terça-feira, 18 de novembro de 2025

EUA confirmam venda de caças F-35 para a Arábia Saudita e reacendem debates sobre equilíbrio de poder no Oriente Médio

Os Estados Unidos confirmaram a venda de caças furtivos F-35 Lightning II para a Arábia Saudita, em anúncio feito pelo presidente Donald Trump antes de uma reunião na Casa Branca com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. A declaração representa uma inflexão histórica na política de Washington, que durante anos resistiu a fornecer sua aeronave de combate mais avançada ao reino saudita. Segundo Trump, a decisão se baseia na importância estratégica de Riad: “Vamos vender F-35. Eles têm sido um grande aliado.”

A visita de Mohammed bin Salman aos EUA ocorre em meio a tensões acumuladas desde o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018, episódio que marcou profundamente a relação bilateral. Naquele período, a inteligência norte-americana concluiu que o príncipe herdeiro havia aprovado a operação, acusação que ele nega. O caso levou o então presidente Joe Biden, durante seu governo, a classificar a Arábia Saudita como um “pária” internacional, destacando constantemente preocupações com direitos humanos. Apesar disso, Biden visitou o reino em 2022 para tratar de temas estratégicos, mostrando que a cooperação entre as duas nações nunca deixou de ser essencial.

Ainda assim, tanto a administração Biden quanto o primeiro mandato de Trump haviam se posicionado contra a transferência dos F-35 para a Arábia Saudita. A mudança de postura anunciada agora põe fim a anos de resistência e abre caminho para o maior avanço militar saudita em tecnologia de ponta desde as mega compras negociadas em Riad, quando Trump e Mohammed bin Salman fecharam um pacote que incluía até 142 bilhões de dólares em armamentos, dentro de um acordo mais amplo de investimentos estimado em 600 bilhões de dólares.

Apesar do entusiasmo do governo saudita, o anúncio despertou preocupações significativas entre autoridades de defesa norte-americanas e aliados regionais. Um dos receios diz respeito à possível transferência inadvertida de tecnologia sensível para a China, em razão da crescente aproximação estratégica entre Pequim e Riad. Outro ponto sensível envolve Israel, único país do Oriente Médio atualmente autorizado a operar o F-35. A liderança israelense teme que o acesso saudita ao caça furtivo possa afetar a superioridade militar qualitativa garantida pelos EUA há décadas.

O contexto regional também adiciona novas camadas ao debate. A eventual venda dos F-35 pode tornar-se peça chave para que Washington retome o processo de normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel, interrompido após os ataques do grupo terrorista Hamas em outubro de 2023. Com o arrefecimento da ofensiva israelense, surge mais uma vez um ambiente diplomático que remete ao espírito dos Acordos de Abraão, firmados em 2020 entre Israel e países como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos, sob mediação norte-americana.

Esses acordos deram início a um realinhamento histórico no Oriente Médio, abrindo cooperação econômica, tecnológica e de segurança entre Israel e diferentes Estados árabes. No entanto, os palestinos os viram como uma traição à sua causa, e o ataque do Hamas acabou congelando as negociações com Riad. Ao anunciar publicamente sua intenção de vender os F-35 e ao mencionar a retomada das conversas entre sauditas e israelenses, Trump parece apostar novamente na diplomacia baseada em grandes acordos estratégicos e militares.

A oficialização da venda do F-35 à Arábia Saudita, portanto, não é apenas um movimento comercial ou militar. É uma peça central de uma complexa engrenagem geopolítica, capaz de redesenhar alianças, gerar riscos tecnológicos e influenciar diretamente o equilíbrio de poder em uma das regiões mais sensíveis do planeta.


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