quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Venezuela mobiliza forças e se prepara para guerra de guerrilha diante da presença militar dos EUA no Caribe

A Venezuela iniciou a mobilização de armamentos e tropas em uma estratégia de “resistência prolongada” diante do aumento da presença militar dos Estados Unidos no Caribe. Segundo informações da agência Reuters, o país está preparando um plano de defesa baseado em táticas de guerrilha, reconhecendo internamente a impossibilidade de enfrentar de forma convencional as forças norte-americanas, que enviaram para a região o porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do mundo.

Fontes e documentos obtidos pela Reuters indicam que o governo de Nicolás Maduro tem distribuído equipamentos, muitos deles de fabricação russa e em estado obsoleto, enquanto orienta as unidades militares a se dispersarem e operarem em pequenas células em caso de ataque terrestre ou aéreo. A estratégia, divulgada por meio de transmissões da televisão estatal, prevê ações de sabotagem, emboscadas e o uso de milícias civis em mais de 280 localidades do país.

Apesar das declarações oficiais de Caracas sobre um “desdobramento maciço” de forças navais, aéreas e de mísseis, fontes venezuelanas ouvidas pela agência admitem que as condições das Forças Armadas são críticas. “Não duraríamos nem duas horas em uma guerra convencional”, declarou uma fonte próxima ao governo. Outra, com acesso ao setor de defesa, afirmou que “o país não está preparado para um conflito” e que há unidades militares que dependem de negociações locais com produtores de alimentos para sustentar seus soldados.

Entre os armamentos em operação, destacam-se cerca de 5.000 sistemas antiaéreos portáteis russos 9K338 Igla-S, com alcance de até 6 km e teto de serviço de 3.000 metros, além de mísseis antinavio Kh-31A e caças Su-30MK2V Flanker, recebidos entre 2006 e 2008. No entanto, a maioria dos equipamentos, incluindo tanques e helicópteros, já é considerada tecnologicamente defasada.

Maduro também afirma que cerca de oito milhões de civis estão sendo treinados para defender o país, embora estimativas internas apontem que apenas cerca de 60 mil soldados e guardas nacionais teriam condições reais de atuar em operações de guerrilha. Outros sete mil poderiam ser empregados em ações para “semear o caos” em áreas urbanas, especialmente em Caracas, onde o governo planeja criar focos de resistência e desestabilização em caso de invasão.

A presença do Grupo de Ataque do USS Gerald R. Ford, acompanhado por destróieres equipados com o sistema Aegis e aeronaves F/A-18 Super Hornet, E-2D Hawkeye e E/A-18G Growler, eleva as tensões na região a níveis não vistos desde 1989, quando os EUA invadiram o Panamá. O Comando Sul (SOUTHCOM) justifica o envio das forças como parte de uma operação para combater o narcotráfico e desmantelar organizações criminosas transnacionais.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou recentemente estar disposto a atender pedidos de apoio militar da Venezuela. Além disso, o deputado russo Alexei Zhuravlev, vice-presidente do Comitê de Defesa da Duma Estatal, afirmou que Moscou tem fornecido armas a Caracas e não descartou a possibilidade de transferência do sistema de mísseis balísticos Oreshnik, com alcance intermediário e velocidade hipersônica Mach 10.

Análise geopolítica

A escalada de tensões entre Washington e Caracas representa um novo capítulo na disputa de influência no hemisfério ocidental. A movimentação de forças americanas no Caribe sinaliza uma política de contenção a regimes aliados de Moscou e Pequim na região, ao mesmo tempo em que busca enfraquecer o regime de Nicolás Maduro, que depende fortemente de apoio russo e iraniano.

Para o Brasil, que compartilha uma extensa fronteira com a Venezuela, o cenário acende alertas estratégicos. Uma eventual crise militar poderia gerar fluxos migratórios ainda maiores e instabilidade na fronteira norte, exigindo do país um reforço de presença militar na Amazônia e uma diplomacia equilibrada entre seus parceiros regionais e potências globais.

Além disso, o episódio ressalta a importância da cooperação em defesa entre os países sul-americanos e da manutenção de uma postura independente no cenário internacional, evitando que o continente volte a ser palco de disputas entre potências externas, como ocorria durante a Guerra Fria. O desfecho dessa tensão poderá redefinir os rumos da segurança hemisférica e os limites de influência dos EUA na América Latina.


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