terça-feira, 4 de novembro de 2025

Türkiye consolida liderança no mercado global de defesa e se torna referência de expansão estratégica, uma lição valiosa para o Brasil

A Türkiye vem consolidando, de forma acelerada, sua posição entre os principais exportadores globais de produtos de defesa, transformando-se em um ator influente no cenário geopolítico e industrial. Um relatório oficial do Ministério da Defesa da França, apresentado ao Parlamento como parte do balanço das exportações de armas de 2025, destacou que o mercado internacional passou por uma transformação significativa e que Ancara desponta como uma das protagonistas dessa mudança.

Segundo o documento, além de tradicionais potências como Estados Unidos, Rússia, França e Alemanha, novos competidores emergiram com força na última década, entre eles China, Coreia do Sul e, com destaque especial, a Türkiye. O país investiu de maneira consistente em desenvolvimento tecnológico, autonomia industrial e parcerias estratégicas, ampliando sua presença global e conquistando mercados antes dominados pelo Ocidente.

Uma ascensão construída com planejamento e inovação

De acordo com o relatório, a Türkiye foi o país que apresentou “alguns dos progressos mais impressionantes entre os dez maiores exportadores globais na última década”. Esse desempenho se deve a um planejamento industrial contínuo, fortalecimento de empresas nacionais e políticas de incentivo governamental orientadas para independência tecnológica e competitividade internacional.

O documento ressalta que a indústria turca alcançou um novo recorde em 2024, com um crescimento expressivo de 80% nas exportações de produtos de defesa em comparação com 2023. Um dos principais impulsionadores desse avanço foi o setor de veículos aéreos não tripulados (VANTs), que se tornou uma vitrine da capacidade tecnológica do país, especialmente com o sucesso global de sistemas como o Bayraktar TB2 e o Akıncı.

Além disso, o relatório apontou que o crescimento da Türkiye está ligado a uma estratégia de diversificação de exportações e abertura de novos mercados. O país deixou de atuar apenas em regiões próximas para ampliar sua presença em países da África, Ásia, Oriente Médio, Europa e até mesmo na OTAN, fornecendo soluções competitivas em custo, alta eficiência operacional e independência de insumos estrangeiros.

Mais do que vendas: projeção internacional e influência geopolítica

O sucesso industrial não trouxe apenas resultados econômicos, mas elevou o papel da Türkiye no tabuleiro geopolítico mundial. A capacidade de exportar sistemas modernos de defesa fortaleceu alianças estratégicas, ampliou a diplomacia de defesa turca e reforçou sua influência em conflitos e negociações internacionais.

Ao exportar tecnologias avançadas, a Türkiye passou a integrar acordos de cooperação, transferência de tecnologia e produção conjunta, criando um ecossistema que dinamiza sua economia e gera empregos altamente qualificados.

O exemplo para o Brasil: defesa como vetor de desenvolvimento e soberania

O caso da Türkiye oferece um paralelo importante para o Brasil, que possui histórico de potencial industrial de defesa, mas com ciclos de descontinuidade, baixo investimento e fragilidade em políticas de longo prazo. A experiência turca demonstra que um país pode transformar sua indústria bélica em motor econômico e também em instrumento de projeção estratégica, soberania e geração de divisas.

Assim como Ancara fez nas últimas duas décadas, com foco contínuo em inovação, autonomia, investimentos públicos e participação ativa da iniciativa privada, o Brasil poderia consolidar sua própria indústria, tornando-a menos dependente de fornecedores estrangeiros, mais competitiva internacionalmente e capaz de trazer retorno econômico substancial ao país.

A defesa, quando tratada como política de Estado e não de governo, transforma-se em um dos pilares para geração de tecnologia, empregos, exportações e fortalecimento da posição do país no mundo. O avanço da Türkiye mostra, de forma clara, que aqueles que investem de forma consistente colhem resultados econômicos, estratégicos e diplomáticos.

E o Brasil tem capacidade para trilhar o mesmo caminho.


por Angelo Nicolaci


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