sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Caças indianos Su-30MKI chegam à França para exercício bilateral

A Base Aérea de Mont-de-Marsan, no sudoeste da França, recebeu nesta semana um contingente da Força Aérea Indiana (IAF) para a realização de um exercício aéreo bilateral com a Força Aérea e Espacial Francesa (FASF). A atividade, que ocorre entre 16 e 27 de novembro, reúne aeronaves de alto desempenho e coloca lado a lado dois parceiros estratégicos que ampliam, ano após ano, a cooperação em defesa.

A Índia deslocou seus caças Sukhoi Su-30MKI, versões amplamente modernizadas e customizadas para as necessidades indianas, acompanhados de um IL-78, aeronave de reabastecimento em voo e transporte logístico. No lado francês, os caças Rafale, plataforma que também compõe o inventário indiano, representam o núcleo da força oponente e cooperante no treinamento.

De acordo com informações oficiais, o exercício prevê cenários de combate simulado, missões avançadas de coordenação tática, além de treinamentos de prontidão e interoperabilidade entre as duas forças aéreas. Trata-se de mais um passo na consolidação de uma parceria que tem se fortalecido tanto no âmbito operacional quanto no campo industrial.

Um exercício militar com relevância estratégica ampliada

Para além do valor técnico e operacional imediato, o treinamento deste ano assume especial relevância no atual contexto geopolítico. Ao operar diretamente com os Su-30MKI, a França obtém uma rara oportunidade de observar e compreender melhor uma aeronave derivada do projeto russo Su-30, plataforma que embora adaptada pela Índia, mantém muitas características estruturais e de performance presentes nas versões empregadas pela própria Força Aeroespacial da Rússia.

Esse tipo de interação oferece aos franceses, e por extensão aos aliados europeus, a chance de testar táticas de engajamento, avaliar assinaturas, rotinas de manobra e potenciais envelopes de operação de um caça pesado que compõe o núcleo da aviação de combate russa. Em um momento de tensão crescente entre Europa e Rússia, essa experiência prática, ainda que em ambiente de treinamento e dentro de uma cooperação legítima com um parceiro estratégico como a Índia, traz elementos valiosos para análises de doutrina, desempenho e cenários futuros.

Interoperabilidade e fortalecimento bilateral

Para a Índia, o exercício reforça sua política de diversificação de parcerias e amplia a capacidade de operar conjuntamente tanto com plataformas ocidentais, como o Rafale, quanto com aeronaves de origem russa. A integração entre diferentes sistemas de armas é um pilar da doutrina indiana, que busca flexibilidade operacional e capacidade de responder a múltiplos vetores de ameaça, especialmente no Indo-Pacífico.

Já para a França, o treinamento fortalece laços com um dos países mais influentes da Eurásia e com uma das maiores forças aéreas do mundo, que tem expandido sua presença em exercícios internacionais. Também reforça o posicionamento francês como fornecedor de tecnologia avançada e parceiro estratégico de longo prazo.

Cooperação que vai além do exercício

França e Índia mantêm, há décadas, uma relação de defesa que inclui transferência de tecnologia, aquisição de aeronaves e cooperação industrial, com destaque para a compra indiana do Rafale e discussões contínuas sobre expansão de programas conjuntos. Os exercícios bilaterais reforçam esse arcabouço, permitindo que as forças de ambos os países desenvolvam conceitos, táticas e procedimentos que ampliam a prontidão e a confiança mútua.

No cenário atual, essa cooperação ganha contornos ainda mais estratégicos, oferecendo à França uma oportunidade singular de analisar, de forma indireta e plenamente legítima, a performance de uma aeronave cuja gênese está no coração da indústria de defesa russa, enquanto a Índia demonstra sua capacidade de projetar poder aéreo e aprofundar parcerias com diversos atores globais.

Com um cronograma intenso previsto até 27 de novembro, o exercício promete gerar lições importantes para ambos os lados, reforçando a relevância crescente da cooperação franco-indiana em um mundo onde a superioridade aérea e o entendimento técnico de plataformas adversárias se tornam cada vez mais determinantes.


por Angelo Nicolaci


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