sábado, 8 de maio de 2021

Operação Jacarezinho - Uma visão realista que a sociedade e a mídia ignoram


A operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro na favela do Jacarezinho se tornou fonte da maior polêmica. Por quais critérios se pode analisar o sucesso de uma operação policial? Pelo quantitativo de efetivos policiais e logística envolvidos? Pela quantidade de prisões efetuadas? Pela quantidade de armas e drogas apreendidas? Pela desarticulação, temporária ou permanente, dos negócios do grupo criminoso?...

Por certo, sobretudo num país que se diz democrático, não se busca avaliar o sucesso de uma ação pela quantidade de bandidos mortos em combate com as forças de segurança, mas as baixas que foram infringidas às hostes do tráfico não podem ser descartadas como um fator de dissuasão do crime; sobretudo contra uma criminalidade numerosa, violenta, bem armada e que busca legitimar-se como um poder paralelo ao do Estado nos territórios que ela própria estabelece para si. Nos domínios do crime as leis que valem são as deles, aplicadas de forma ditatorial, opressiva e draconiana contra uma população refém, que não ousa reclamar. Os traficantes decidem quem detém a propriedade, quem pode viver no local, quem tem de se mudar (muitas vezes deixando seus pertences para trás), quem vive e quem morre, sem que haja qualquer tipo de contestação, protesto ou questionamento por parte da população. Aliás, quando diferentes facções do narcotráfico brigam pela “posse” de uma comunidade carente, as mortes e os danos ao patrimônio dos pobres moradores jamais são filmados e só muito raramente são reportados às forças de segurança. Os mesmos bandidos que, quando sobrepujados pela polícia vão buscar a colaboração dos moradores aliciados, alardear seu vitimismo frente à violência do estado, cobrando a observância dos “direitos humanos”, impõe o terror em suas áreas e punem com a morte quem quer que ouse os contrariar.

Policiais avançam entre vielas e becos, observe as paredes pichadas por traficantes

Vivemos numa realidade adversa e atípica: em nenhum lugar do mundo encontramos tantos criminosos comuns com armamento militar moderno, com farto suprimento de munições e explosivos, os quais não se desencorajam frente a um arcabouço de leis frouxas e muitíssimo mal aplicadas. Aqui os meliantes há muito não mais hesitam em apontar e disparar contra quem quer que seja, independentemente de seus alvos serem policiais ou civis inocentes. No mundo real, sobretudo quando os criminosos estão “em força”, com suas armas na mão, não existe “ideia”, favor, cortesia, sentido humanitário... só terror para impor a própria vontade!

Arsenal dos criminosos apreendido durante a operação - observe o tipo de armamento empregado contra os policiais no Rio

A verdade é que nossos criminosos, muito bem armados, equipados e por vezes sob o efeito de drogas, só temem a força e a violência que seja superior a sua própria e isso leva a enfrentamentos como o ocorrido no Jacaré. Como demover criminosos armados, como os que atingiram fatalmente o Policial Civil André Frias? Embora muitos “especialistas” consultados pela mídia possam, posteriormente apresentar alternativas e soluções para ações de prisão cirúrgicas e sem danos colaterais, nenhum deles se dispõe a estar lá “na ponta da linha”, sujeitos a pagar com a própria vida os seus equívocos, ou a sofrer as consequências caso as coisas, no cenário tático não se processarem da mesma forma como preconizam em suas eloquentes entrevistas.

André Frias, Policial Civil morto durante o confronto

A nossa polícia está longe de ser isenta de falhas e não acerta sempre; contudo não deve ser maculada quando corre riscos severos e enfrenta aquele arsenal capturado para cumprir sua missão. Nessa conjuntura, quando os criminosos não depõe as armas e se entregam para prisão, eu espero que os policiais não morram e óbito de quem lhes confronta é inevitável em nada me enluta.

Quando proibimos as operações policiais em seus santuários, fortalecemos a condição de nossos narco-traficantes, os quais, infelizmente para nossa sociedade, não desejam abdicar de seus negócios sujos, não se desarmarão, não se deterão ou se renderão, sem sentir a força repressora do Estado.


Por: Vinícius D. Cavalcante é Diretor Regional Sudeste da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança - ABSEG (www.abseg.org.br)


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