sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Atrasos do Gripen revelam miopia e desperdício estratégico de bilhões

O Programa FX-2, responsável pela modernização da frota de caças da Força Aérea Brasileira com 36 unidades do F-39E/F Gripen, tornou-se um exemplo emblemático de falta de visão estratégica e de desperdício orçamentário no Brasil. Previsto inicialmente para concluir todas as entregas ainda em 2025, o programa não conseguiu sequer entregar metade das aeronaves previstas, e agora se projeta até 2032. Com 12 aditivos contratuais e um aumento de custo de 12%, valor suficiente para a aquisição de seis aeronaves adicionais, o FX-2 expõe a fragilidade do planejamento estratégico e a ausência de previsibilidade orçamentária, transformando recursos públicos em gastos ineficientes.

Durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), o Tenente-Brigadeiro do Ar Walcyr Josué de Castilho Araújo, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, foi categórico: a ausência de planejamento financeiro impede que os recursos sejam aplicados de forma racional, obrigando a sucessivos ajustes e reequilíbrios contratuais. Cada aditivo não representa apenas aumento de custo; é menos capacidade de defesa entregue por mais dinheiro gasto, um impacto direto na soberania nacional.

Os efeitos do atraso vão além das planilhas. Cada ano de demora compromete a prontidão operacional da FAB e deixa o espaço aéreo brasileiro mais vulnerável. Em um país continental, com fronteiras extensas e desafios geopolíticos complexos, a demora na entrega de aeronaves modernas representa riscos concretos à segurança nacional. A miopia fiscal e a falta de compromisso com o orçamento de defesa, transformam programas vitais em problemas crônicos, corroendo a eficiência militar e a autonomia tecnológica, aumentando os custos e muitas vezes inviabilizando que se cumpram cronogramas e quantidades previstas inicialmente.

O caso do Gripen evidencia uma falha sistêmica: a miopia orçamentária e a ausência de políticas de Estado para a defesa que aumentam custos, atrasam entregas e desperdiçam recursos públicos. O contingenciamento orçamentário, que tem sido prática recorrente, apenas agrava o problema, elevando ainda mais o custo do programa e impedindo que decisões planejadas possam ser implementadas de forma racional.

Em última análise, cada atraso e cada reajuste no FX-2 representam não apenas ineficiência e desperdício, mas uma oportunidade perdida de fortalecer a defesa do país com o que seria, na prática, seis caças a mais incorporados à frota. O atraso do Gripen é um alerta vermelho: sem planejamento, blindagem orçamentária e compromisso estratégico, o Brasil continuará a pagar caro, em dinheiro, em capacidade e em soberania, pela miopia de governos que tratam a Defesa com falta de prioridade, a colocando em segundo plano.


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