A Base Naval de Aratu, em Salvador, se tornou o epicentro da inovação marítima e tecnológica brasileira ao sediar, até esta sexta-feira (14), a primeira edição do ARAMUSS-2025 (Aratu Maritime Unmanned Systems Simulation). O evento pioneiro da Marinha do Brasil (MB), promovido pelo Comando do 2º Distrito Naval, reúne autoridades, especialistas e representantes da indústria e da academia para testar, em condições reais, tecnologias não tripuladas aplicadas ao ambiente marinho, aéreo e subaquático, com foco em inteligência artificial, robótica e contramedidas de minagem.
Para o Comandante do 2º Distrito Naval, Vice-Almirante Gustavo Calero Garriga Pires, o evento marca uma virada na história da atuação naval brasileira. “Muitos de nós ainda acham que isso é ficção, mas trata-se da nossa nova realidade. É um marco na transformação da atuação naval brasileira”, afirmou o oficial durante a abertura do ARAMUSS, destacando que a iniciativa coloca o Brasil na rota global de inovação em defesa e operações marítimas.
O evento foi aberto ao público, promovendo a integração entre as Forças Armadas e a sociedade civil. Entre os visitantes, estava a estudante de Relações Internacionais Jennifer Aryane Dantas, de 19 anos, que destacou o caráter inovador do encontro. “Como alguém interessada em geopolítica, logística e tecnologia, decidi vir para conhecer de perto essas inovações. Está sendo uma experiência incrível”, disse. A professora Yohana Costa Freire, de 35 anos, levou o filho de oito anos para despertar o interesse pela ciência. “É essencial que as crianças aprendam desde cedo que a tecnologia move o mundo”, comentou.
O ARAMUSS-2025 reúne 24 expositores, nove universidades e representantes de cinco países, Chile, França, Peru, Estados Unidos e Portugal, além de participantes de 18 estados brasileiros. Entre os nomes de destaque estão empresas como Emgepron, Tidewise, Kongsberg, Exail, Grupo Edge, Fugro Brazil, BRS Robótica e Xmobots, que apresentam soluções em sensores, veículos autônomos e sistemas de monitoramento.
A participação das universidades é um dos pilares do evento. A Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), a Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e o Instituto Federal Baiano (IF Baiano) levaram projetos e pesquisas em desenvolvimento. Para o coordenador do Grupo de Pesquisa de Geografia Marinha da Bahia, José Rodrigues de Souza Filho, a iniciativa é um salto para o futuro. “Esses sistemas não tripulados vão impulsionar pesquisas e gerar novas oportunidades de negócios e empregos. É um avanço que impacta diretamente na formação dos nossos alunos”, afirmou.
Entre os projetos em exposição, chamaram atenção três protótipos desenvolvidos por 15 estudantes do Centro Estadual de Educação, Inovação e Formação Mãe Stella (CEEINFOR), do bairro do Cabula, em Salvador. Produzidos com peças de Lego, os modelos incluem um submarino com câmera para observação de mangues, um carro para recolhimento de lixo na areia e um barco para limpeza da superfície do mar, exemplos do potencial educativo e ambiental da robótica.
A programação do ARAMUSS-2025 se estendeu durante toda a semana. O primeiro dia foi dedicado à recepção das delegações; o segundo contou com exposições, demonstrações e palestras abertas ao público. Nos dias 12 e 13, foram realizadas simulações embarcadas exclusivas para expositores e convidados, com testes operacionais a bordo de navios da Marinha. O evento encerra com uma mesa-redonda sobre resultados e perspectivas futuras.
Logo após o encerramento, a Marinha dará início à MINEX-25, o tradicional exercício de Guerra de Minas, que utilizará parte das tecnologias apresentadas durante o ARAMUSS, consolidando a integração entre pesquisa e aplicação operacional.
A escolha de Salvador como sede reforça a vocação marítima e a importância estratégica da Bahia para a defesa nacional. Situada na Baía de Todos-os-Santos, a Base Naval de Aratu oferece condições ideais para simulações em ambiente real. “Realizar este evento em Salvador é unir inovação e história. A Bahia tem vocação marítima e, agora, se torna referência em tecnologia de defesa”, ressaltou o Vice-Almirante Garriga Pires.
O evento conta com apoio da Prefeitura de Salvador, do Governo do Estado da Bahia, da Codeba, da Praticagem de Salvador, da Associação Náutica da Bahia, da Submariner e da Soamar. Entre as autoridades presentes, estiveram o Vice-Governador da Bahia, Geraldo Júnior, e a Vice-Prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, que destacou o orgulho da cidade em sediar o evento. “É muito bom ver tecnologias sendo aplicadas em prol da defesa e do futuro do país. Marinha, contem com Salvador, que Salvador conta com vocês”, declarou.
Inspirada na experiência portuguesa “REPMUS”, referência internacional na área, a ARAMUSS-2025 contou com a presença do Capitão de Fragata Marco Paulo Pinto Guimarães, Diretor da Célula de Inovação e Experimentação de Sistemas Não Tripulados da Marinha Portuguesa. “É um privilégio compartilhar nossa experiência e fortalecer esse intercâmbio entre as Marinhas de Portugal e do Brasil. Somos unidos por este oceano e pelo mesmo espírito de inovação”, afirmou.
Mais do que uma mostra tecnológica, o ARAMUSS-2025 consolida o compromisso da Marinha do Brasil com a inovação, a sustentabilidade e o avanço científico. Ao apostar na integração entre tecnologia, defesa e meio ambiente, a Força Naval reforça sua atuação na proteção da Amazônia Azul, o vasto território marítimo que concentra grande parte das riquezas naturais do país, e posiciona o Brasil entre os protagonistas globais na utilização de sistemas não tripulados e soluções autônomas no domínio marítimo.
GBN Defense - A informação começa aqui
com Marinha do Brasil









.jpg)


0 comentários:
Postar um comentário