O Grupo de Ataque do Porta-Aviões USS Gerald R. Ford, liderado pelo maior porta-aviões do mundo, entrou na área de responsabilidade do Comando Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM AOR) em 11 de novembro. O destacamento segue uma ordem do Secretário de Guerra, Pete Hegseth, para apoiar a diretiva do Presidente americano de desmantelar organizações criminosas transnacionais e combater o narcoterrorismo em defesa da segurança nacional.
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, afirmou que o aumento da presença militar dos EUA na área de responsabilidade do Comando Sul “fortalecerá a capacidade americana de detectar, monitorar e interromper agentes e atividades ilícitas que comprometem a segurança e a prosperidade do território dos Estados Unidos e nossa segurança no Hemisfério Ocidental”. Segundo ele, as forças destacadas “ampliarão as capacidades existentes para interromper o tráfico de narcóticos e enfraquecer redes criminosas transnacionais”.
Com capacidade para mais de 4.000 tripulantes e dezenas de aeronaves táticas, o USS Gerald R. Ford oferece aos comandantes de combate dos EUA meios para conduzir operações sustentadas no mar. Primeiro porta-aviões de sua classe, ele pode lançar e recuperar aeronaves de asa fixa 24 horas por dia, em apoio direto a tarefas operacionais.
O grupo de ataque se junta a outras forças conjuntas já estacionadas na região, incluindo o Grupo Anfíbio de Prontidão do USS Iwo Jima e sua Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais. Essas forças operam sob uma Força-Tarefa Conjunta criada para desmantelar redes criminosas que exploram fronteiras compartilhadas e rotas marítimas da América Latina e do Caribe.
“Por meio de um compromisso inabalável e do uso preciso de nossas forças, estamos prontos para combater as ameaças transnacionais que buscam desestabilizar nossa região”, declarou o Almirante Alvin Holsey, Comandante do Comando Sul (SOUTHCOM). “O destacamento do Grupo de Ataque do Porta-Aviões USS Gerald R. Ford representa um passo crucial para reforçar nossa determinação em proteger a segurança do Hemisfério Ocidental e do território americano.”
A área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA (USSOUTHCOM) abrange 31 países e 12 dependências e territórios na América Latina, no Caribe e águas adjacentes, representando cerca de um sexto da massa terrestre supervisionada por comandos regionais unificados.
Análise geopolítica: impacto e implicações para o Brasil e a região
A movimentação do Grupo de Ataque do USS Gerald R. Ford para a área do SOUTHCOM é mais do que uma operação de combate ao narcotráfico, trata-se de um gesto estratégico que reafirma a presença e a influência dos Estados Unidos na América Latina. Ao deslocar seu mais avançado grupo de ataque para a região, Washington envia uma mensagem clara sobre seu interesse em manter estabilidade e influência em um espaço que historicamente considera parte de sua esfera de segurança.
Do ponto de vista geopolítico, o gesto também pode ser interpretado como uma resposta indireta à crescente presença de outros atores, como China, Rússia e Irã, que vêm ampliando suas relações econômicas e militares com países latino-americanos. Nesse contexto, o reforço das operações marítimas norte-americanas busca não apenas combater o tráfico de drogas, mas também reafirmar a supremacia dos EUA sobre rotas estratégicas e zonas de influência marítima no Atlântico Sul e no Caribe.
Para o Brasil, maior potência regional e país de destaque na América do Sul, essa movimentação tem duplo impacto. Por um lado, reforça a importância da cooperação em segurança marítima e no combate a ilícitos transnacionais, áreas nas quais a Marinha do Brasil tem buscado ampliar sua atuação, o é um ponto para destacar a necessidade de fortalecimento da Esquadra brasileira e da capacidade de vigilância da Amazônia Azul. Por outro, acende um alerta sobre o aumento da militarização regional e o risco de tensões decorrentes da presença ampliada de forças externas em águas próximas.
A atuação norte-americana na área do SOUTHCOM, com meios de grande projeção de poder como o USS Gerald R. Ford, demonstra que a América Latina, e especialmente o Atlântico Sul, voltam a ocupar um papel relevante na estratégia global dos Estados Unidos. Nesse cenário, o Brasil terá de equilibrar sua política externa soberana com a necessidade de preservar a estabilidade regional e sua própria capacidade de defesa, sem abrir mão do protagonismo diplomático que historicamente o caracteriza.
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