para enfrentar uma potencial ofensiva ucraniana. Diante da iminente ameaça, os estrategistas russos traçaram uma linha defensiva que se estendia por mais de 1.000 quilômetros, uma façanha logística e estratégica notável.


O Grupo Conjunto de Forças da Rússia concentrou sua atenção nas direções estratégicas de Zaporozhye, Vremevka e Soledar-Artyomovsk, antecipando o ponto focal do ataque ucraniano. A preparação envolveu a construção de defesas robustas, com foco em grupos de tropas altamente treinados e equipados, apoiados por unidades de artilharia, engenharia e operações especiais.

As defesas russas não se limitaram a uma única linha, mas foram organizadas em duas, e até três camadas defensivas em áreas estratégicas cruciais. O sistema defensivo incluía mais de 3.000 redutos de pelotões, 45.000 abrigos e cerca de 150.000 abrigos para o equipamento. Uma rede de trincheiras antitanque e campos minados foi estabelecida, com uma extensão total de cerca de 2.000 quilômetros de trincheiras e mais de 7.000 quilômetros de campos minados, totalizando aproximadamente 5 milhões de minas.

Além das defesas físicas, o comando militar russo estabeleceu reservas consideráveis, prontas para reforçar as linhas defensivas e lançar contra-ataques estratégicos. Dois exércitos completos, compostos por cerca de 60.000 soldados e uma variedade de veículos de combate, foram mobilizados para esse fim.

A preparação russa não se limitou ao solo; estratégias aéreas abrangentes foram desenvolvidas para enfrentar qualquer desafio. Defesas aéreas em camadas foram estabelecidas, combinando sistemas de mísseis terra-ar e aeronaves de combate das Forças Aeroespaciais Russas, num esforço para garantir a superioridade nos céus sobre as forças ucranianas.


O uso extensivo de guerra eletrônica e a preparação de um amplo estoque de munições indicavam uma preparação abrangente para enfrentar batalhas prolongadas e multifacetadas. O planejamento estratégico da Rússia ecoava os momentos críticos da história militar, enquanto eles se preparavam para enfrentar uma ofensiva desafiadora.

A batalha que se seguiu, repleta de reviravoltas e momentos cruciais, testemunhou a resiliência das defesas russas contra uma ofensiva planejada meticulosamente pela OTAN e os aliados ucranianos. As batalhas se desdobraram em uma dança complexa de estratégias e contramedidas, onde a determinação russa e a sua expertise militar foram postas à prova.

Enquanto o exército ucraniano lançava uma ofensiva ambiciosa, inspirada em estratégias ocidentais e orientada pela OTAN, as defesas russas permaneciam firmes, frustrando os avanços inimigos em todas as frentes. A batalha, mais do que uma simples disputa militar, representava um embate entre o leste e o oeste.


Mesmo diante de pressões políticas e golpes internos, as defesas russas resistiram, mantendo-se firmes contra os avanços inimigos. A "Operação Cidadela 2.0", aclamada como uma contra-ofensiva estratégica, caiu diante da resiliência das defesas russas, aliado a graves falhas na execução da ofensiva, com problemas sérios na organização logística e a falta de táticas adequadas no emprego dos meios disponíveis, o que resultou no golpe significativo para a Ucrânia e seus aliados.

À medida que as batalhas se desenrolavam, a magnitude das perdas ucranianas se tornava evidente. A ofensiva revelou-se uma derrota estratégica, minando a credibilidade das estratégias ucranianas e reforçando a resiliência russa diante de desafios formidáveis.
Desdobramentos Após o Desfecho da Contra-Ofensiva

A Ucrânia enfrenta atualmente implicações militares e políticas substanciais em decorrência do desfecho da "Contra-Ofensiva do Verão de 2023". O revés não pode ser minimizado, representando uma derrota significativa para as forças ucranianas e um custo considerável para os aliados. Entretanto, uma análise mais séria sugere que o impacto negativo pode ser mitigado por perspectivas futuras.


O fracasso da ofensiva ucraniana não apenas resultou em perdas estratégicas, mas também gerou consequências econômicas e políticas substanciais. As sanções sem precedentes contra a Rússia e as enormes transferências de armamentos, que inicialmente visavam fortalecer a posição ucraniana, não produziram os resultados esperados. Este revés, portanto, impôs um fardo considerável à Ucrânia e aos aliados do Ocidente.


Apesar das perdas, é importante considerar que o impacto da Ofensiva pode não ser totalmente desfavorável. A ordem mundial está passando por transformações, com um mudança perceptível do poder antes centralizado no eixo EUA-Europa, agora começa a migrar para o eixo Asiático, isso somado a ascensão de novos blocos e atores no cenário internacional, como a Türkiye, Índia, EAU, e a expansão do BRICS. O que sugere uma redistribuição de influência geopolítica, com várias nações buscando redefinir suas alianças.

Desafios para o Ocidente

A resposta ao revés da operação reflete mudanças nas dinâmicas políticas dos países ocidentais. Movimentos nacionalistas ganham espaço em lugares como Hungria e Eslováquia, enquanto nos Estados Unidos, a luta entre republicanos e democratas intensifica-se. Esses eventos apontam para um período de ajustes e reavaliações no âmbito político do Ocidente, o que pode resultar em mudanças nos rumos dos posicionamentos dos estados europeus como um todo, além das potenciais mudanças na política externa dos EUA em relação as questões internacionais, como é o caso do apoio à Ucrânia.


Apesar do revés militar ucraniano, a Rússia não conseguiu obter ganhos consideráveis, mantendo uma posição praticamente estática, sem muitos avanços nestes dois anos de conflito, buscando consolidar os territórios ocupados, e apesar do desgaste e altos custos que a invasão da Ucrânia tem representado a economia russa e ao seu poderio militar, com milhares de perdas entre suas tropas, sem contar o grande custo tecnológico, com milhares de sistemas destruídos, impondo um ritmo absurdo aos esforços de guerra por sua indústria de defesa, a qual vem buscando apoio de fornecedores como Irã, Coréia do Norte e China, afim de suprir as perdas impostas pelos embargos e sanções, a mesma não demonstra qualquer interesse em reavaliar sua posição e negociar acordos para impor um fim ao conflito.

A Operação Contra-Ofensiva, embora mal-sucedida, não representa o fim do conflito, mas sim uma mudança na estratégia. A possibilidade de novas frentes, introdução de novas estratégias e sistemas de armas, é algo que poderá escalar o conflito a um novo patamar, principalmente com a introdução de novos meios, como é o caso dos caças F-16, mísseis ar-ar BVR e sistemas de defesa aérea aprimorados.

Uma Avaliação Equilibrada

Em resumo, o desfecho da Contra-Ofensiva deve ser interpretado como um revés significativo que impôs custos substanciais à Ucrânia e aos seus aliados. No entanto, uma leitura mais equilibrada sugere que os eventos atuais podem catalisar mudanças na ordem mundial e nas dinâmicas políticas internas, desencadeando um período de redefinição e realinhamento estratégico, o que já se observa com mudanças no comando do Exército Ucraniano e a postura de alguns aliados europeus.


Por Angelo Nicolaci - Editor, Jornalista Especializado em Geopolítica & Defesa, Consultor e Palestrante com domínio em assuntos correlatos a geopolítica, defesa e a base industrial.


Análise contou com duas semanas de intensa pesquisa e leitura de materiais publicados por diversos analistas e especialistas em geopolítica e defesa, me proporcionando uma visão mais ampla e aberta a leitura da Ofensiva ucraniana.

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